Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

quinta-feira, setembro 30, 2004

(180) Porque a Memória é Curta


Kofi Annan Posted by Hello

Eu tenho uma grande admiração pelo trabalho que Kofi Annan tem feito na Organização das Nações Unidas. Recentemente Annan deu uma entrevista à BBC classificando a Invasão ao Iraque de Ilegal. As reacções foram rápidas criticando o conteúdo e o momento destas afirmações. Houve até alguma agressividade da Diplomacia Australiana e muita contestação da Diplomacia dos EUA e da Inglaterra. Segundo os representantes destes países a guerra foi considerada legal por muitos juristas especialistas em Direito Internacional.

O que é que Annan disse que irritou tanto os “Aliados”? Que a primeira resolução era insuficiente e que não existiam ADM ou Armas de Destruição em Massa. Daí concluíu que os EUA não tinham legitimidade para a “invasão”. Se acrescentarmos o facto de nada se ter provado da ligação de Saddam ao terrorismo parece-me óbvio que, neste contexto, não foram esgotadas todas as oportunidades diplomáticas. Eu até acho que esta guerra era inevitável mas foi feita da maneira errada, com os objectivos errados e sem plano para o pós guerra.

Porque a memória é curta e a justiça internacional só é válida para os vencidos aqui vai um resumo do que se passou.

1. A Primeira Resolução previa sérias consequências se Saddam não se desarmasse. Carecia de nova aprovação da ONU essas consequências.

2. Não foram encontradas ADM e os inspectores da ONU não terminaram os seus trabalhos. Todavia a conclusão preliminar é que não haviam ADM.

3. As Consequências sérias não foram aprovadas pela ONU.

4. Os EUA desistiram duma Segunda Resolução porque anteciparam o seu chumbo. Não era viável.

E agora? Se foi ilegal quem paga pelas consequências de monstruoso erro? Para que serve ter Organizações Internacionais quando estas ou não têm peso (ONU) ou são manipuladas por um só país (NATO, OMC)? De qualquer forma uma palavra de admiração a Kofi Annan pelo desempenho nas Nações Unidas.

(179) Memórias do Filho do 25 de Abril

Eu tentei, de várias formas, organizar os meus posts por categorias. Experimentei códigos fornecidos por outros blogs (Obrigado, Laranja Amarga) e nada resultou. Mas continuava a sentir a necessidade de disponibilizar os meus dispersos textos numa forma mais organizada e de mais fácil consulta.

Por isso criei o Memórias do Filho do 25 de Abril. Aqui os links para vários posts estarão organizados por categorias permitindo, espero, uma mais fácil consulta. Bem sei que neste Universo dos Blogs raros são os leitores que consultam os arquivos e o passado destes mas este cantinho é feito para o meu prazer, e pelo menos eu vou, de vez em quando, consultar as asneiras que disse no passado.

Para já duas categorias.

Religião: Nesta categoria estão, de momento, sete posts. Os seis mais antigos são o resultado duma viagem espiritual que preconizei em busca do meu rótulo religioso. Descobri que sou Agnóstico, podem ver porquê. O sétimo post é sobre o conceito de Fátima, escrito no dia 13 de Maio.

Literatura: Esta categoria prova que este ano tenho lido muito pouco. Mas estão aqui as minhas opiniões sobre três livros. Dois sobre a visão pessoal (biográfica) de um polaco e um italiano do Holocausto (O Pianista e A Trégua). A não deixar de ler. Depois um livro do Luis Sepúlveda, bastante interessante.

Quando o tempo me permitir organizarei mais categorias. Aos interessados, boa leitura.

quarta-feira, setembro 29, 2004

(178) Páginas Soltas (3): A Trégua, Primo Levi


Primo Levi photo: Jerry Bauer Posted by Hello

"A nostalgia é um sofrimento frágil e gentil, essencialmente diferente, mais íntimo, mais humano que as outras penas que tínhamos suportado até aquele período: agressões, frio, fome, terror, privações, doença. É uma dor límpida e limpa, mas urgente: perpassa todos os minutos do dia, não permite outros pensamentos, e conduz às evasões."

"A Trégua" não é a continuação de "Se Isto é um Homem", mas sim o prolongar da luta de um homem vítima do Holocausto. Se no livro anterior Primo Levi contava-nos a (sua) história de sobrevivência agora conta-nos o difícil regresso a uma vida que já não existe. Mas antes de tentar reconquistar a "normalidade" há uma trégua, uma trégua que antecede outra batalha.

