Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

terça-feira, agosto 31, 2004

(152) O Desespero da Verdade


The Scream, Edward Munch Posted by Hello

O que leva uma pessoa que vive em desespero, que chora compulsivamente em público e que grita a meio da rua que isto é tudo uma merda a parar de chorar e de gritar e calmamente verificar se tem as calças sujas? O nosso cérebro é um enigma, mas para funcionar precisa de relativizar tudo o que descobre e vê! Os verdadeiros "loucos" são aqueles que alcançaram a verdade, nua e crua. São aqueles que já não conseguem relativizar a percepção. Será que o desespero é o castigo daqueles que ousaram tentar entender o sentido da vida? Será que só conseguimos ser felizes na ignorância? Será que a felicidade só é atingida se centrarmos a nossa vida no acessório e tentarmos ignorar o quadro geral da nossa existência? Quem se atreve a responder?

(151) Raptos no Iraque

A discussão em torno de mais um rapto de jornalistas estrangeiros no Iraque é se a nacionalidade conta para salvar ou agravar a situação das vítimas. Apesar de tudo conta mas bem mas talvez pouco.

Na maior parte dos casos os raptores fazem exigências relacionadas com a posição do país na "ocupação" do Iraque. Mas agora surgiu um caso paradoxal, o rapto de dois jornalistas de nacionalidade Francesa. A lógica tornava difícil haver uma exigência coerente com as anteriores (note-se que nenhum rapto pode ter coerência) uma vez que a Diplomacia Francesa foi um dos principais travões às iniciativas unilaterais dos Americanos e Ingleses. E, de facto, a exigência é ridícula. Pretende anular a também ridícula lei Francesa que proíbe o uso de símbolos religiosos nas escolas e nos liceus públicos.

A exigência e a lei são ridículas porque a lei confunde um Estado Laico com um Estado opressor de símbolos religiosos mas afecta, de igual modo, todas as religiões.

A estratégia Francesa tem duas vertentes. Relembrar a sua luta contra a infundada guerra e, ao mesmo tempo, isolar os raptores no mundo islâmico. Os apoios têm vindo de vários quadrantes do mundo islâmico mas o desfecho é incerto.

Que aprender com este caso? Que a humanidade e as suas diferentes civilizações estão intoxicadas por preconceitos culturais que são estruturais. Só se consegue combater preconceitos culturais com mais diálogo, mais e melhor informação, mais educação! Não tentar é o mesmo que agravar ainda mais a incompreensão! A diferença é o que nos torna fortes e interessantes mas, todos nós, insistimos em reprimir a diferença em vez de compreende-la e usá-la para tornar este Mundo mais interessante!

(150) Ainda sobre o Barco do Aborto

A ideia do Barco não me cria especial simpatia! Parece-me uma provocação gratuita e bem longe doutras formas de manifestação cívica bem mais interessantes. Mas como é a Comunicação Social que controla a Opinião Pública e este tipo de iniciativas promete multiplicar-se. Bem mais grave que o Barco do Aborto são os meios desproporcionados que o nosso Governo está a utilizar. Paulo Portas obriga-nos a pagar as suas políticas partidárias. É o delírio de quem já não distingue o Estado da sua agenda pessoal.

Eu sugeria uma manifestação pública e cívica para obrigar o Ministro da Defesa a pagar as suas campanhas pessoais e megalómanas de afirmação de poder. Tão ridículo que até sugeria à Marinha que mantivesse o Ministro Portas a 12 milhas náuticas de Portugal!

domingo, agosto 29, 2004

(149) Janelas para outras opiniões (2) – Cabalas


Cabalas Posted by Hello

Outro blog que visito regularmente é o Cabalas. Nascido em Novembro de 2003 este blog, gerido pelo Álvaro (que utiliza o nome Raio), pretende denunciar os malefícios que a União Europeia trouxe ao nosso país. O lema diz tudo! Onde nos leva a integração europeia? Este lema vem acompanhado pela sugestiva pintura que reproduzo em cima. O “Raio” também tem um ódio de estimação pelos nossos vizinhos espanhois. Veja-se alguns dos temas explorados neste blog:

- “Estamos a ser comprados? E por baixo preço?”
- “Que fazer com o Pacto de Estabilidade e Crescimento?”
- “As pescas (ou a pirataria?)”
- “Opus Dei, a União Europeia e a reciclagem dos fascistas”
- “Assim vai a União Europeia...”
- “Mais critícas à Constituição Europeia”



O Demónio Posted by Hello

As nossas opiniões não podiam ser mais contrárias e alguns debates acesos verificaram-se.

“Por outras palavras, o que o Ricardo disse pouco significado tem, é só uma frase de propaganda, da propaganda que nos é instilada todos os dias.” (O Raio)

“(...) assumes sempre que todos os que não concordam contigo são vítimas de propagandas do mal e não têm capacidade de distinguir o bem do mal!” (O Filho do 25 de Abril)

“(...)o risco de fazer raciocínios sem fundamentação teórica, depois que os defensores da União Europeia, no desespero de ver o seu ideal a sosobrar agarram-se a tudo o que podem para o defender…” (O Raio)

“Só queria protestar o facto de teres escrito um post bem agressivo (novamente!) duvidando da minha honestidade intelectual (...)” (O Filho do 25 de Abril)

Há muito que desisti de tentar discutir assuntos Europeus com o “Raio”, simplesmente não há consenso possível. Esgrimimos argumentos e cada um de nós manteve-se fiel ao que acredita. Sempre com a coerência possível de quem acredita que está certo. Eu acredito que a UE tem muitas falhas mas é um bom projecto para a estabilidade e desenvolvimento do Continente, ele acredita que a UE acabou com a nossa economia e nos está a retalhar. Ponto a favor do “Raio”, a coerência da maior parte dos seus estudos apesar de muito orientados pelas leituras que recomenda no seu Blog, a maioria ferozmente anti-UE e anti-Espanha.

O que me leva a visitar este blog? O contraditório é a melhor maneira de cimentar as nossas convicções. Costumo dizer a um amigo meu que ser o Advogado do Diabo, mesmo quando estamos de acordo, é a melhor maneira de ultrapassar as fragilidades das nossas convicções. Pena é que o calor da defesa das nossas convicções nos leve frequentemente a exaltações que só prejudicam o debate de ideias. De qualquer maneira a continuar a visitar...

Continua... Janelas para outras opiniões...

sábado, agosto 28, 2004

(148) Janelas para outras opiniões (1) – O Fio de Ariana


O Fio de Ariana Posted by Hello

Todos nós temos links nos nossos blogs, para outros blogs. Gosto de chamá-los de Janelas para outras opiniões. Vou analisar aqui o que me leva a visitar regularmente alguns blogs, o que me atraem. Nem sempre é porque concordo com as opiniões, muitas vezes é exactamente pela razão contrária. Mas há sempre algo que me faz voltar, torna-se um link definitivo no meu Blog. As razões para isso acontecer vou explorar no local certo, aqui!

Começo por um Blog que visito regularmente, O Fio de Ariana. Nada melhor para definir o Fio de Ariana do que a citação que nos acolhe no blog.

“Teseu enfrentou o Minotauro, entrando no Labirinto onde este vivia. Ariana, a namorada de Teseu, deu-lhe um grande novelo de um fio finíssimo, para ele ir desenrolando à medida que percorria o Labirinto. Guiando-se pelo Fio de Ariana, Teseu encontrou a saída do Labirinto...”

E de que Labirinto este Blog pretende sair? Do labirinto que o nosso Ensino Superior está submerso. Contra a Burocracia, a Apatia e a falta de qualidade deste, não se esquecendo de enumerar os feitos que este também é capaz. O Hugo trava uma batalha, corajosa e nunca inglória, porque o objectivo é nobre. No seu primeiro post o desafio ficou lançado.

