Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

sábado, julho 31, 2004

(121) A Refundação da Democracia


MMMééééé Posted by Hello

Este é um assunto particularmente sério. O que se passa com a nossa Democracia? O que a tornou tão doente e moribunda? Pior, porque é que não fazemos nada para alterar o estado da Democracia? Estas perguntas precisam de respostas com a máxima urgência.

Em Portugal elege-se nas eleições legislativas deputados. Esses deputados vão representar os cidadãos que os elegeram ou, numa visão mais global, a nossa vontade nas decisões legislativas. Por sua vez estes deputados, organizados em partidos, indicam um Primeiro Ministro. Aqui surge a primeira perversão da nossa Democracia, os cidadãos raramente estão a votar num deputado mas sim nos potenciais primeiros ministros. Os partidos nãp promovem os potenciais deputados mas sim os seus secretários gerais. A maioria dos cidadãos nem sabe qual é o deputado a ser eleito na sua região, mas sabe quem quer como primeiro ministro. Por sua vez o Presidente da República, no nosso regime Semi-Presidencialista, também tem legitimidade popular e nomeia o Primeiro Ministro.

Constitucionalmente elegemos os nossos representantes. Como estes nunca mais nos vão pedir opiniões, são eleitos com base num programa cheio de frases mobilizadoras e com pouco conteúdo. Uma vez eleitos os deputados parecem não ter vontade própria, não representam nem o país nem uma região, são os representantes dum partido. É mais comum haver disciplina de voto do que um deputado entre centenas votar contra um projecto de lei do seu próprio partido. O programa de Governo é defendido onde isso traz reais vantagens ao Partido, e é ignorado na maior parte das vezes.

E quando surge algo não previsto no Programa de Governo? Como já não há legitimidade popular (ou se há não tão forte!) os deputados, como nossos representantes, devem achar muito trabalhoso recolher opiniões junto dos cidadãos que os elegeram e tomam a decisão por eles sem qualquer tipo de consulta. E se a maioria dos cidadãos não se reveêm nas decisões dos seus representantes, que escolheram não os consultar? Azar, castiguem-nos nas próximas eleições. O mal está feito, os cidadãos discordam dos seus representantes e votam noutro partido. Esse outro partido faz o mesmo e ignora a vontade dos seus cidadãos. Com tanto azar surge o desinteresse e a descredibilização. Não é de estranhar que os lobbies consigam os seus objectivos de longo prazo, já que no dia seguinte às eleições o poder volta-lhes às mãos por mais quatro anos.

E se, a meio do mandato, o Primeiro Ministro vai cumprir uma missão de sacrifício pela Nação e abandona o cargo? Aí os nossos representantes elegem um novo Primeiro-Ministro. Afinal o anterior nem dominava os cartazes desse partido, quem aparecia eram os deputados. Esse Primeiro Ministro tem que respeitar o "tal" programa de Governo que já ninguém sabe o que defendia mas rejeita, logo após o primeiro Conselho de Ministros, aceitar ter de responder pelo Governo anterior.

Passados quatro anos onde é que nós fomos ouvidos? Que peso tivemos nas decisões? Voltamos a votar, castigamos e recompensamos! Os novos representantes voltam a não cumprir o que prometem e a fazer tudo ao contrário do que defenderam. O que nos resta fazer? Dizer, foda-se, para quê votar?! Eu só pergunto se a nossa democracia está tão doente e se os partidos já não respondem aos novos desafios porque é que não damos um murro na mesa? Não é covardia, é apatia. Resta saber o que nos está a tornar tão apáticos, o que está a fazer baixar as nossas expectativas quando ainda há 30 anos lutávamos por tudo e por nada.

Refundação da Democracia já! O problema não está no Regime Político (todas as Democracias Mundiais estão numa crise)! O problema está num modelo de sociedade que nos está a adormecer, a estupidificar. Aproxima-se uma Revolução, pessoas em todo o mundo querem gritar e serem ouvidas.

quinta-feira, julho 29, 2004

(120) O EURO


Os Velhos Euros (Para aumentar de tamanho clique sobre a imagem) Posted by Hello

O EURO! Uma verdadeira Revolução na Europa (historicamente falando) que é tudo menos consensual! O conceito de Moeda Única não é novo e não é uma varinha mágica. Já houve várias tentativas de introduzir na Europa, ou em blocos na Europa, uma Moeda Única. Mas nunca fomos tão longe! O facto de termos chegado aqui diz muito do trabalho que já foi feito na União Europeia.