"Regressávamos mais ricos ou mais pobres, mais fortes ou mais vazios? Não sabíamos: mas sabíamos que nos patamares das nossas casas, para o bem ou para o mal, nos esperava uma prova, e aguardávamo-la com temor."

Este livro é mais um contributo para conhecer o Holocausto das pessoas e não só o Holocausto dos números e das datas. É um relato poderoso que relembra-nos que as consequências das guerras não se esgotam nos campos de batalha.

(177) Facturas

Todos nós criticamos a evasão fiscal. Este acto prejudica-nos, faz-nos ter piores serviços públicos e obriga-nos a pagar mais impostos. Mas será que fazemos tudo o que está ao nosso alcance para não sermos cúmplices da "economia paralela"? Não teremos todos a mentalidade de "já que todos roubam não vamos ser nós os estúpidos".

Caso 1: Fui a uma loja de informática. O meu computador estava avariado. Pedi um orçamento. Fui levantar o computador e ao pagar pedi factura. Responderam-me com toda a normalidade... "vai ser mais caro"! Foi mais caro. Acho que fui estúpido!

Caso 2: Mesma situação, oficina para lavagem de carros.

Caso 3: Mesma situação, médico no domicílio.

Na maioria das situações a factura era inútil para mim, eu fiquei a perder dinheiro. Fui estúpido. Mas o Estado vai receber mais IVA e IRC. Fraco consolo.

Os que acham que "já que todos roubam não vamos ser nós os estúpidos" podem contribuir na mesma. Podem pedir facturas em todos os sítios que, imoralidade das imoralidades, não fazem um desconto mesmo sem factura. É o caso dos talões emitidos por computador nos restaurantes, as compras em numerário nas lojas, as fotocópias (que já violam os direitos de autor) e por aí fora. Nestes casos quem não passa facturas burla na mesma o Estado e o cliente só perde, mesmo que indirectamente.

Em vez de estarmos sempre a queixarmo-nos dos impostos que pagamos o melhor é pedir sempre factura. Para aqueles que gostam de falar mal na mesma de Portugal mas adoram "descontos" peçam na mesma as facturas quando não têm direito ao "desconto". Nem que seja porque tiveram a lata de não vos fazer o "descontinho".

terça-feira, setembro 28, 2004

(176) Political Compass

Na sexta feira o jornal Público mostrava os resultados dos três candidatos à liderança do PS no Political Compass. Até aqui tudo normal.

Fiquei bastante surpreso com a resposta de Sócrates a esta afirmação:

"O consumo de pornografia, envolvendo adultos de sua livre vontade, deve ser legal para a população adulta."

A resposta de Sócrates foi Discordo! Discordo? Se eu comprar a PlayBoy devo pagar multa ou ser preso? Se resolver assistir a um filme pornográfico devo ser censurado? Prefiro acreditar que Sócrates estava distraído...

De qualquer forma os parabéns a Sócrates pela esmagadora vitória e pela renovada esperança que representa para muitos portugueses.

segunda-feira, setembro 27, 2004

(175) Pergunta do dia (2)

O terrorismo é uma táctica. O objectivo é a propagação do terror. Que chamar aos Governos que reagem a uma táctica retirando direitos, liberdades e garantias aos seus cidadãos através do medo? Sugiro uma de duas respostas: terroristas e/ou cúmplices!

(174) No Comments


No Comments Posted by Hello

(Clique sobre a imagem para ver no tamanho original)

Há a Segunda Feira, a Terça Feira... e o Domingo Feira!

(173) Estou de volta...

... e com saudades de comer uma...


...Francesinha... Posted by Hello

Post Scriptum: Queria agradecer ao Elogio do Silêncio por ter tirado as teias de aranha a este blog. Espero que continue...

sexta-feira, setembro 24, 2004

(172) Magnólia, de Paul Thomas Anderson

Acreditam no acaso? É bom que acreditem porque ele existe... aí estão todas as coincidências do mundo para o provar.

Como definir este filme? Cruel é insuficiente, realista parece-me simplista... só sei que esta película não oferece redenção às suas personagens, pelo menos aquela redenção utópica que nos habituou noutras produções de Hollywood. Aqui poucos alcançam a redenção e para lidarem com o passado têm que passar por um processo de humilhação, auto-flagelação e desespero com resultados incertos.