“O Professor João Vasconcelos Costa, no seu blog - Professorices - lançou o desafio para que um estudante universitário criasse também um blog acerca do ensino superior. Bem... Professor não sou... Digamos que sou um mero Aprendiz de Feiticeiro.
Assim, neste blog divagarei sobre o ensino superior e sobre outros labirintos... Mas sempre a pensar em Clio...”


Sem deixar de focar o que realmente o levou a escrever deixa espaço para o seu toque pessoal, humanizando o que quase sempre transborda de questões técnicas. Uma dose de humor é sempre possível encontrar neste Blog.

“O Fio de Ariana continuava com uma crise identitária. Como seu tutor, resolvi sentar-me à sua frente para termos uma conversa. Tentei explicar-lhe que, nesta idade, surgem dúvidas sobre tudo. Mas ele estava mesmo melancólico. Entre um Professorices e um recém-chegado Ensino Superior em Crise, sentia-se com a auto-estima em baixo. Procurei ajudá-lo e sugeri-lhe que falasse de algo que preocupasse os seus colegas da faculdade. O Fio saltou no ecrã e disse com entusiasmo: “-Já sei. Conseguir apontamentos emprestados e fotocópias.” Estava encontrado o tema do dia.”

Criado em 19 de Fevereiro deste ano já focou muitos temas. Não vou destacar nenhum, deixo o prazer da descoberta aos seus leitores. Só desejo uma vida longa a esta modesta contribuição à qualidade do ensino.

Continua... Janelas para outras opiniões...

(147) Assuntos do Mar


Barco do Aborto Posted by Hello

O que é que Paulo Portas e o barco do aborto têm em comum? É um assunto do mar! Não imaginava um melhor perfil para lidar com a situação!

sexta-feira, agosto 27, 2004

(146) Marcos da Banda Desenhada Americana: Os Super Heróis, da criação ao cinema (6)


Hulk, de Ang Lee Posted by Hello

O filme mais lucrativo baseado em BD foi o Homem Aranha, de Sam Raimi. A interpretação do espírito desta personagem feita por este realizador, conhecido por realizar filmes de terror, foi a mais correcta e a história e efeitos especiais estiveram à altura desta grande produção. O meu problema com o filme é o seu mercado alvo, tal como a personagem de BD, ser os adolescentes.

Já os dois filmes dos X-Men, de Bryan Singer, são bastante eficazes mas ficam aquém da complexidade com que poderiam tratar do tema da exclusão social. Optam por também piscar o olho ao público adolescente quando a BD já fez essa transição há muito tempo. De qualquer forma a recuperação das lutas pelos direitos das minorias representado por Martin Luther King são exploradas nestes filmes, actualizadas a lutas actuais. Há um representante que defende o domínio duma raça, há um representante que defende a integração e há um representante das minorias revoltadas. O medo pelo diferente é tratado duma forma pedagógica, mas poderia ter ido muito mais longe.

Há muitos exemplos de péssimas adaptações como os inarráveis Daredevil e The Punisher. Maus demais até se só utilizarmos o critério de filme de entretenimento. E eram personagens com muito potencial, principalmente o Daredevil.

Na minha opinião o filme que mais foi injustiçado pelos críticos e pelo público foi o Hulk, do genial Ang Lee. O filme tem sentimento, é o grande “herói trágico”. Esqueçam por momentos que temos um monstro verde a passear pela América e reparem nas personagens bem desenvolvidas, nos planos épicos, na montagem inovadora (e genial) e nas contradições da mente desta versão do “Dr. Jekyll and Mr. Hyde”. Ang Lee é brilhante nos conflitos da alma, na densidade psicológica, nos grandes planos abertos de grande beleza visual. O público alvo era mais adulto, ninguém compreendeu o filme. É o preconceito em relação à BD, é o facto dos super heróis serem um conceito ridículo, é o resultado de tantas más adaptações.

A BD está na moda no mundo do cinema! Que ninguém se esqueça que filmes como o Exterminador Implacável e Matrix são baseados em conceitos desenvolvidos pela BD. O primeiro até é uma adaptação descarada duma história dos X-Men, grupo de super heróis que o próprio Cameron tentou adaptar antes do Exterminador Implacável. Que coincidência, não é! O próprio conceito visual do primeiro filme do Alien foi baseado em storyboards de Moebius, um mestre da BD Europeia.

Em resumo os Super Heróis têm sido uma fuga para os medos dos cidadãos americanos, e as suas tendências reflectem muito a conturbada mentalidade americana. Ninguém imagina os nórdicos, por exemplo, a criarem BD sobre homens de capa a defenderem as cores do país. Na BD actual com a temática de Super Heróis recomendo Brian Michael Bendis (Daredevil, Alias, Powers). Para o futuro vou falar sobre a BD Europeia, a erótica e a Japonesa. A BD não é só uma nova forma de leitura, é uma nova forma de arte (ver Neil Gaiman, Bill Sienkiewicz).


Bill Sienkiewicz Posted by Hello

Fim!

terça-feira, agosto 24, 2004

(145) Nacionalidades...


Que critério? Posted by Hello

Estou aqui para acrescentar mais umas achas à polémica da nacionalidade dos atletas que representam o nosso país. O que é que me faz confusão, pergunta o atento leitor? O Francis Obikwelu? Não! O Deco? Não! O Derlei? Não! O que me faz confusão não tem nada a ver com imigração, com xenofobia nem nada disso!

Então qual é o meu problema? Em primeiro lugar porque parece que ninguém se importa que um atleta seja deslocado do seu país ou cidade com a idade de 12 (ou pouco mais) anos. E parece que ninguém se preocupa com o facto do dinheiro desvirtuar o desporto, já que muitos atletas africanos preferem jogar nas selecções mais fortes e que lhes dão mais visibilidade do que jogarem nos seus países de origem. E parece que também ninguém se preocupa com o facto de se nacionalizar atletas só porque uma selecção tem falta dum jogador para uma determinada posição (ou modalidade) e porque esse jogador não é chamado para a sua selecção de origem. Agora até querem mudar a regra de que se o jogador já jogou numa selecção não possa jogar em mais nenhuma. Eu só tenho medo que o dinheiro desvirtue o desporto, mais nada.

Quanto aos casos nacionais as situações são bem diferentes e cada caso é um caso. O Deco insinuou várias vezes que queria ir à selecção Brasileira, não lhe fizeram a vontade. Jogou na nossa com muita dedicação, tem mérito por isso. Obikwelu sempre viveu aqui, que dizer? E Derlei? Já disse que nunca jogaria na selecção Portuguesa mas hoje li no Público umas declarações de Madaíl, “Vivemos num mundo de globalização, e porque não, em caso de necessidade, recorrermos áqueles que falem a nossa língua, tenham a nossa mentalidade e até gostem de batatas com bacalhau”.

E como obter uma nacionalidade? Depende das leis nacionais, das quotas, das regras e processos administrativos, enfim!, do que o Estado necessitar. Repito, não é Xenofobia nem Nacionalismo, é só um receio que o desporto fique desvirtuado, ainda mais, por causa do poder económico. Tenho medo que o desporto seja uma excepção às leis de trabalho infantil, às leis de imigração, enfim, que seja uma excepção ao enquadramento geral. Onde está o problema? Está em definir que nacionalizações são aceitáveis e quais não são. E como definir isso? Por terem um grau de subjectividade elevado sei que os meus critérios não devem ser os melhores, só não quero excepções à lei geral nem federações a comportarem-se como clubes. Disse!

(144) Marcos da Banda Desenhada Americana: Os Super Heróis, da criação ao cinema (5)


Memorável... Posted by Hello

O cinema americano está cada vez a produzir mais filmes sobre super-heróis. É puro entretenimento, ninguém espere encontrar qualidade narrativa ou boas representações neste tipo de fime. Mas aceitando a premissa que estamos a ver um filme sem pretensões de ganhar notoriedade pela sua qualidade, podemos analisar estes filmes pela qualidade da história e se segue o espírito da BD original. Com este critério em mente, os resultados têm sido bem distintos.