A Moeda Única, pelo menos em teoria, é benéfica para o Comércio Internacional, para evitar especulação excessiva sobre os câmbios e para credibilizar as moedas. Também em teoria cria inconvenientes, sobre os Preços, sobre a competitividade de zonas mais atrasadas e exige muito mais rigor orçamental. Não é uma varinha mágica, cria oportunidades e desafios. Mas se não houvesse vantagem em ter Moedas Únicas cada país poderia ter mais de uma moeda! Mas há vantagens!

Onde surgem os problemas? Nos mecanismos de controlo das taxas de inflação, na convergência e nos choques assimétricos. É aqui que a União Europeia tem falhado. O Pacto de Estabilidade e Crescimento é essencial mas as suas prioridades deviam ser outras, em vez de controlar o Défice Orçamental como um todo devia controlar era o Défice Corrente Primário. Devia também ser mais flexível nas recessões e permitir mais investimento aos países que ainda estão em processo de convergência. Quanto aos Choques Assimétricos estes não devem ser combatidos com políticas globais europeias mas sim com políticas nacionais. Para isso ser possível a UE devia fazer uma de duas coisas, ou deixar os Governos Nacionais combaterem estes fenómenos com políticas próprias e margem orçamental ou a própria União Europeia ter mais margem financeira para promover a coesão. Defendo mais este segundo caminho para garantir políticas coerentes menos permeáveis a lobbies locais.

Já as vantagens são óbvias porque hoje é muito mais fácil fazer Comércio Inter-Comunitário, é muito mais fácil deslocarmo-nos pela Europa e muito mais fácil as empresas criarem sinergias. Mas estes fenómenos não são líquidos para países como Portugal porque exigem um esforço de competitividade muito maior. E é aí que os nossos empresários (com a excepção do sector financeiro e algumas empresas) não têm conseguido dar o salto qualitativo. Habituados a políticas proteccionistas desastrosas para os contribuintes e à subsídio-dependência não conseguem diminuir a aversão ao risco (num estudo internacional Portugal está colocado nos primeiros lugares dos países com empresários mais aversos ao risco). Ninguém (ou uma pequena percentagem) investe, por exemplo, na eco-eficiência, nas energias renováveis, na inovação e até a Formação dos Recursos Humanos está muito aquém doutros países Europeus.

O EURO é uma oportunidade e um desafio, os seus benefícios não são "favas contadas". É preciso muito trabalho, em Portugal e na União Europeia!

(119) Comentários finais a Praga


Praga novamente... Posted by Hello

Termino os comentários à cidade de Praga! Muito fica por dizer mas este não é o local próprio para comentários exaustivos.

Aconselho vivamente uma visita a Praga. Todas as passagens pelo estrangeiro abrem horizontes e revelam pontos de vista diferentes.

Se noutros locais encontrei o moderno a viver em harmonia com o velho nesta cidade me parece que a evolução para uma sociedade preparada para os tempos actuais ainda está atrasada. Mas já há sinais evidentes. Uma pergunta que fiz foi o que esperam da União Europeia e a resposta mais comum é dinheiro e oportunidades de emigração. Não é uma visão que me deixe reconfortado, mas notei que a União Europeia também, e para já, não vai servir de bode expiatório para o que corre mal. Já aqui reforcei a ideia que é necessário mais investimento na coesão Europeia, a convergência é essencial.

Quando a Eslováquia e a República Checa deixaram de ser a Checoslováquia os actuais Checos não se importaram muito. A Eslováquia culpava a actual República Checa de tudo de mal que lhes acontecia, depois descobriram que sozinhos os problemas continuavam lá ou até se agravavam. A República Checa, por outro lado, tinha a noção que os Eslovacos estavam bem mais atrasados. Espero que muitos países europeus não tenham de sair da União Europeia para descobrirem que realmente a união faz a força (não pode é ser qualquer união).

Volto agora aos comentários habituais deste Blog, sobre política e economia salpicada com outros tópicos. Com a mesma agressividade porque os tempos que correm a isso obrigam. Desconfio é que a desilusão quanto à política nacional e ao estado da Democracia no mundo vão levar-me ou ao desinteresse ou a uma ainda maior revolta. Vamos ver...

segunda-feira, julho 26, 2004

(118) Bairro Judeu


Bairro Judeu Posted by Hello

Um dos pontos obrigatórios a visitar em Praga é o Bairro Judeu. Mas porquê obrigatório? Porque os livros o sugerem?