Veja-se a personagem interpretada pela (magnífica) Julianne Moore na cena da farmácia. Quem somos nós para julgar seja quem for? E a personagem do Tom Cruise ou do William H. Macy. Porque somos contentores de frustações inultrapassáveis? E quando já não há tempo para corrigir os nossos erros?

Paul Thomas Anderson realiza um filme que cresce contínuamente de tensão à medida que tudo se clarifica. A intensidade atinge níveis quase insuportáveis para as personagens e para o espectador. Esta obra prima da Sétima Arte tem um dos seus apogeus quando todas as personagens cantam "Wise Up" (Aimee Mann é uma das personagens deste filme) numa orgia de desespero e dor. Depois a chuva de sapos parece anunciar o fim da tempestade. Mas o coração das personagens não pára de sangrar... não existe o paraíso, apenas o conforto de quem acerta contas com o passado.

É doloroso ver este filme. É de tal forma realista que a decadência das diferentes personagens parece retratar a essência do ser humano, sem nenhum tipo de ilusão ou abstracção. É um dos meus filmes favoritos...

Termina com um sorriso, tímido mas não envergonhado!

(171) Pergunta do Dia

Terá Celeste Cardona o perfil adequado para ser Administradora da Caixa Geral de Depósitos?

quinta-feira, setembro 23, 2004

(170) Banalidades

Ainda não é o regresso, que está para breve, mas apenas umas breves considerações sobre uma das banalidades que definem a nossa vida antes de retomar o blog de forma regular. Tenho estado, nestes últimos dez dias, na Ilha da Madeira que está em pré-campanha eleitoral para as eleições regionais. O apelo para descrever o meu ponto de viista sobre a Insustentável Leveza da Democracia na Madeira é grande, mas esta análise vai ficar para mais tarde. Nada mais banal que uma refeição e ontem fui pela primeira vez efectuar esta operação banal num restaurante Japonês.

Gosto de experimentar tudo o que é diferente na Gastronomia. A refeição maximizou a quantidade de sabores diferentes. Para começar Sushi composto por carnes cozidas (California Roll e Chikin Maki). A combinação do Sushi com Gengibre é bastante feliz. Mas Comida Japonesa sem peixe crú é o mesmo que pensar no Portas e não nos lembrarmos na qualidade ética do Jornalista (do Independente), do Gestor (da Moderna) e do Ministro (do PP). Sashimi Moriawase é uma mistura de peixes crús (atum, chicharro, robalo, salmão e polvo) servidos com um molho de soja com uma mostarda verde. Mas faltava o Yaki-Niku (como era um conjunto de carnes grelhadas como vaca, pato, porco e galinha chamava-se Sanzoku-Yaki) para fugir à monotonia de quem vive numa ilha onde não há Alternância Democrática. Nada como experimentar tudo para não criar vícios na alimentação.

Para finalizar o frio e o quente. Um gelado de chá verde (Maccha Ice) e um Sake (Ozeki) quente. Parece o nosso Primeiro Ministro nos seus extremos, um silêncio glaciar sobre o Túnel do Marquês e uma arara enérgica quando quer falar de intenções em todos os blocos noticiosos e programas sociais.

Banalidades! A vida é composta por um conjunto diversificado de banalidades. Obrigado Jardim, Santana e Portas. Vocês compõem a nossa vida, são o sal (ou o gengibre) do nosso quotidiano, são o tal conjunto diversificado de banalidades e de pessoas banais que compõem o nosso dia a dia. Seja uma refeição num restaurante novo, uma nova intenção de Santana, uma nova loucura de Jardim ou mais um filme de guerra aos fantasmas de Portas tudo é importante e faz das nossas vidas o que realmente são, banais mas de alguma forma mais divertidas.

(169) O Futuro na EXPO

Desde já lamento a minha impossibilidade de mandar posts nestes últimos dias...

Queria voltar a um assunto debatido esta semana... Afinal o novo casino de Lisboa não era para requalificar o Parque Mayer, aliás Santana Lopes apenas queria mais um sítio para passar as noites! A 24 de Julho já não está na moda e não é para alguém do status do nosso Primeiro...