Comecemos pelas primeiras tentativas de adaptar a BD ao cinema, todas elas de personagens da DC. O melhor exemplo de transição da 9ª arte para a 7ª arte continua a ser os dois filmes do Batman de Tim Burton. Os filmes do Batman são a melhor maneira de analisar como se pode transpor bem e mal uma BD ao cinema, já que os filmes de Joel Schumacher (Batman Forever e Batman e Robin) representam tudo o que não se deve fazer quando se faz um filme baseado em BD. Tim Burton construíu uma boa história, imortalizou personagens nos seus filmes (o Joker de Jack Nicholson, o Pinguim de Danny DeVito e a Mulher Gato de Michelle Pfeiffer), inovou no ambiente gótico e, mais importante, percebeu o que era realmente o Batman. Já Joel Schumacher, pressionado pelos produtores para tornar o Batman mais acessível a crianças, destruíu o franchise, descaracterizou o Batman no meio de tantas luzes e mau gosto.

Pessoalmente não gostei de nenhuma das adaptações do Super Homem. Também nunca gostei muito da personagem, acho pouco credível (mesmo para BD, onde nada é credível) um extraterrestre com o espírito americano. As suas viagens no tempo mudando a órbita da Terra e a maneira “light” e ridícula como foi tratada a personagem trágica de Lex Luthor foram a gota de água. Para esquecer, na minha opinião!

Continua... A nova vaga de filmes baseados na BD...

domingo, agosto 22, 2004

(143) Marcelo comenta o caso Zé Maria


Eu até sou um avo porreiraço... Posted by Hello

Enquanto Marcelo incentiva Zé Maria a lutar pela vida deixo, numa rara ocasião, Rui Rio falar em meu nome:

"Mas preocupa-me muito, do ponto de vista do regime democrático, que um canal de televisão entregue um espaço de tanta visibilidade pública a uma só pessoa que, sem qualquer contraditório, faça a sua 'educação do proletariado'. Não interessa se é ele ou não. Um espaço daqueles dado a alguém é profundamente questionável. Para não dizer mais."

Eu também não digo mais!

(142) Marcos da Banda Desenhada Americana: Os Super Heróis, da criação ao cinema (4)


A ler e reler... Posted by Hello

Outro autor que revolucionou a BD americana foi o Inglês Alan Moore. A sua obra prima foi Watchmen (1985), a história dum grupo de super heróis reformados, gordos e decadentes que vive das glórias do passado. Super heróis com emoções, problemas psicológicos, dilemas morais! Tem de ser lido pelo menos duas vezes para perceber todas as suas subtilezas, todas as intrigas paralelas, todo o construir de uma história. Fica-se com a sensação que há sempre pormenores a descobrir e, no fim, é muito gratificante ler o “Guerra e Paz” dos comics. O único problema do álbum é precisar haver algumas noções do Universo dos Super Heróis para perceber as pequenas revoluções dentro da grande revolução. É um futuro cruel, é uma obra de exemplar complexidade psicológica.

Alan Moore é também autor de V for Vendetta (que já tive o prazer de escrever um post), a luta entre o Fascismo e a Anarquia, From Hell, a história de Jack (o Estripador) numa descrição da intriga e ambiente da Inglaterra da rainha Vitória (adaptada ao cinema em 2001), e League of Extraordinary Gentlemen, onde aconselho a ler o álbum e a ignorar o filme (é o que acontece quando se faz uma adaptação sem compreender o espírito da obra).

Moore reinventa os super heróis, torna-os mais “humanos”, insere-os na nossa sociedade, brinca com os conceitos de forma irónica e divertida. O seu estilo reinventou a BD madura nos EUA, os seus seguidores são inúmeros. Tornou os super heróis um produtor agradável para os adultos. Quem diria?

Continua... a BD no cinema actual...

sexta-feira, agosto 20, 2004

(141) Recorde de títulos a nível mundial... Parabéns, Baia


26 titulos... Posted by Hello

O Porto conquistou mais uma Supertaça, sem jogar bem. Mas os parabéns vão totalmente para Vítor Baia que conquistou o seu 26º troféu, um recorde em termos absolutos a nível mundial. E tem a vantagem de possuir os três troféus mais importantes da Europa, a Taça das Taças, a Taça UEFA e a Liga dos Campeões. Nota negativa para o futebol Português novamente, o estado do relvado é inadmissível e para o comportamento dos adeptos das duas equipas. Começa a tornar-se a nossa imagem de marca.

(140) Marcos da Banda Desenhada Americana: Os Super Heróis, da criação ao cinema (3)


Dark Knight Returns... Posted by Hello

O que fazer quando os super heróis já não representavam uma nova geração de adolescentes e a anterior já não comprava estas revistas com conceitos simplitas? Os super heróis moralmente irrepreensíveis e os vilões que representavam o mal absoluto saíram de moda. Os “novos” heróis tornaram-se mais adultos, começaram a questionar a sociedade, surge o herói “anti sistema”. Era o fim da inocência do Sonho Americano, era uma América cheia de crime e corrupção que minava este sonho...

A Revolução na BD foi essencialmente da responsabilidade destes dois artistas, Frank Miller (1, 2) e do inglês Alan Moore.

No seu trabalho no Demolidor (DareDevil), o jovem Matt Murdock resolvia à noite o que a Justiça Americana era incapaz de resolver de dia nos seus tribunais. A Justiça sucumbia ao dinheiro dos poderosos, o Demolidor era o vigilante das noites de Nova Iorque, o crime era agora o cancro da sociedade americana e a BD sempre explorou os medos da América. Frank Miller já era conhecido pela sua irreverência, quando em 1986 faz do Batman uma personagem verdadeiramente escura (The Dark Night Returns). Esta obra inspirou Tim Burton nas suas incursões cinematográficas ao Universo da BD (Batman e Batman Returns). Batman era agora um herói complexo, com uma alma negra, vivendo num ambiente gótico, rodeado de crime e violência. Foi o primeiro herói claramente anti-sistema, defendendo os cidadãos com unhas e dentes (ou asas) dos seus Governantes. O mal nasce das entranhas da sociedade Americana, é o Governante, é o homem de negócios corrupto, o mal vem de dentro da América. O "medo" (onde é que já ouvimos isto?) volta a salvar a indústria dos super heróis.

Os métodos radicalizam-se porque a ameaça era impensável. Estes excertos, retirados deste álbum de Frank Miller, entre o “justiceiro” Batman e o “escuteiro” Super Homem (Clark Kent), representam bem o que mudou:

- “You sold us out, Clark. You gave them the power that should have been ours. Just like your parents taught you to. My parents taught me a different lesson... lying on the street, shaking in deep shock, dying for no reason at all. They showed me that the world only makes sense when you force it to.”

- “We could have changed the World… now… look at us… i´ve become a political liability… and you … you´re a joke.”

Actualmente Frank Miller dedica-se à BD “noir” de cariz adulto, como Sin City, que Robert Rodriguez está a converter para o cinema.

Continua... O Decadente Mundo de Alan Moore...

(139) O caso das cassetes destruídas...

Só pergunto porque é que a Procuradoria Geral da República não achou uma medida necessária a apreensão das cassetes? As provas foram destruídas, a verdade fica em causa. E, neste país, onde tudo se escreve e diz, estará alguém preocupado com as consequências? Pobre Justiça... a nossa! Pobre país... o nosso! Temos um défice de demissões e a necessidade duma reforma urgente deste sector. Já há um cheiro de impunidade no ar...

quinta-feira, agosto 19, 2004

(138) Marcos da Banda Desenhada Americana: Os Super Heróis, da criação ao cinema (2)


Homem Aranha... Posted by Hello

Os anos 50 ditaram a “morte” de quase todas as publicações de super-heróis nos EUA. A guerra tinha terminado e a economia prosperava, não havia mercado para os defensores da pátria. Para o retrocesso dos super heróis também contribuiu uma maior confiança na força do homem, este tinha inventado a Bomba Atómica. Nada poderia deter a força dos EUA nem eram necessários super soldados para defender uma América segura de si nos anos 50.