Não posso dizer que não hajam locais interessantes a visitar mas a sensação final é que estou a ser explorado. Passo a explicar! O essencial da visita resume-se ao cemitério e a vários memoriais. Parece-me consensual que este tipo de monumentos tem um objectivo, recordar e não esquecer. Então como explicar que, de longe, os bilhetes para a visita a estes locais tenham sido os mais caros de todos os locais visitados em Praga? Como explicar que, para prestar homenagem a quem morreu, que para observar o que aconteceu e que para ter consciência da quantidade de nomes inscritos nas paredes tenhamos que pagar um valor absolutamente impensável?

Não estou a tentar convencer alguém a não visitar o Bairro Judeu, mas quero deixar bem claro que este tipo de exploração revolta os visitantes. Ainda por cima tudo se encontra reconstruído graças a várias Fundações Americanas, não podendo ser usada a justificação de que necessitam de dinheiro para a reconstrução. Disse!

domingo, julho 25, 2004

(117) A decadente Nobreza Europeia


Castelo Sternberk Posted by Hello

Praga é uma cidade que se consegue visitar relativamente depressa. Depois resta explorar os arredores. Fui ao Castelo Sternberk.

Convém referir o caricato da situação. O castelo pertence à família Sternberk há vários séculos onde já teve tempos de glória. Só não pertenceu quando foi nacionalizado durante o regime Soviético. Mesmo assim um dos membros da família lá ficou como guia. Depois da Revolução de Veludo o castelo foi devolvido à já decadente família.

Como velhos hábitos não se perdem ocuparam dois andares do castelo e disponibilizam um para as visitas com algumas interessantes peças da família que hoje em dia já não lhes eram úteis. Esta decadente nobreza vive das visitas dos plebeus que ainda, como sempre, vão alimentando a família com os seus modestos contributos. A parte mais bonita do castelo não pode ser visitada.

Só posso chegar a uma conclusão. Será realmente justo devolver este tipo de bens às falidas famílias que não as sabem nem preservar nem as disponibilizar com interesse? Ou seria melhor simplesmente indemnizar e garantir que todos possam visitar estes castelos totalmente? Só sei uma coisa! É por situações como estas que os Americanos gabam-se que podem chegar à Europa e comprar em saldos um castelito. Disse!

sábado, julho 24, 2004

(116) Praga à Noite




Marquis de Sade Posted by Hello

Depois da visita ao clube de Jazz desloquei a minha atenção à noite Boémia de Praga. Na Tasca Boémia "Marquis de Sade". Sem comentários!

sexta-feira, julho 23, 2004

(115) "O Covil", Franz Kafka




O Covil Posted by Hello

Para compreender Praga através de Kafka ou para analisar Kafka através de Praga. Para quem leu "O Covil" antes de visitar Praga, como é o meu caso, nada melhor que visitar o
Jazz&Blues Club U Malého Glena. O ambiente está lá, uma gruta "protegida" do mundo exterior onde a expressão "clandestinidade claustrofóbica" ganha sentido! É um ponto de partida para perceber o ambiente da cidade, o ritmo do alternativo! É o balão de ensaio da outra Praga, aquela que não é turística, aquela que é original, própria duma mentalidade. Tudo regado com a cerveja que tem o efeito do absinto porque num covil estamos. Na Boémia de Praga!

Nos labirintos Kafkianos de Praga o medo instala-se! O medo da sociedade engolir as paranoias da mente e nos transformar em homens comuns! Prende-se com o dilema existencial e de sentimentos... é o andar atrás de nós próprios, da nossa razão, do nosso sentir e quando nos encontramos nunca sabemos se somos nós...

(114) Avaliação do Turismo em Praga


Praga (Para aumentar de tamanho clique sobre a imagem) Posted by Hello

Começo com uma provocação ao "Raio" (Cabalas)! Ao ser um membro da União Europeia a República Checa torna-se ainda mais acessível a turistas provenientes da mesma União. O Bilhete de Identidade é o único documento necessário para entrar e circular neste país. Nada de passaportes, vistos ou autorizações. É só pena que ainda não tenha aderido ao EURO já que não há nada pior para um turista do que entrar numa verdadeira corrida pela melhor conversão da moeda. A especulação é tanta que torna-se desagradável a conversão de Euros por Coroas Checas. Daqui a uns anos acaba-se mais este pesadelo que é trocar moedas numa cidade turística.

A beleza de Praga é inquestionável mas a qualidade dos serviços de turismo é que já é bem questionável. Passo a explicar! A maioria dos funcionários que lidam directamente com os turistas não falam Inglês e muitos desconhecem uma segunda língua (o Alemão é a segunda língua mais falada). A juntar a este problema de comunicação fiquei com a impressão que, para além do que estão especificamente contratados para fazer, são pouco acessíveis a perguntas adicionais. Esta é a regra, há excepções bem agradáveis. Concluo que a imponência da cidade é um seguro contra a falta de simpatia (não antipatia) e que a herança soviética de trabalho garantido não criou uma mentalidade de excelência.