Continuo a hesitar no interesse da construção de mais um casino na área da Grande Lisboa, ainda por cima com a desvantagem de ter de compensar o outro pelo aumento de concorrência...

quinta-feira, setembro 16, 2004

(168) Os Pesadelos do Mira Amaral

Depois de tão íntegra decisão do Mira Amaral em se demitir da Presidência da Caixa Geral de Deoósitos, posições bicéfilas que permitem multiplicar o número de cargos por nomeação, renunciando à indemnização que lhe era devida, Mira Amaral descobre agora que, devido à reforma garantida (18000 euros mensais), vai ter de pagar as taxas mais elevadas no Sistema Nacional de Saúde!!!

É dramático!!! Se soubesse que ia ser despedido e, querendo salvaguardar a posição do Estado e de todos os seus contribuintes, renunciando a uma indemnização principesca, depois recebesse esta notícia, sentir-me-ia completamente traído!! É uma facada nas costas!! Como é que esperam que o Mira Amaral cuide do seu Estado de Saúde?

Espero que pelo menos apoiem os idosos...

Enfim, a ingratidão usual portuguesa...

terça-feira, setembro 14, 2004

(167) O eterno problema da produtividade

Cada vez mais custa-me ouvir falar desta expressão e das implicações da mesma. É óbvio que os aumentos salariais têm de acompanhar os aumentos de produtividade, mas a responsabilidade dos reduzidos aumentos dessa produtividade devem-se única e exclusivamente aos trabalhadores? Será que a produtividade altíssima de países onde temos grande tradição de emigração, como é o caso do Luxemburgo, onde somos uma das maiores força de trabalho nacional, se deve aos não portugueses? Será que a função pública é o desastre produtivo que se lhe reconhece devido aos seus trabalhadores?

Pergunto-me sempre se a diminuição de impostos para o tecido empresarial seria utilizado para a dinamização das empresas em causa...

Aposto que prefeririam gastar esse dinheiro em artigos pessoais de luxo...

segunda-feira, setembro 13, 2004

(166) Traduções / Legendagens

Vi há cerca de 2 semanas uma tradução que me deixou estupefacto...

Era a meio do Telejornal da RTP, uma reportagem acerca do tempo de espera do passageiros aéreos por razões de segurança, ou seja para serem revistados e para os seus pertences poderem passar na máquina de raios-x, procedimento cada vez mais apertados após os trágicos eventos do 11 de Setembro.

Nada de importante nem de anormal a não ser o tempo de espera dos passageiros que chegava a umas boas dezenas de minutos, enfim mais um exercício de enchimento de chouriços que as televisões portuguesas tanto nos têm habituado ultimamente (chega ao cúmulo de regularmente termos telejornais que demoram mais de 2 horas...). A determinada altura o jornalista entrevista um passageiro inglês para saber a sua opinião e o seu estado de espírito depois de tão exaustiva espera ao qual replica num perfeito inglês: «Better safe than sorry». A tradução brilhante do jornalista em voz-off (relembramos que nos encontramos num telejornal nacional com obrigações inerentes de qualidade informativa): «Deviam pedir desculpa...»

Deixo os restantes comentários para quem ler estas linhas... Eu garanto que fiquei abismado e possesso. Adulteraram completamente as declarações do homem!!

Faz-me lembrar de um filme de terror que vi há uns doze anos acerca de um boneco assassino, não era o Chuckie mas algo parecido (filme pipoca para apagar o cérebro durante umas 2 horas... às vezes é bem preciso). A meio do filme este boneco assassino mata um segurança de um armazém que, como todos os americanos que se prezam, era extremamente gordo. Ao arrastá-lo para uma sala, importunado pelo seu peso excessivo diz a seguinte afirmação: «You Moby Dick» (evidentemente a chamá-lo de baleia...) e cuja legendagem é perfeitamente deliciosa: «Seu mobi-pila»!!

Mais uma vez recuso-me a comentar tamanhas barbaridades diariamente vistas nas televisões portuguesas.

Imagino o que não seria a tradução de um discurso do George W. Bush nas mãos de um tradutor desta natureza. Às tantas ainda mais divertido que o original.

domingo, setembro 12, 2004

(165) A responsabilidade de ser Outro Filho do 25 de Abril

25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen

Antes de mais queria agradecer ao Ricardo... Deixar alguém percorrer as páginas deste blog com o à vontade com que me deixou é um sinal de coragem! Muito me honra ter sido eu o escolhido. Espero que a minha passagem temporária neste blog seja tão proveitosa para vocês como vai ser prazerosa para mim...