Mas na década de 60, tudo mudou! Deu-se uma verdadeira proliferação de novos Super Heróis pelas mãos de Stan Lee, que ainda hoje perduram. A segurança que o nuclear dera aos Americanos era agora uma ameaça, nas mãos do “inimigo”. O nuclear ameaçava mudar a rotina dos cidadãos americanos comuns.

Peter Parker é picado por uma aranha radioactiva e transforma-se no Homem Aranha (1962). Bruce Banner é atingido por uma explosão nuclear e passa a dividir a sua vida com o alter-ego, o Incrível Hulk (1962). Quatro pessoas são expostas a energias radiactivas no espaço e sofrem mutações que os transformam no Quarteto Fantástico (1961). O jovem Matt Murdock fica cego e com os seus outros sentidos apurados ao entrar em contacto com lixo radioactivo, tornando-se no Demolidor (DareDevil, 1964).

Estes heróis continuam a ser nobres, patrióticos (colaboram com o sistema) mas mais trágicos. O mundo era um lugar trágico para se viver nessa década, não se podia garantir a segurança do cidadão Americano. O nuclear e a ameaça tecnológica podiam alterar o dia-a-dia, as relações, os empregos dos Americanos e isso reflecte-se na tentativa destes trágicos heróis tentarem manter as suas antigas rotinas, a sua normalidade num mundo cruel. O mundo obrigava os EUA a reagir, essa era a convicção corrente nesta década. É o medo da classe média Americana do desconhecido, do nuclear. É a América a tentar continuar a viver apesar do medo.

Mas esta década também é marcada pela criação dos X-Men. O sonho de qualquer adolescente, a esperança e o medo de ser diferente. Mas a temática caíu que nem uma luva nas minorias já que os X-Men são mutantes, nasceram assim, e só querem ser integrados na sociedade, só querem ser compreendidos. O livro destaca as diferenças como uma qualidade, não como um defeito. Reflexo duma América a ferro e fogo com problemas raciais. A BD torna-se cada vez mais um escape aos problemas sociais, a solução milagrosa.

Continua ... A BD a piscar o olho para leitores mais maduros ...

quarta-feira, agosto 18, 2004

(137) Marcos da Banda Desenhada Americana: Os Super Heróis, da criação ao cinema


A BD na América... Posted by Hello

Gosto de Banda Desenhada, a chamada nona arte. As suas características parecem ser limitadas (face ao Cinema, Televisão e Literatura) para contar uma história de forma eficiente. Mas é injusto fazer comparações! Da mesma forma que um quadro não pode ser comparado com um livro. É uma forma diferente de contar uma história, de relatar um acontecimento, de usar a imaginação. A Banda Desenhada (BD) Americana criou o estranho Universo dos Super Heróis, que revolucionou a BD e quase a matou como arte.

Mas a BD com a temática de super heróis teve diversas fases, e nada melhor que reflectirmos sobre elas para melhor compreender o fenómeno. As principais companhias que misturam a ficção científica com heróis em fatos coloridos são a Marvel e a DC.

A chamada "Era Dourada" da BD deu-se no final dos anos 30 e início dos anos 40. Os editores de BD sentiram a necessidade dos leitores em ler histórias de heroísmo passadas em cenário de Guerra. Criaram-se super soldados que iriam garantir a superioridade Americana na Segunda Guerra Mundial. O melhor exemplo é o Capitão América, o maior sucesso da Marvel nessa Época rivalizando com o SuperHomem e o Batman da DC. O capitão América é um produto de experiências militares para criar o soldado perfeito. A superioridade moral dos EUA estava sublinhada e este herói é, antes de mais, uma manifestação de Patriotismo. As cores do seu uniforme são as cores da Bandeira Americana e as sua armas são defensivas (um escudo, o agressor é o inimigo... mas o escudo tem a capacidade de ripostar, note-se). O soldado perfeito, nobre e patriota, o ideal americano dos anos 40.

Quando a Guerra terminou, o Capitão América perdeu o seu objectivo. Pearl Harbor, o dia D e outros eventos eram passado e também este herói. Reeditado várias vezes nos anos 50, só ressurge nos anos 60 com toda a força para ser o bastião dos valores antigos, aqueles que a América julgava ter perdido. Com uma pequena mas importante nuance, a obediência aos líderes foi substituída pela defesa da liberdade. Foi a época da inocência, os super heróis só vingaram durante a guerra!

Continua... Os Super Heróis em crise...

terça-feira, agosto 17, 2004

(136) Prostituição: Legalizar ou não? (2)

Os comentários multiplicam-se quando tocamos temas que não têm solução fácil. Mas desenganem-se aqueles que pensem que a situação é a melhor possível.

Sobre a prostituição em Portugal, um interessante artigo de Ana Maria Braga da Cruz
(Presidente da Comissão para a Igualdade e para os Direitos da Mulher - CIDM). Defende a mudança da legislação vigente, abordando várias temáticas. Muito interessante.

Outro artigo interessante tem como tema Prostituição, Sexualidade e Sida . Tem uma perspectiva histórica interessante além de abordar o tema da dignidade da mulher e a prostituição.

Por fim destaco mais esta intervenção de Ilda Figueiredo, "Prostituição e tráfico de mulheres - Novas faces de uma velha escravatura". A ler!

Não está em debate a legalização ou não, de facto é uma formalidade para evitar a hipocrisia. O que parece-me importante é não ignorar este problema, dar dignidade às mulheres que praticam esta profissão, combater o crime e a droga, a exploração sexual e a propagação de doenças. Como nota final e respondendo a um comentário ao post anterior, a prostituição masculina é um problema igualmente sério e aí defendo o mesmo. Não concordo com distinções na lei conforme o sexo, mesmo em casos como a Violência Doméstica não deve haver separação na legislação entre agressões feitas por um homem ou por uma mulher.

Repito, não sou especialista no assunto mas parece-me óbvio que há muito a fazer. Que se comece o debate que é dele que podem surgir as melhores soluções.

segunda-feira, agosto 16, 2004

(135) Prostituição: Legalizar ou não?


Um tema sempre actual... Posted by Hello

Enquanto Jorge Sampaio corria a maratona dos dez metros, Rui Rio dava uma entrevista à revista Visão lançando um tema que merece uma maior reflexão: A legalização da Prostituição! Este tema é muito abrangente e complexo, por isso vou fazer apenas uma reflexão superficial, não baseada em dados. Refiro ainda que a Legalização pode envolver muitas medidas e pode até ser mais restritiva que a situação actual.

Qual é a realidade actual? A Prostituição existe e conta com a conivência das autoridades para existir nos moldes actuais. Há locais, que dependem dos Presidentes de Câmara, onde é quase legal exercerem a sua profissão, ou melhor, onde as (os) prostitutas (os) sabem que não vão ser incomodadas (os) com regularidade pelas autoridades. É uma realidade incontornável e mesmo com a intervenção mais activa do poder político é uma profissão que consegue sempre sobreviver, duma maneira ou doutra. Mais, é um mundo que interliga-se com problemas de saúde pública, imigração ilegal e exploração por mafias e outros oportunistas. Se me parece difícil, nem vou emitir um juízo de valor se é desejável ou não, combater o primeiro fenómeno (a Prostituição propriamente dita) parece-me possível minimizar os efeitos nefastos descritos na segunda afirmação.