Há um certo amadorismo no turismo! Exemplifico. No Convento de São Jorge (imponente e magnífico) durante todo o tempo da minha visita (mais de trinta minutos) um aspirador e um espanador de pó estavam jogados sobre o altar. Depois nem os funcionários nem as obras davam ou tinham informação em língua estrangeira. Só há um esforço em garantir a comunicação com o turista onde o retorno é imediato, onde as receitas ficam em jogo.

A rede de Transportes Públicos é bastante boa e eficaz apesar de já se notar uma certa degradação nos veículos e nas simples estações. Foi uma boa herança do Regime Soviético. O problema começa no horário de funcionamento, mesmo no Verão. Aí entram em acção os verdadeiros vampiros de Praga, os taxistas. Sem sentirem necessidade de usar o taxímetro negoceiam a seu belo prazer as tarifas sem interferência visível das autoridades (que só me pareceram implacáveis, e bem!, no estacionamento ilegal). Depois de mais uma das "estranhas" noites de Praga estava a vinte minutos (a pé) do hotel. Devido ao cansaço geral e à fraca iluminação do trajecto recorremos aos táxis. O primeiro taxista, após negociação prévia, sugeriu 20€ (quase 600 Coroas Checas). Inaceitável! Atravessamos a ponte e agora o percurso até ao hotel a pé era de 15 minutos. Novo táxi, novo preço. Já eram 10€ (300 Coroas). Nem pensar! A questão já não era monetária, era um roubo! Decidimos ir a pé mas tivemos de voltar ao mesmo local já que as ruas estavam desertas e escuras. No mesmo local outro taxista sugeriu 250 Coroas (8€). Engoli um sapo e lá entramos. Mesmo com o preço combinado o taxista deu a volta a Praga já que nas ruas principais podia ter polícia. A 2 minutos do hotel demoramos 10 minutos a lá chegar. Fiquei nervoso, de raiva não de medo pelas voltas em sítios inóspidos que ele deu. É um acontecimento normal em Praga. Inaceitável!

Se um dia a cidade não souber envelhecer e perder o seu encanto vai-se arrepender de ter confiado em demasia na sua beleza arquitectónica. Mas nada vai apagar o impacto que esta cidade já teve na minha vida.

quarta-feira, julho 21, 2004

(113) O Filho do 25 de Abril retorna a Portugal

 




Praga (Para aumentar de tamanho clique sobre a imagem)  Posted by Hello

Estive em Praga! Nos próximos dias vou expôr fragmentos da viagem. Só aqueles que eu acho que devem estar expostos aos olhares curiosos dos cibernautas. Vou compilar algumas opiniões e constatações.

Para já um breve retrato da minha visão de Praga. Indiscutível a sua beleza, surrealista o seu ambiente, uma cidade onde as distâncias são ilusões. À primeira vista parece ser uma cidade à escala europeia muito devido aos incontáveis pontos de interesse mas afinal tudo é perto. A beleza forma uma corrente que nos faz acreditar que é impossível existir uma tão grande concentração de lugares de excepção. Continua...

segunda-feira, julho 12, 2004

(112) Férias

Este Blog e o seu fiel dono entram de férias! Saio de Portugal num estado de perfeita tranquilidade. É que sei que quando regressar Portugal não vai estar pior. É impossível!

O Filho do 25 de Abril regressa em breve com mais opiniões!

domingo, julho 11, 2004

(111) Apatia

Hoje sinto-me, para variar um pouco, optimista. Optimista até em relação ao futuro deste país onde vivemos o que significa que tomei uma dose forte de alucinogénicos hoje. E qual é a razão deste optimismo? Não sei, seria o mesmo que tentar investigar qual é o sentido da vida ou o sexo dos anjos.

Se temos um património humano riquíssimo a todos os níveis porque não haveremos de ser os melhores um dia? Temos pessoas inteligentes, bem formadas, com boa capacidade de trabalho, enfim!, temos a capacidade de estarmos entre os melhores.

Então porque é que não estamos? É a porra da apatia! É a nossa mentalidade, somos por natureza apáticos e nostálgicos. Falta-nos a capacidade de cortar com o passado sem olhar para trás. Quando tentamos mudar o passado comportamo-nos como se fosse um crime horrendo, como se estivessemos a matar familiares, a esfaquear a nossa própria mãe.