Não esperem alguém no mesmo registo do meu antecessor. Acredito firmemente na liberdade criativa e da palavra e por isso esta passagem será mais uma acha na fogueira da diversidade, principal contributo deste 25 de Abril comemorado diariamente neste blog... O 25 de Abril é mais que uma data festejada, que uma Revolução encetada, que a instauração de um nova ordem política, é um estado de espírito, é uma forma de estar e de parecer, é a total desmistificação do desafio da diversidade e do cosmopolitanismo...

No entanto a forma do "bloggismo" traz uma nova dimensão à liberdade de expressão, tantas vezes considerada estéril, pois a voz popular muitas poucas vezes tem a veleidade de aspirar a ser ouvida, o que neste universo cibernáutico onde reina o anonimato e a fuga da responsabilidade da palavra, o "bloggismo" traz uma nova dimensão.

Mas que dimensão é essa?

Vou fazer duas considerações que considero pertinentes:

A primeira diz respeito à forma. O que é um blog desta natureza? Assemelha-se a uma conversa de café onde expomos e defendemos os nossos pontos de vista? A dimensão da palavra escrita, passada para formato papel ou digital, tem algo de imutável, de transcendente, que deixa de ser nosso para ser de todos. Ou seja, ganha um significado maior do que aquele para o qual foi construído, passa para o imaginário interpretativo da pessoa que o lê, mas não deixa de ter exactamente o mesmo número de letras, de sílabas, de palavras. Deixa de nos pertencer para ganhar uma nova vida, um novo objectivo. Assemelha-se a um ensaio ou a um trabalho escrito sobre um determinado tema? A ligeireza de um blog nunca pode ter a pretensão de algo exaustivamente estudado, a linguagem tem de ser necessariamente diferente de forma a atingir os objecivos pré-definidos. A universalidade deste meio de comunicação impõe também objectivos de generalidade, tem de ser compreendido de forma transversal por qualquer indíviduo de qualquer classe social, económica ou formativa.

A segunda diz respeito ao conteúdo. Assemelha-se a uma tentativa de dar voz a quem manifestamente não a tem, fruto de um modelo de representatividade política em que os seus representantes são apenas representativos do seu partido? O significado de um blog continua a ser extremamente limitativo neste aspecto. Faz lembrar os desabafos que temos com aqueles que nos são próximos dos quais não esperamos soluções, apenas queremos tirar o fardo, por vezes insustentável, das nossas frustrações com o mundo que nos rodeia.

A única conclusão que consigo tirar deste post é a razão para a qual me motivei para substituir o Ricardo neste blog (para além do facto de me ter convidado, o que me muito me honra), que é o prazer da comunicação. O comunicar abertamente e descomplexadamente acerca de qualquer assunto honrando a nossa individualidade e o nosso intelecto, sem ligar a pressões exteriores, é um enorme privilégio e também um enorme poder. Este espaço é um hino à liberdade de expressão garantida na nossa Constituição, ao qual tantas vezes renegamos com medo das consequências desse direito. O problema situa-se sempre em conformidade com aquela velha máxima: «Com grande poder vem sempre grande responsabilidade!»


sábado, setembro 11, 2004

(164) Outro Filho do 25 de Abril! Até Breve!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.


Fernando Pessoa, 2-8-1933.

Durante uns dias (ainda indeterminados) não vou conseguir escrever neste vespeiro de reflexões. Mas não pensem que este blog vai deixar de emitir opiniões, porque outro Filho do 25 de Abril continuará (espero) a reflectir sobre o Estado do Planeta Terra e arredores! The show must go on. Até breve!

(163) Queria...

...reflectir sobre a estratégia de longo prazo que Santana Lopes tem para o país. Já está!

(162) 3 anos


3 anos Posted by Hello

Já passaram três anos desde que vi as imagens da queda das torres de Nova Iorque. Soube logo que o Mundo ia mudar, nunca pensei que tanto ou tão pouco.

O terrorismo passou a ser o destaque, o inimigo externo que os EUA tanto precisavam desde que acabou a Guerra Fria. Os ataques terroristas em si tiveram um impacto gigantesco mas muito aquém do impacto negativo que a reacção Americana teve. Deram-se novas fortunas aos desesperados empresários da Indústria de Armamento e das empresas petrolíferas, limitaram-se liberdades, retiraram-se direitos, restringiu-se a mobilidade, recomeçaram-se cruzadas sem enquadramento, dividiu-se o mundo. Pior que o terrorismo foram as reacções a este, entregando a vitória a quem devia ter sido derrotado.