Como minimizar, então, estes efeitos? Será possível minimizá-los sem a legalização? Parece-me que sim, mas para quê manter a hipocrisia? A legalização (ou qualquer outra medida) não pode nascer solteira de várias regulamentações e iniciativas. O ideal talvez seja o Estado regulamentar a área como faz com qualquer outra actividade económica. Desculpem a crueza da comparação mas da mesma maneira que qualquer outro produto ou serviço este também deve obedecer a padrões. Uma hipótese de regulamentação seria haver casas específicas para o exercício da profissão, sujeitas a regras como qualquer estabelecimento, a controlos sanitários e de segurança, a exames médicos (aqui surge um dos problemas, o do direito à privacidade dos registos médicos mas não seria a primeira profissão a ser alvo de controlo médico, veja-se os comandantes de aviões) e ao pagamento de impostos (surge também aqui o problema de quem ia pedir recibos). Adicionalmente, parece-me útil “apertar o cerco” nas ruas e nos estabelecimentos ilegais para permitir um maior controlo sobre a imigração ilegal e a actividade das mafias.

Sinceramente não antevejo uma regulamentação nem fácil nem ideal mas também não sou perito na área. Mas, nesta como noutras áreas, está na hora de enfrentar a hipocrisia. O Governo Britânico está a optar por criar “áreas controladas” e concessão de licenças a bordeis, para combater a exploração, os assaltos e assassinatos (ligados às mafias e à droga) e, ao mesmo tempo, minimizar os efeitos à saúde pública. Em vez de fazer de conta que o problema não existe o melhor é debater e regulamentar, para poder haver algum controlo sobre uma profissão que tem tanto de polémico como de nefasto para a vida de quem a pratica, de quem a procura e para todos os cidadãos. Vai sempre existir procura logo vai sempre existir oferta, é uma lei da vida. Vamos aceitar o óbvio e tentar melhorar as condições com que se pratica a Prostituição.

Nota: É claro que tudo isto pode ser feito sem legalizar, mas para quê tapar o Sol com a peneira?

Nota 2: A prevenção pode ser feita no campo do combate às drogas e à pobreza, a repressão tem um efeito limitado e controverso, na minha opinião

sábado, agosto 14, 2004

(134) Porque é que Sampaio desilude a Esquerda?


O que mudou? Posted by Hello

A esquerda está furiosa com Sampaio! Multiplicam-se comentários sobre que este não foi o Sampaio que elegeram, exponenciam-se afirmações de arrependimento. Afinal será que Sampaio mudou assim tanto? Eu acho que não...

Sampaio tem exercido os seus dois mandatos com base numa coerência a toda a prova. Quem pode refutar isso? Ninguém. Mas desengane-se quem está a pensar que eu estou a fazer um elogio! Vivemos num regime semi-Presidencialista onde a legitimidade do Presidente da República rivaliza com a legitimidade dos deputados eleitos para a Assembleia da República. É certo que o Presidente está progressivamente a ter os seus poderes esvaziados mas a interpretação que Sampaio faz da Constituição está a esvaziar a sua influência.

Será o Presidente da República o garante da estabilidade ou deveria ser o garante do desenvolvimento. Onde acaba a sua intervenção? O estilo dita tudo e é isso que está a irritar a esquerda. O curioso é que só agora está a irritar a esquerda, quando o PSD está no poder, porque Sampaio em nada mudou, infelizmente na minha opinião, na maneira de exercer o seu mandato desde os Governos Guterres. O que irrita a esquerda não é o que me irrita.

Que adianta ter um Presidente da República que não é ouvido nem respeitado? Sampaio multiplica-se em intervenções ocas que não têm nem impacto na Comunicação Social nem nos Governantes. Todos os ignoram, porque é assim que Sampaio interpreta o seu papel, conciliador e sem utilidade. Quando é que o ouvem? Só quando interessa como no vergonhoso caso de Barrancos, que a solução resultou num retrocesso civilizacional. Aí era importante ouvir Sampaio porque ia de encontro às pretensões de Durão. E quando não iam? Ignora-se, que "ele" não faz ondas. O melhor exemplo é a deselegância que Durão disse e reafirmou, em Portugal e no estrangeiro, que havia um acordo para não haver eleições. O que levou Durão a tomar uma atitude tão mesquinha? A certeza que o sentido de Estado de Sampaio faria que ele não respondesse com vigor e impacto. Quem não se faz respeitar, não é respeitado. Já ninguém espera que Sampaio resolva mais esta crise na Justiça, a menos que a solução vá de encontro às pretensões de Santana.

Eu não critico Sampaio por não ter convocado eleições, foi mais uma vez coerente e conhecia o estado da oposição. Mas a única coisa que realmente me surpreendeu foi o discurso que explicava a decisão. As palavras continuidade em áreas que o anterior Governo devastou e ele tanto criticou deixaram-me estupefacto! As Finanças, a Justiça e a Política Externa eram os únicos cavalos de batalha de Sampaio quando criticava o anterior Governo, de repente era necessário continuidade.

Terá Sampaio mudado? Eu acho que, no essencial, não! Coerente até ao fim no seu papel de transformar a nossa Democracia num regime parlamentar. Eu não concordo, acho os seus mandatos fraquíssimos mas não me venham falar em desilusão ou mudança porque Sampaio também foi assim nos Governos de Guterres. Tanta continuidade e estabilidade só interessavam se a Governação não fosse medíocre e se o país estivesse a evoluir. Considero Sampaio um dos grandes responsáveis pelo pântano que este país esteve nos últimos quatro anos e que estará, pelo menos, nos próximos dois. Defendo mais intervenção, mais poderes e mais personalidade ao próximo Presidente da República, Presidente dum verdadeiro Regime Semi-Presidencialista.

quinta-feira, agosto 12, 2004

(133) Ficções

“Quero propor um Pacto de Regime: não alargar a “Silly Season” por mais um ano. Por isso vou propor aos partidos da oposição que não se oponham ao meu casamento com a Elsa Raposo. Para o bem de Portugal!”
Pedro Santana Lopes, excerto da entrevista dada à revista “Santanetes”

“Estou-me a cagar se ele quer casar ou não!”
Ferro Rodrigues, excerto duma conversa telefónica acabada de ser distribuída pela Lusa

“O meu papel é assegurar a continuidade das políticas deste Governo. Vou analisar se esta decisão estava ou não no programa de Governo e se o Durão faria o mesmo.”
Jorge Sampaio, em comunicado ao país

“Então não faria!”
Durão Barroso, à revista “Eu estou em todas, basta mudar o nome”

“O meu amigo Rumsfeld vai oferecer um almoço ao noivo. Ele vai trazer um presente para o Estado Português, um caça em terceira mão, com 5% de desconto.”
Paulo Portas, à revista “Homens da América”

“Ouvi dizer que o desconto é menor. Um dia destes mostro-te os papeis.”
Adelino Salvado, off the record a Octávio Lopes, publicado em três jornais de referência

“Eu acho que isto só mostra que devíamos ter ido a eleições para podermos referendar este casamento.”
José Manuel Fernandes, no seu editorial do Público

“Vários sectores do PSD, que não vale a pena dizer quais, acham que este casamento vai prejudicar a concentração de Santana. Chega-se mesmo a dizer, nos corredores dum edifício abandonado, que há uma certa insatisfação nas bases. Conclui-se, a pedido dos barões não assinalados do PSD, que é o regresso ao PPD.”
Expresso

“O gajo é esperto. Força Santana, toda a Madeira apoia-te.”
Alberto João Jardim, após uma reunião com Bagão Félix sobre o perdão das dívidas futuras da Região

“Eu já desde 1977 que previa isto. É o que dá o populismo. Eu bem avisei que depois de perder com o Torres Couto só lhe restava o caminho do facilitismo. Claro que me vão citar mal, por isso é que nunca falo para a Imprensa.”
Pacheco Pereira, no seu blog Abrupto

“Mais uma vez fui roubado, a ideia era minha e ele sabe que não posso casar agora outra vez ... mas quem sabe daqui a dois anos ...”
João Soares, num comício na sede das Mulheres Socialistas