O problema é que a apatia é contagiosa. As novas gerações tentam dar murros na mesa mas o peso da mudança é demasiado. Em pouco tempo a trituradora das motivações instalada em Portugal faz o seu trabalho.

Mudar não é matar, é melhorar... enquanto não percebermos isso estamos parados no tempo enquanto todos os outros caminham seguros para os seus objectivos. Agora surge a pergunta inevitável: onde está o optimismo? Eu respondo sem rodeios, caro leitor! No jeitinho que só o Português sabe dar quando tudo parece perdido... no jeitinho português que desenrasca tudo, caro leitor!

sexta-feira, julho 09, 2004

(110) Obrigado, Ferro!


Obrigado Posted by Hello

Obrigado, Ferro! A decisão de Ferro Rodrigues só demonstra a seriedade com que está na política. A sua decisão é um raio de esperança no meio da tempestade. Após a decisão pouco convicta do Presidente e um cenário de dois anos de Governo PPD/PP, o líder do PS compreendeu que um dos factores que contribuíu para a decisão de Sampaio foi a fraca credibilidade da oposição. A justificação do demissionário líder da oposição foi a decepção com a decisão do Presidente mas parece-me que o que realmente aconteceu foi um acordo com Vitorino para bem do país e do PS. Mas compreendo a sua revolta porque o comportamento do PS foi exemplar e o retorno foi o que se viu.

Pior foi o discurso de Sampaio, refém da sua própria fraqueza. Se pensa que vai poder controlar o Governo, desengane-se. O timing das dissoluções passou e quem não se dá ao respeito não pode esperar ser respeitado. A colagem às políticas dos dois últimos anos também é incompreensível. Que políticas devemos defender? As do desastroso Pacto de Estabilidade? As políticas de contenção de receitas (porque na despesa nada se resolveu)? Sinceramente não percebo...

Agora resta aguentar o país porque nada de bom vejo no horizonte. O Governo PPD/PP num contexto de fortalecimento da oposição e de sucessivas eleições vai usar quatro partes de Populismo e uma de Demagogia. É uma viragem à direita equivalente à viragem à esquerda que Sampaio temeu no caso de eleições antecipadas (PS/BE). É a era dos extremos. Mas vejo o nevoeiro a tomar conta do país, aí vem Vitorino ou Sócrates trazer uma nova credibilidade à oposição. Nesse aspecto Ferro pensou primeiro no PS e no país, enquanto Durão primeiro em si e depois no PSD e no país. Obrigado pela gestão séria que fizeste no PS, Ferro. Não tinhas o carisma nem a capacidade de liderar o país mas a tua seriedade ninguém contesta.

Desejo, por último, boa sorte ao país. Vamos precisar como nunca precisamos antes. É que este Governo já é de gestão. Gestão dos períodos eleitorais! Primeira medida do Governo: escolher um ministro das finanças que possibilite a construção dum país tropical, com muitas palmeiras e casinos! Boa Sorte, Portugal... resiste porque daqui a dois anos vamos tentar resgatar-te desta situação inacreditável.

(109) Formação Pedagógica Inicial de Formadores


Formacao Pedagogica Inicial de Formadores Posted by Hello

Acabei mais uma fase da minha vida! Durante três meses frequentei um curso de Formação Profissional e acho útil deixar aqui umas considerações sobre a experiência. Em primeiro lugar sobre o curso em si! Em alguns aspectos esperava mais do curso mas globalmente acho que é um curso que todos deviam tirar. Permite sermos Formadores mas adicionalmente desenvolve várias competências. Entre elas técnicas pedagógicas de apresentações (em empresas ou a plateias), competências de relacionamento inter-pessoal e competências ao nível dos meios audiovisuais. Incute também métodos facilitadores da aprendizagem duma forma bastante distinta do ensino tradicional.

Queria também deixar uma nota sobre a Formação Profissional como conceito. Durante anos esta ferramenta foi sub-utilizada em Portugal e até alvo das mais variadas burlas. Actualmente o rigor parece-me outro e finalmente as empresas começam a perceber que a valorização séria dos seus Recursos Humanos é fulcral. A Formação Profissional distingue-se doutros cursos porque está orientada para competências específicas do Mercado de Trabalho. Permite dotar os formandos de ferramentas úteis no seu local de trabalho. É também um meio bastante utilizado para reconverter as pessoas que ficam sem trabalho em idade avançada para outras áreas do mercado de trabalho. Por fim permite substituir o ensino geral criando competências orientadas para sectores com falta de trabalhadores.