Hoje penso que aquelas pessoas morreram em vão, a sua memória não foi respeitada. O Mundo tornou-se num sítio menos agradável para se viver. Em vez de se tentar compreender as causas do problema e combatê-lo, tenta-se combater a táctica (o terrorismo em si). Não há vitória possível. A ignorância, a pobreza e as desigualdades geram terroristas (apesar de não haver justificação possível) e isso nem tem sido abordado. O reforço da prevenção e segurança via serviços de informação tem sido amplamente negligenciado. Prefere-se combater a táctica com guerras desenquadradas do terrorismo. Assim ganham muito poucos...

Pouco ou nada se aprendeu nestes anos, muito mais vai acontecer. Só queria acreditar que a humanidade aprende com os seus erros mas estou cada vez mais céptico que assim é.

quinta-feira, setembro 09, 2004

(161) Janelas para outras opiniões (4) – Polittikus

Este blog (Polittikus) tem uma grande vantagem! Ao contrário do meu especializa-se só numa área, a Política, o que é uma vantagem para não ser vago em tudo, e analisar com outro rigor uma área específica. Por isso não é uma surpresa que seja um sítio muito comentado.

“Política sem côr nem dor. Crítica destrutiva e que nada quer construir.”

O lema é simples. A análise crítica destaca-se à tentação de quem tenta dar alternativas ao que não conhece em profundidade. Com grandes doses de ironia vai comentando o ridículo das prioridades dos políticos. Os políticos são os actores principais deste blog, mas estes não são idolatrados porque estão sempre a esquecer-se da tarefa importante que têm nas mãos. Mas os políticos não conseguem perceber isso, envolvidos em ridículas disputas de afirmação pessoal que fazem-nos esquecer da importância capital da Política na vida das pessoas.

“Começou a época dos incêndios florestais: Santana Lopes só está no poder há duas semanas e o país já esta a arder.”

Este post inicial (27 de Julho de 2004), de quem tem outro projecto nas mãos (porque fico com a sensação de que não é o primeiro blog criado por este bloguista), dá o mote. Críticas curtas, irónicas e mordazes. Muitas vezes não é preciso aprofundar as críticas, basta ridicularizar quem toma decisões com critérios distintos do bem estar social. E não me parece exagerado já que os políticos já não se preocupam em serem respeitados, só em serem conhecidos.

“O que mais impressiona nas "gaffes" de George W. Bush é o ar tranquilo e reflectido com que as comete. Dá ideia que de facto tem noção do que diz.”

“Na entrevista de fundo, que o Primeiro Ministro, concedeu à revista Visão, diz que o seu grande objectivo é vir a ser reconhecido como «o primeiro-ministro do crescimento económico e da justiça social». Creio, que ele primeiro tem de ser reconhecido pelos portugueses como o seu Primeiro Ministro, pois não existiram eleições legislativas...”

Nem sempre estou de acordo com os mordazes comentários mas eles ajudam a relativizar o ridículo da nossa situação, ajudam-nos a suportar o surrealismo da realidade. Não sei se o Blog já atingiu o seu potencial e o seu tom certo mas vai no bom caminho. Vida longa a este Blog que será tanto mais forte quanto mais Santanas Lopes assumirem o poder.

(160) Debate Interno no PS

Apesar de muitos exageros estou contente que o PS esteja a passar por uma fase de clarificação interna. Hoje vi as entrevistas de José Sócrates (repetição) e Manuel Alegre. No geral, fiquei satisfeito com o que ouvi.

Sócrates esteve pouco sereno, até um pouco vago. Mas numa coisa marcou pontos comigo, não fez as propostas fáceis. Tem uma visão para Portugal e teve a humildade de esperar pela sociedade civil para concretizar as políticas concretas, já que o rumo já tem definido. Estranho, ou talvez não, é insistir no Candidato Presidencial Guterres e ao mesmo tempo dizer que é cedo para falar no Candidato à Câmara de Lisboa. Acho cedo para falar das duas candidaturas.