“Não tenho paciência para comentar os problemas do país, estou preparando a minha candidatura a Papa.”
António Vitorino, à revista “Dom Sebastião”

"Ridículo! Eu e a Bárbara é que somos um projecto para Portugal! Eu, a minha mulher e o maestro estivemos a falar até altas horas da noite e chegamos à conclusão que Chopin não tocava violino. O maestro, já ao pequeno almoço, lembrou-se até que eu podia concorrer a noivo, se já não estivesse casado. Acrescentou até que, para o bem de Portugal, concorria ele se tivesse que ser."
Manuel Maria Carrilho, à revista "Eu sei que Chopin não tocava violino"

“Citando a minha avó, sábia no pensamento neo-filosófico, nada como co-incenerar o país e reciclá-lo. Já o meu primo da parte da minha mãe influenciou-me muito, fez-me abrir os olhos para a realidade do mundo. Em tempos ele disse e eu cito: ’Casar com a Elsa Raposo custa muito dinheiro, mais vale pormos Portugal todo a pagar’. Eu, pessoalmente, não quero compremeter-me e dar a minha opinião.”
José Sócrates, à revista “Reciclagem de Imagem”

quarta-feira, agosto 11, 2004

(132) Se a Cabala realmente existiu, uma demissão chega?

Excertos dum artigo do Jornal de Notícias, hoje:

"A convicção, no "núcleo duro" do Governo, de que o ex-director da Polícia Judiciária poderá ter protagonizado fugas de informação selectivas e contribuído para a eventual violação do segredo de justiça no processo Casa Pia, envolvendo o nome do então líder da Oposição, Ferro Rodrigues, pesou de modo decisivo na opção de fazer sentir a Adelino Salvado a falta de apoio político do Executivo e, assim, forçar a sua demissão."

"Segundo foi possível apurar, no seio do Governo terá sido admitida a autenticidade de excertos de conversas mantidas - e, ao que tudo indica, ilicitamente gravadas - entre Adelino Salvado e um jornalista do "Correio da Manhã". A confirmar-se a autenticidade, o ex-director da PJ teria utilizado, com vista à sua difusão pública, elementos de informação alegadamente constantes do processo - mas que não estariam no inquérito, nem foram acolhidos pela acusação -, envolvendo o então secretário-geral do Partido Socialista no escândalo da Casa Pia."

"Contactado pelo JN, Ferro Rodrigues reagiu com violência: "Não conheço as cassetes, mas se é verdade que os conteúdos me referem, conforme já muitos me disseram, então a demissão de Adelino Salvado não me chega. Tem de pagar pelo que fez"."

"'Quero saber tudo o que se passa à volta desta história das cassetes", afirmou o dirigente socialista, acrescentando: "Se é verdade que existe uma conversa entre Adelino Salvado e Octávio Lopes, do "Correio da Manhã", onde falam várias vezes de mim, então esse juiz cometeu três crimes: violação grosseira do segredo de justiça, divulgação de calúnias e a mais abjecta conduta de destruição de um líder político. Enquanto não souber quem montou e me envolveu na miserável trama da Casa Pia não descansarei'."

O artigo, a ser verdadeiro, é uma bomba. Com consequências bem maiores que a da simples demissão de Adelino Salvado. Se, repito se, confirmarem-se metade das suspeitas aqui levantadas quebra-se um princípio fundamental na Democracia, a não instrumentalização da justiça pelo poder político. Que vergonha, isto não podia ter acontecido! É mau demais para ser verdade! Que crime grosseiro o do Adelino Salvado, que crime grosseiro a do jornalista, que assassinato político. A ser verdade muito vai ter de mudar...

terça-feira, agosto 10, 2004

(131) O meu sonho é ser Primeiro Ministro...


Mistura de Zandinga com Gabriel Alves, garante Barroso Posted by Hello

Já faz mais de um mês que não comento o estado da política nacional! Talvez o desalento e a desilusão expliquem este facto. Olho para os nossos actuais Governantes (nacionais, regionais e locais) e não lhes reconheço nem visão nem competência. Não encontro nem discursos coerentes nem linhas de rumo para Portugal.

Hoje fiquei deprimido ao ler o Público. A descrição, transcrita por este jornal da "Folha de São Paulo", a Santana Lopes é reveladora da falta de respeito que Santana Lopes transmite. De facto Santana Lopes não tem nem perfil nem competência para ser Primeiro Ministro. O seu curriculum e o seu recente trabalho na Câmara de Lisboa aí estão para o provar, mais do que as razões invocadas pelo jornal Brasileiro.

"Bom amante da noite Lisboeta, sempre cercado por mulheres, geralmente loiras arrumadíssimas, chamadas de Santanetes", diz a Folha de São Paulo. Não percebo que daqui advenha algum problema, qualquer homem tem direito às suas noitadas, só acho mal que se chamem de "Santanetes", deviam pertencer ao domínio público, não serem exclusivas. Mas Santana de certeza que agora vai combater a exclusão.

"Presidente de um clube de futebol, comentador desportivo e participante de concurso em shows da TV", continua o edificante jornal. E qual é o problema? Uma pessoa tem de ganhar a vida, tem muitos filhos e "Santanetes" para alimentar.

"Santana Copos", acrescenta o jornal para explicar porque Santana ia abandonar a política. Qual é o drama? Só bebendo uns copos é que conseguimos ter estomago para a política nacional, é o que eu estou a fazer agora.

"Apreciador dos violinos de Chopin", quando era Secretário de Estado da Cultura (Chopin era um conceituado pianista polaco). Também é má fé do jornal, até parece que quando ocupamos um cargo temos de saber tudo sobre a area, para isso há assessores.

Sinceramente acho este tipo de jornalismo dispensável! As palavras que eu utilizaria para definir Santana Lopes seriam incompetente, megalómano, oportunista e incoerente. O que faz na vida privada só a ele diz respeito, o seu serviço público é que deixa muito a desejar e muito dinheiro nos tem custado. Continuo sem vontade de adicionar linhas ao meu Blog sobre política nacional, sobre Sampaio, sobre as primárias no PS, sobre a deslocalização de Secretarias de Estado e muito menos sobre a Casa Pia. Enfim...

segunda-feira, agosto 09, 2004

(130) A Imprensa cada vez menos livre e cada vez menos rigorosa

"As pessoas passam a vida a confundir com notícias aquilo que lêem nos jornais."
A. J. LIEBLING

Fico preocupado com o estado da chamada Imprensa Livre no contexto actual. Nos EUA há uma onda de opiniões que está a condicionar as críticas à Administração Bush e ao próprio Presidente. Parece que cada vez que um jornal ou Televisão critica a Administração está a cometer um acto de anti-patriotismo imperdoável e inaceitável. A cobertura da guerra e da campanha está a ser muito parcial e selectiva, acusam os Democratas e várias associações de jornalismo. Mas parece ser algo que não está a incomodar a maioria dos Americanos já que sempre que Kerry fala nos seus aliados e em multilateralismo desce nas sondagens, não está mesmo na moda criticar o Presidente nos tempos que correm. A imprensa não existe para satisfazer os critérios da sua população, não deve ser opinativa, apenas deve transmitir os factos. Como explicar que a BBC fale de factos relativos à Administração Bush que o público Americano não tem acesso nem nunca ouviu falar?

"Primeiro apure os factos. Depois, pode distorcê-los à vontade."
MARK TWAIN

Mais uma decisão polémica ocorreu no campo dos media. As emissões da Al-Jazeera foram suspensas por 30 dias no Iraque. A justificação desta suspensão é que esta tenha tempo para "reajustar a sua política em relação ao Iraque". Mais, o ministro do interior diz que esta cadeia mostra "demasiados crimes e criminosos" difundindo assim uma "má imagem do Iraque e dos Iraquianos". Esta linha de argumentação não é coerente, a causa e o efeito estão sujeitas à análise subjectiva do poder político.