No aspecto pessoal a experiência é intensa. Um grupo de pessoas vindas de áreas de formação distintas (Economia, arquitectura, Gestão, Engenharia, Psicologia) e com personalidades e experiências de vida bem distintas reúnem-se e vivem em conjunto muitas horas das suas vidas. Hoje acabei a formação, valorizei minhas competências e consegui amigos para a vida (pelo menos assim o espero, o rumo da vida ditará isso). Acima de tudo o contacto multi disciplinar permitiu refrescar conceitos e trocar experiências de vida. Por isso defendo Formação ao longo da vida, nem que seja para abrir os horizontes para o que se passa noutras áreas da sociedade e para valorizarmo-nos pessoalmente e as empresas onde trabalhamos.

quarta-feira, julho 07, 2004

(108) Medidas Positivas e Situações Caricatas


Casa da discordia Posted by Hello

Medida Positiva: A nossa Bolsa é pouco competitiva não só pela sua dimensão como pela mentalidade dos nossos empresários (usam-na como uma fonte de Capital sem remunerar devidamente os investidores). A Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) propõe a descida das taxas de supervisão sobre todas as taxas que recaem sobre as entidades gestoras de mercado, sobre os intermediários financeiros e sobre os emitentes. Espero que esta proposta seja acolhida pelo Governo de forma a tornar a Bolsa mais aliciante e competitiva.

Medida Positiva (2): A intenção, espero que real, da Câmara do Porto fechar ao trânsito os Aliados e a Praça da Liberdade. Depois de anos de sucessivas más decisões ao colocar Parques de Estacionamento perto do centro da cidade espero que, progressivamente, vá-se fechando o trânsito nos centros das cidades. Adicionalmente defendo políticas de incentivo à animação dos espaços públicos nestes locais.

Caricato: O Hospital de São João no Porto continua sem director clínico. A instabilidade e incerteza neste hospital já se arrasta há um ano.

Caricato (2): A Casa da Música será inaugurada a 14 de Abril de 2005. É um exemplo perfeito duma obra (sem avaliar a sua utilidade e beleza arquitectónica) que não podia ter corrido pior. Nos prazos e na derrapagem do seu orçamento. E quem paga?

terça-feira, julho 06, 2004

(107) Sonhos (1)

De certeza que todos nós já tentamos analisar o significado dos nossos sonhos. A nossa regeneração física e psicológica encerra segredos difíceis de descobrir.

Os nossos sonhos reflectem as nossas preocupações ou estados de espírito que marcaram o nosso quotidiano. Isto acontece de uma forma pouco perceptível mas acontece! Quando conseguimos ter a sorte de analisar os sonhos encontramos pormenores que ilucidam as preocupações presentes nos momentos (ou horas) que antecederam o sono. Os sonhos regeneram não só o corpo como amenizam os males da nossa alma.

Ao sonhar já me aconteceu imaginar um contexto irreal, com a criatividade no seu esplendor, com pormenores quase invisíveis que estão a indicar um caminho para a resolução duma preocupação. Os pormenores reflectem a capacidade do nosso cérebro tentar resolver situações sem perturbar o nosso descanso físico. A regeneração é completa. Por isso a privação do sono pode levar à loucura.

Também já me aconteceu pensar numa pessoa em particular antes de me deitar. Chego à conclusão que cometi um erro de julgamento que afectou a nossa amizade. Sonho com árvores com folhas azuis e um mar verde. De repente, tomo uma decisão e todos aplaudem. Se calhar não quer dizer nada, se calhar estava a precisar de contra balançar o meu erro de julgamento com uma decisão correcta ou aceite. Os aplausos dirigem-se ao meu sentido de justiça, face a uma injustiça cometida.

Quando a febre chega os pensamentos tornam-se caóticos. Sonho com matemática, nada tem sentido mas parto à descoberta da lógica quando ela escasseia.

Conclusão! O sonho regenera a mente e encontra soluções para os nossos problemas. O tempo que dormimos é a garantia que cada dia começa como um novo dia e não como um eternizar dum problema. Preciso de dormir muito!

segunda-feira, julho 05, 2004

(106) Portugal, 0 - Grécia, 1


Um sonho adiado... Posted by Hello

Acho que a vontade de publicar este Post não era muita mas por uma questão de coerência ficam aqui umas breves palavras. A desilusão foi grande até porque esta equipa foi criando solidez durante o Europeu. Mas a Grécia foi melhor tanto na cultura táctica como na frescura física.

É tempo de balanço e, acima de tudo, de sairmos deste coma futebolístico. O país entrou numa espiral patriótica que, no fundo, é curiosa. Redescobriu os seus símbolos (não a ordem das cores) e o seu hino. Acho que esta febre exagerada só foi possível por estarmos num estado de eterna melancolia há três anos (a eternidade limitada pelo tempo é aquela que não teve repouso). Agora é hora de acordar e reparar que tudo voltou a piorar.