Alegre tem sido uma surpresa, mais sereno e consistente. Não é a esquerda que eu defendo actualmente (estou mais liberal hoje em dia) mas a segurança nas convicções tem-me deixado satisfeito. Falta-lhe a imagem de que pode levar o PS ao poder e isso pode-lhe ser fatal na hora da decisão dos militantes.

Não sei se vou ver a entrevista de João Soares mas não lhe vejo as qualidades políticas para ser Secretário Geral do PS, sem duvidar das suas convicções nem me esquecendo do trabalho que fez na Câmara de Lisboa, bem melhor do que o que Santana fez.

Que o debate continue porque da diversidade faz-se a união, mesmo após o Congresso. Sem atropelos mas com muita convicção. Espero que esteja a nascer uma nova fase na política portuguesa. Tenho esperança!

quarta-feira, setembro 08, 2004

(159) Dois filmes, dois veredictos


Nicole Kidman Posted by Hello

Ontem vi dois filmes. Em comum, nada! Excepto o Christopher Walken que interpretava um papel nos dois filmes, mas isso não é importante para o que eu tenho para dizer.

No cinema vi The Stepford Wives. Só tenho um adjectivo para o filme, estúpido! Um conjunto de actores brilhantes a tentarem credibilizar o impossível. Tenho saudades duma boa comédia. E quem fez o casting do Matthew Broderick? Pior impossível, chega a dar pena a sua interpretação, os seus diálogos e as suas motivações. Destaque positivo para a Bette Midler, já sentia a sua falta na sétima arte.

Em DVD vi Dead Zone (1983), de David Cronenberg. Típico filme série B, adaptado de um livro de Stephen King. Assustador, intenso e trágico. Recomendo aos apreciadores do género. Não tem adolescentes aos gritos nem finais felizes. Uma América que não estava refém da bilheteira, mais criativa. Que saudades!

terça-feira, setembro 07, 2004

(158) Cidade do Porto


Rotunda da Boavista, Porto Posted by Hello

Eu e o Porto, minha cidade dos últimos anos, temos uma relação instável. Às vezes estou deslumbrado, outras estou desapontado.

Fico desapontado pela cidade ter falhado todos os objectivos do Porto, Capital Europeia da Cultura 2001. A herança foram obras de qualidade duvidosa e obras que ainda se eternizam. Em alguns casos obras que já vão ser demolidas ou que ninguém sabe o que fazer delas. Parques de estacionamento construídos onde o trânsito devia progressivamente desaparecer e um deles que ficará eternamente fechado (Castelo do Queijo) por erro ou dos arquitectos, ou dos engenheiros, ou dos empreiteiros ou dos políticos. Linhas de eléctrico que foram construídas e já estão a serem retiradas aos poucos. Uma agenda cultural que já nem existe desde que Rui Rio resolveu desinvestir em tão pouco nobre actividade.

Fico deslumbrado com o Metro Ligeiro. Não porque atravessa ruas onde passam carros mas porque foi um compromisso entre fazê-lo com baixos custos e manter a sua utilidade. Esta aposta vem dinamizar o Porto e os seus arredores, promete não ser um descalabro financeiro para as contas públicas. Permite mais mobilidade na cidade, eficiência energética e menos poluição. Promete revolucionar a cidade quando estiver definitivamente completo. Parabéns ao Prof. Doutor Manuel de Oliveira Marques, Presidente da Comissão Executiva.

Fico desapontado com outro problema nacional que também é cultural. A quantidade absurda de veículos mal estacionados nesta cidade. Não deve haver uma rua onde isto não aconteça agravado pelo facto do Porto ter ruas estreitas onde o mau estacionamento prejudica a circulação dos Transportes Públicos. Na novíssima Alameda das Antas, que visitei recentemente, dezenas de carros estacionados nos passeios degradam estes e tornam a circulação dos peões bem menos agradável. Sugeria uma verdadeira força de intervenção (que agisse activamente, não só por denúncia) bloqueando todos os carros mal estacionados e rebocando todos os que atrapalham a circulação automóvel. Para os que ficassem com o carro bloqueado sugeria também o sistema que existe em algumas cidades Europeias onde o dono do veículo tem que ir à esquadra pagar a multa e esperar perto do carro que o desbloqueiem. Assim à multa junta-se a perda de tempo, elemento essencial para começar a “educar” os condutores que acham os passeios um bom local de estacionamento. Pode parecer que não é uma questão essencial para uma cidade mas quando a dimensão do problema é tão grande diminui bastante a qualidade de vida urbana.