"Um editor de jornal é alguém que separa o trigo do joio e imprime o joio."
ADLAI STEVENSON

Mas haverá alguma justificação para esta desconfiança da Imprensa livre? Há. Nada que justifique condicioná-la mas, de facto, a imprensa está deturpando os factos com critérios de mediatismo, patriotismo e orientação política. Um pequeno exemplo de como um jornalista descredibiliza-se é um artigo do Público no Local Porto de hoje. O artigo, em destaque, diz "Mais de dez mil pessoas utilizaram anteontem o metro para chegar ao Estádio do Dragão(...)". Quem só lê esta parte pensa que dos 47104 adeptos que foram ao estádio, mais de 10000 pessoas chegaram lá de metro. Mas o uso das palavras "pessoas" e "chegar" apenas é utilizado para aumentar o impacto da notícia. No corpo do texto é escrito, "Foram registadas anteontem, entre as 19h30 e as 23h30, mais de dez mil validações na Linha Azul(...)". Aparentemente a notícia é a mesma mas as conclusões podem ser bem diversas. Não são 10000 pessoas mas sim validações o que pode indicar viagens de ida e volta. E que circularam na Linha Azul, não que chegaram ao Estádio do Dragão podendo ter partido ou só utilizado o Metro noutros pontos que não no Estádio do Dragão. Será grave ou é só um preciosismo da minha parte? De facto houve um aumento considerável na utilização do Metro, mas o artigo não é rigoroso. Para mim é grave! Eu escrevo num Blog, tento ser rigoroso. Um jornalista não pode tentar, tem de ser! Um pequeno exemplo que não procura justificar o condicionamento da Imprensa, mas para tentar provar que também a Imprensa tem que ser mais rigorosa e neutra.

"O jornalismo moderno tem uma coisa a seu favor: ao oferecer-nos a opiniäo dos deseducados, mantém-nos em dia com a ignorância da comunidade."
OSCAR WILDE

domingo, agosto 08, 2004

(129) Conimbriga


Conimbriga Posted by Hello

Viajar em Agosto não é fácil e por vezes o calor torna desagradável o passeio. Mas tinha saudades de visitar Conimbriga e lá fui. O que me deixa sempre impressionado com o Império Romano é encontrarmos na sua organização de sociedade a base das nossas sociedades actuais com um maior destaque à qualidade de vida, mesmo que só fosse para alguns. Lá está o respeito por outras culturas (principalmente no aspecto religioso), a Democracia Directa, os Tribunais, os Centros Comerciais, a distribuição de água, enfim! A interacção das cidades com a água é exemplar, até para os conceitos actuais.

Quanto ao Parque em si, não notei grandes avanços nas escavações desde a minha última visita. Notei até alguns sinais de falta de manutenção, com a vegetação a crescer descontroladamente nos trajectos e nas próprias ruínas. Não averiguei porque é que isso está a acontecer.

Depois uma visita a Coimbra. Adoro sempre rever as ruas estreitas de Coimbra, as Universidades e Avenidas. Duas notas negativas, porém! Como no resto do país os edifícios parecem-me muito degradados e os novos não têm enquadramento nem coerência visual com o resto da cidade. Adicionalmente o rio Mondego parece-me muito poluído! Enfim, dois fenómenos que podemos explicar pelas leis nacionais. Pela lei do arrendamento que está a destruir o país e pela falta de aposta na Ecologia, tanto em estratégias globais como na fiscalização.

sábado, agosto 07, 2004

(128) Exemplos de Excelência


Finlandia Posted by Hello

- Educação – Finlândia: A sociedade Finlandesa valoriza professores e estudantes e obtém excelentes resultados, a nível mundial, na qualidade do ensino. A discrepância entre o desempenho dos alunos é das menores do Mundo. Algumas das razões apontadas são a exigência dum mestrado aos docentes, a liberdade destes em escolher os manuais e poderem adaptar os programa conforme os interesses e necessidades dos estudantes. Ser professor, neste país, é das profissões mais valorizadas. A Educação é gratuita, mesmo nas Universidades, o que ajuda a explicar que 65% dos Finlandeses vai ou para as Universidades ou para os Politécnicos. Adicionalmente a maioria dos estudantes recebe do Estado até 600€ para cobrir os custos de vida. Curioso é a Finlândia não estar no top internacional de Gastos com Educação (OCDE: $6000 estudante/ano sendo a média dos países da OCDE de $6360 e nos EUA $10240).

- Investigação e Desenvolvimento – Suécia: A Suécia está em primeiro lugar no Top Mundial de países que fazem Investigação e Desenvolvimento (per capita). O segredo parece estar numa das fases mais ignoradas noutros países, o D (Desenvolvimento) onde é dado ênfase nas Instituições Académicas. Estas Instituições assistem as empresas no desenvolvimento de produtos direccionados para o Mercado. A Suécia lidera a Investigação de BioTecnologias (“Medicon Valley”, descrita como “rain forest of biotech start-ups”). O Governo incentiva e há uma cultura estabelecida de inovação. Os “cérebros” são fornecidos pelas Universidades Estatais que também colaboram com as empresas. Estejam atentos à Suécia e à sua florescente (ainda com poucos recursos) Indústria Farmacêutica.

- Desenvolvimento de Software – Estónia: Desde que, em 1991, ganharam a Independência da antiga União Soviética a Estónia tem apostado, com muito carinho, na Indústria de Tecnologias de Internet. O legado Soviético foi bem potenciado, apostando nas capacidades técnicas dos estudantes e na mentalidade de trabalho duro da população (disciplina pessoal no local de trabalho). Esta fusão entre o saber e o fazer tornam os trabalhadores “apetecíveis” para Multinacionais implatadas no país e em países vizinhos. “In terms of technical expertise i have never found anywhere better”, diz Niklas Zennstrom, criador do Kazaa e do Skype.

Exemplos a considerar! É importante um país ter objectivos de longo prazo para tornar as suas políticas coerentes.

Fonte: Newsweek 26 Julho 2004

(127) Del Neri perde ligação e cargo

Tempos estranhos estes que vivemos! Até o Futebol Clube do Porto de Pinto da Costa despede treinadores um mês depois de contratá-los. Começa assim bem a época 2004/05 para os Dragões. Já não bastava a revolução táctica que tiveram que assimilar na pré-época agora os jogadores do Porto vão ter que, em vésperas de importantes competições, adaptarem-se novamente a novo treinador e a novos métodos de trabalho.

Será ainda o fantasma de Mourinho a pairar na Torre das Antas? Tempos estranhos estes que vivemos!

sexta-feira, agosto 06, 2004

(126) Tão caricato que já não tem piada, assusta!


Já nem consigo rir! Posted by Hello

The American president added to his reputation as a gaffe-prone public speaker yesterday by declaring that the White House was doing everything it could to harm the United States.

Although many an opponent may agree with the sentiment, the statement was made in all seriousness at the signing ceremony for a $417bn defence spending bill.

"Our enemies are innovative and resourceful, and so are we," George Bush told an audience of military brass and Pentagon chiefs. "They never stop thinking about new ways to harm our country and our people, and neither do we."

The Associated Press reported that there appeared to be no reaction from the audience.

The Guardian - discurso de 5 de Agosto

quinta-feira, agosto 05, 2004

(125) O meu Regime Político explica tudo...


Iraque Posted by Hello

Uma discussão actual é o grau de condenação de um acto conforme o regime político que o pratica. Há quem defenda que nas Democracias a gravidade dum acto é menor porque há divulgação e exorcização (“Pelo menos eles dão liberdade para discutir o que se faz mal...”). Mas também há quem diga que é menos grave nos Regimes Totalitários porque as instituições têm menos influência, nas Democracias é que devia haver mais ponderação (“Coitados, tantos anos de humilhação...”).