Mas do Europeu de Futebol fica uma lição. Termos orgulho na nossa capacidade em organizar e constatarmos que temos potencial turístico (maior do que temos vindo a ter). Pessoalmente este Europeu foi a oportunidade de ver que as cidades podem ter muito mais energia já que, às vezes, penso que estamos num país de mortos-vivos. As ruas sempre desertas sem animação nem vida. Desfrutei deste Europeu com intensidade e constatei com mais força o que quero para as nossas cidades e país. Mais organização, mais eficácia, mais motivação, mais vontade de vencer e melhorar. Viva(e) o EURO 2004. Obrigado, Sócrates, Cruz, Madaíl, Arnaut, Scolari, jogadores e, principalmente... obrigado Portugal por ter feito deste Europeu uma festa solidária e hospitaleira, bem ao nosso jeitinho.

Atenção! A todos os que hibernaram nas últimas três semanas! Estamos sem Fujão Barroso e sem rumo para Portugal!

domingo, julho 04, 2004

(105) Boa Sorte, Portugal


Boa sorte, Portugal! Posted by Hello

Acho importante sermos os primeiros a marcar! Se não formos vai ser necessária muita personalidade para ultrapassar esta Grécia organizada. O aspecto físico é o que mais me preocupa. Hoje o país está com a selecção! Boa sorte, Portugal!

sexta-feira, julho 02, 2004

(104) Grão de Areia no Universo (5): Marlon Brando


Don Corleone... The GodFather (AP) Posted by Hello

Marlon Brando morreu! O cinema não fica mais pobre porque os últimos dez anos de carreira não foram bons e não sei também se morre um bom homem. Não tenho por hábito avaliar pormenores da personalidade de pessoas que não conheci pessoalmente! É hora de balanço de uma carreira memorável.

Brando fez muitos e bons filmes, teve interpretações doutro mundo. Um Eléctrico Chamado Desejo, o Último Tango em Paris e Há lodo no Cais ficam na minha memória. Mas foi a sua colaboração tempestuosa com Coppola que marcou-me para sempre. A sua caracterização no primeiro Padrinho é assombrosa e deu o peso necessário para que a triologia seja um marco no cinema. O Apocalipse Now é também um filme memorável e só mesmo Brando conseguia dar credibilidade a uma história delirante e a um final caótico. Se Brando não fosse o homem a procurar ninguém percebia porque é que aquele grupo de homens partiu naquela aventura. O seu carisma e personalidade eram magnetizantes.

"I never wanted this for you. I work my whole life--I don't apologize--to take care of my family, and I refused to be a fool, dancing on the string held by all those bigshots. I don't apologize--that's my life--but I thought that, that when it was your time, that you would be the one to hold the string. Senator Corleone; Governor Corleone. [Michael: Another pezzonovante] Well, this wasn't enough time, Michael. It wasn't enough time. [Michael: We'll get there, pop. We'll get there.]"
Don Vito and Michael conversing in the garden


(103) Pior era difícil


Zero... resumo de meia legislatura Posted by Hello

1. "Zandinguices" de regresso

Este homem não pára. Não têm limites os danos que deixa de herança a este já debilitado país.

- Durão (se não queres ser chamado assim não tenho culpa, sempre te tratei assim) achou estranho não terem vangloriado a sua ida para Bruxelas. Durão, não tenho pena nenhuma da tua ida para Bruxelas, parabéns. Agora vangloriar a situação que nos deixaste, só se fosse um louco suicida. Temos vários cenários. Dois anos de populismo que vão fazer de Portugal o refúgio das palmeiras em vias de extinção. A instabilidade social é uma garantia. Em alternativa podemos ter eleições já sem garantia duma situação estável. Deves a Portugal demasiado, não voltes!

- Mas, Durão, tu não páras! Hoje as tuas afirmações foram ao teu melhor nível. Com que então só saíste de Portugal porque tinhas garantias que não haveria eleições. Adicionalmente, que haver eleições seria uma violação à Constituição. A demagogia só tem um limite, a tua ambição. Estamos num regime semi presidencialista, não parlamentar no seu sentido mais puro. O Presidente tem tanta legitimidade como a Assembleia de tomar decisões. O povo está representado também na figura do Presidente, dizer o contrário segundo as conveniências é por demais revelador da tua desonestidade intelectual. Sem falar na deselegância, se não for mais uma das tuas imprecisões, de revelar hipotéticas garantias que ninguém é capaz de confirmar.