Nenhum dos pontos de vista tem razão de ser ou duma perspectiva retorcida são ambos válidos. Um acto de tortura, assassinato ou de terrorismo tem o mesmo efeito em todos os locais, momentos ou situações. Claro que pode haver atenuantes mas estes não se medem pela moralidade do regime que a ordenou.

Partindo do pressuposto (errado, mas útil) que as torturas numa prisão sobre o regime de Saddam e sobre a tutela Americana eram iguais em duração e intensidade, podemos distinguir a gravidade de tais actos?

E podemos distinguir o terrorismo do Estado de Israel do da Palestina? Os assassinatos selectivos, os campos de refugiados, os desalojamentos, a destruição de infraestruturas básicas e de segurança, os Colonatos não são uma forma de terrorismo? Quem tem o direito à legítima defesa? Será que ainda alguém se lembra quem começou as hostilidades?

A essência de um acto não muda conforme o Regime que o pratica. O grau de condenação mede-se pela gravidade intrínseca do acto.Há um Fenómeno Universal de exageros cometidos em nome dos mais variados objectivos, que atravessa todos os tipos de regimes.

(124) Alerta Laranja


Mais um Alerta Laranja, Bush ainda no poder! Posted by Hello

Os EUA estão novamente em Alerta Laranja. Só em 2003 passaram a este nível de alerta ("alto") quatro vezes, e passaram quase o resto do ano em Alerta Amarelo ("elevado"). As palavras mais usadas são "não temos informação credível ou específica", "informações corroboradas por várias fontes", "ameaças sem alvo específico", "aniversário do 9/11", "múltiplos ataques" e agora "informação muito mais específica que o habitual". O que este último comunicado revela é que já não basta accionar o Alerta Laranja, é preciso reforçar com o "mais específica que o habitual".

Esta política de constante lembrança ao seu próprio povo que precisam de estar sempre alertas e com medo tem três consequências visíveis. A primeira é conseguir mais fundos para a guerra e mais venda de armas em solo americano, a segunda visa contribuir para a necessidade de manter o Presidente que já conhece o terrorismo mas a terceira é ainda mais perigosa, daqui a uns dias quando houver um perigo eminente vai ser preciso fogo de artifício para os Americanos perceberem que desta vez é a sério.

quarta-feira, agosto 04, 2004

(123) Fahrenheit 9/11


Fahrenheit 9/11 Posted by Hello

Fui ver o filme Fahrenheit 9/11. Era inevitável! Sai bastante desiludido porque se já não gostava do estilo de Moore, achei o filme muito forçado e motivado por um plano de vingança pessoal. Até o humor sarcástico de Bowling for Columbine não esteve presente neste filme de forma natural.

Mas o filme obriga-nos a reflectir sobre alguns temas. Posso não gostar do tom e da forma manipuladora do autor mas tudo está bem documentado!

- A eleição de Bush: Cada vez estou mais convencido que em pleno século XXI os EUA decidiram o seu Presidente na "Secretaria". A manipulação dos media (através da Fox, por intermédio de um primo), a exclusão de grupos raciais dos cadernos eleitorais (pelo Governador da Florida, irmão), a onda de prisões nos dias anteriores à votação, a contagem e recontagem feita (pela empresa da chefe de campanha), a decisão do Supremo (juízes próximos do pai).

- A ligação de Bush à Arábia Saudita: Continuo sem perceber como um país como os EUA deixa o seu Presidente e colaboradores terem relações tão nebulosas (antes e depois de ser eleito) com dinheiro proveniente de países com ditaduras, de empresas de armamento e de reconstrução. A "fuga" da família Bin Laden da América chega a ser caricata, não menos que a empresa que mais lucrou com o 9/11 pertencer em parte à famíla Bush e Bin Laden.

- O Iraque: A manipulação do povo Americano para a necessidade de atacar o Iraque (armas de destruição em massa e ligações à Al Quaeda que são comprovadamente exageradas) foi a parte do filme mais mal explorada. Os exemplos são lamechas e forçados, as imagens desconexas, as conclusões precipitadas. Fica, porém, mais uma certeza. Foi uma guerra pensada para dar a ganhar dinheiro aos empresários ligados à Administração Bush e para desviar as atenções a países menos lucrativos (até prejudiciais às finanças da família Bush) mas com muitas mais ligações ao terrorismo. Relembro que Saddam sempre teve relações difíceis com a Al Quaeda, impedindo a sua infiltração no país. Mas deste é que eu não tenho mesmo pena.

Artisticamente o filme é fraco, como documentário tem um estilo que não gosto, como filme denúncia faz-nos reflectir. Só não compreendo como nas terras do tio Sam isto é possível, a mesma América que crucificou Clinton pelas suas fraquezas sexuais não tomar medidas em relação a tanta corrupção, denunciada pelo próprio relatório sobre o 9/11 elaborado pela comissão 9/11. Uma coisa é certa, recomendo a leitura dos factos (de forma atenta e dando o devido desconto) e ficar de boca aberta. Os factos não têm sido contestados, mas sim a manipulação destes por Moore, mas ainda ninguém contestou nem os números nem as questões de fundo. E esta, hein!

domingo, agosto 01, 2004

(122) A desastrosa América de Bush


Shame on you, Mr. Bush Posted by Hello

Este post é sobre a desastrosa América de Bush mas também podia ser uma continuação do post anterior porque a América de Bush é a Democracia dos lobbies, é o poder das minorias sobre as maiorias.

A Reuters lança uma notícia alarmante mas tudo menos inesperada! O défice orçamental Americano, ao contrário dos anos Clinton, alcança o recorde de 445 biliões de dólares. Bate o recorde anterior que também pertence a Bush que era de 374 biliões de dólares. Clinton durante anos acumulou dólares tentando aprovar uma gigantesca reforma na saúde e na educação sendo constantemente travado no Senado Republicano. Onde é que Bush foi gastar tanto dinheiro? Na redução de impostos dos mais ricos e nos custos de guerra. Quem ganhou? Os lobbies. Quem voltou a não ser ouvido? Os cidadãos. Quem perdeu? O mundo. Enquanto Cheney e Rumsfeld dão fortunas às empresas que continuam ligados quem pagou? Os cidadãos do Iraque que morrem todos os dias. Ou alguém ainda tem dúvidas que a guerra foi feita sem esgotar todas as vias diplomáticas e todos os tipos de sanções? E alguém tem dúvidas que os pretextos da guerra foram meticulosamente forjados?

Lawrence H. Summers (Secretário do Tesouro da segunda administração Clinton) avisa que a situação Americana vai arrastar o mundo para tempos difíceis. Os EUA estão a pedir mais dinheiro emprestado que a soma de todos os países do mundo. A BTC (Balança de Transacções Correntes) Americana que inclui não só o défice orçamental mas a diferença entre o que os EUA gasta e poupa atingiu um défice de 5% do PNB. O baixo nível de poupança leva a que os Americanos não estejam a pôr o dinheiro a trabalhar para eles levando a um verdadeiro desinvestimento em novas tecnologias e negócios. A dependência de dinheiro externo ultrapassa a dependência energética que Bush tanto tem lutado (com as mãos cheias de sangue) para ultrapassar.

Mais, o FMI (Fundo Monetário Internacional) no seu relatório de Janeiro de 2004 avisa que o défice Americano vai causar subidas nas taxas de juro mundiais nos próximos anos afectando o crescimento global.

O resultado esperado desta política desastrosa é um retrocesso na Globalização e a tendência para um maior Proteccionismo. Numa coisa todos os economistas concordam, mais Proteccionismo atinge seriamente a prosperidade mundial. Conclusão! Só uma, como a Democracia não está a funcionar. Os cidadãos Americanos não queriam esta política, vão pagá-la caro e com eles o Mundo inteiro. Este é o Bush da impunidade, dos favorecimentos, dos lobbies, das torturas, do desastre económico. Mais 4 anos de Bush e eu nem sei onde isto tudo acaba! Como é que chegamos a este ponto?