2. O pior Governo do pós 25 de Abril

Sim, é verdade. Um desastre completo! Um primeiro ministro errante que consegue a proeza de ter o pior executivo da história da Democracia Portuguesa. As políticas gerais do Governo eram, na minha discutível opinião, errantes, sem estratégia. Hoje já posso dizer, com a tua saída airosa, que já não é uma opinião, é uma certeza. Contigo cai todo o Governo e qualquer oportunidade de provares que esta salada russa tinha futuro.

Não acreditam que foi pior que os Governos Provisórios e que o Governo do Balsemão? Este suposto Governo Reformador deixa a alguém uma vaga lembrança duma medida que fique para a história. A mudança cosmética do Rendimento Mínimo para de Inserção? O retoque dado à Lei do Trabalho? Os genéricos e o caos no Serviço Nacional de Saúde? Pior, lembram-se de algum ministro bom (já não digo muito bom ou excelente)?

Vamos às pastas. O que se fez no ambiente? Abandonou-se demagogicamente a co-incineração, especulou-se sobre a incineração dedicada e nada se fez. Ficam as contas na Suíça. O que se fez nos Negócios Estrangeiros? Uma vergonhosa Cimeira dos Açores e muita diplomacia soft com carniceiros como José Eduardo dos Santos. Ficam os favores à família. E na Saúde? Sistema Nacional de Saúde com crescimento recorde de despesas, hospitais paralisados pela guerra entre médicos e ministro, hospitais sem conseguir dar posse a novos Administradores. E no Ensino? Alguém se lembra de tanta inabilidade em pôr ordem a exames e colocações? Fica a confissão dum ministro que não pode garantir que não vá voltar a acontecer. E no Ensino Superior e Ciência? Tanto desinvestimento na pouca inovação que tínhamos parece-me ridículo, perder o acesso a Observatórios por não pagamento aumenta o nosso prestígio, sem dúvida! O aumento brutal das propinas e forte desinvestimento no orçamento das faculdade é que é uma violação à Constituição, onde a Educação deve ser tendencialmente gratuita. E a cultura? Fez-se alguma coisa? E a Administração Interna? Alguém se lembra de mais instabilidade? Quem andou a prometer subsídios de risco e aumentos de salários em plena campanha eleitoral? Num infeliz aproveitamento da morte dum polícia? E a Justiça? Nem vale a pena comentar de tão maus que foram estes dois últimos anos. Principalmente para o Ministério Público. E os cortes nas comparticipações de saúde, e os pagamentos por conta dos taxistas, e a Falagueira, e as Autarquias paralisadas, e a Defesa e as deserções...

A falta de competência deste Executivo era grande e a marca que deixa não é positiva. Eu não me lembro de nada relevante feito ou lançado, nem ao nível de infraestruturas. Até a promessa de resolver a linha de alta velocidade e o aeroporto ficam adiadas. Fomos até ultrapassados por Espanha no lançamento do aeroporto internacional. Ainda pior, alguém se lembra de uma promessa eleitoral cumprida? Lembram-se das promessas calendarizadas por região?

Durão, Zero!!!! Zero!!!! Ou, sendo justo, impacto menor que zero, até negativo!!!!

quinta-feira, julho 01, 2004

(102) Dia da Região Autónoma da Madeira


Funchal Posted by Hello

Hoje comemora-se a Autonomia da Madeira, sendo feriado na Região. A Autonomia da Madeira foi estabelecida na Constituição de 1976. Sobre a Autonomia da Madeira já escrevi muito aqui por isso, nesta data festiva, não vou esgrimir novamente os meus argumentos. Defendo a Autonomia da Madeira, não a actual mas uma Autonomia mais equilibrada entre responsabilidades e direitos.

Vou aproveitar para realçar que a Região Autónoma (no seu conjunto, contando todas as ilhas) é um local lindo e aconselho a todos que não conhecem a Madeira, Porto Santo, Selvagens e Desertas a passarem a conhecer. Quanto ao Funchal tem o enquadramento perfeito para fins de ano fenomenais (actualmente também existem os Festivais de Fogo de Artifício nas noites de Verão).

O reverso da medalha a quem faz férias na Madeira é a oferta de actividades noturnas já que, apesar da qualidade dos existentes, os bares e discotecas são reduzidos ou estão orientados para uma população mais envelhecida. Mas há sempre o Porto Santo que, nas épocas altas, oferece muita diversão e as melhores praias do país.

Parabéns, Madeira! Hoje é o teu dia de festa! Quanto ao resto fica para outro dia...