Fico deslumbrado, como sempre, com a beleza da cidade, das suas pontes e ruas, dos seus espaços verdes e praças. Mas deixo aqui um aviso para haver mais cuidado com o tipo de construção dos edifícios (há ruas tão heterogéneas no tipo de construção que tornam-se desagradáveis à vista) e com a acelerada degradação dos edifícios da cidade. Espero que o novo PDM (Plano Director Municipal) e a nova Lei do Arrendamento venham alterar este declínio da cidade.

sábado, setembro 04, 2004

(157) Análise à Situação da Economia Portuguesa

No Expresso de hoje, no suplemento Economia & Internacional, sairam dados interessantes sobre a Economia Portuguesa. Apesar de poderem aumentar os Quadros, bastando carregar nas fotos, peço desculpa pela sua qualidade.


Quadro 1 Posted by Hello

Este primeiro quadro é bem elucidativo de um dos principais problemas estruturais da nossa economia. Entre 1990 e 2002 a nossa despesa aumentou 9,6% enquanto o nosso nível de fiscalidade aumentou 5,3% (Contribuições e Impostos) em % do PIB (não em níveis absolutos onde subiram ainda mais). É o pior resultado a nível Europeu, tendo o Financiamento Fiscal recuado 4,3%. Calamitoso. Onde se gastou o dinheiro? Nas Transferências Sociais (só na Alemanha subiram mais em percentagem) e em Salários (de longe onde nos afastamos mais dos outros países Europeus). Calamitoso.

Mais más notícias. Em 1990 os nossos impostos e contribuições eram gastos em 40% nos salários, em 2002 em 45%. Calamitoso o que Cavaco e Guterres fizeram. A única boa notícia é a diminuição do peso dos juros nos gastos do Estado (de 29% para 9%) muito por culpa dos critérios que tivemos de cumprir para a entrada do Euro na Dívida Pública. Portugal... "é hoje o país dos Quinze onde os salários absorvem maior percentagem de impostos". Mesmo assim, devido à brusca queda do pagamento de juros, estamos melhor que em 1990 mas está provado que a economia gerou menos riqueza que aquela que teima em distribuir em salários e transferências sociais. Calamitoso ao nível Europeu.


Quadro 2 Posted by Hello

Este quadro é só a confirmação que mesmo em 2003 e 2004 a despesa não esteve controlada. A redução do défice fez-se através de políticas de curto prazo como receitas extraordinárias e redução do Investimento Público. Calamitoso para as próximas gerações. Só este ano prevê-se que o Investimento Público recue 24%, consequência óbvia do Quadro 1 já que os gastos em Salários e Transferências Sociais absorvem todas as receitas (que também sofreram uma grande quebra). Diz a Teoria Económica que a contenção salarial não deve acabar mas não podemos continuar a estrangular a economia uma vez que precisamos urgentemente gerar mais riqueza. E só se gera mais riqueza com Investimento Público e com incentivos à produção já que a baixa de impostos e o incentivo ao consumo não são aconselháveis agora. O que tem sido feito é contra-natura, já que em recessão o Estado não deve estrangular a actividade económica já que isso gera ainda mais problemas orçamentais. A despesa devia ser controlada nos salários e nas transferências sociais, não no Investimento Público. Se o país estagna (exemplo, aumento do IVA, país de tanga, corte cego no Investimento, mesmo o co-financiado, degradação da Saúde, Justiça e Educação) baixam as receitas do Estado e aumentam as transferências sociais via Subsídio de Desemprego. Calamitosa a política de Durão.


Quadro 3 Posted by Hello

Estão fartos de más notícias? Lamento mas tenho mais uma. Portugal foi dos países que mais debilidades apresentou na Zona Euro. O Euro trouxe ganhos de 7,5%, em média, nas trocas comerciais dos países da Zona Euro. Portugal encolheu 1,8%. É o reflexo não dos problemas do Euro (já respondo ao Raio, do blog Cabalas por antecipação) já que os ganhos foram positivos, em média, mas demonstra ou que entramos artificialmente no Euro (a coesão estava incompleta e alguns indicadores foram adulterados pelas privatizações) ou que somos pouco competitivos. Escolham. Seja qual fôr a escolha, verdadeiramente calamitoso. Estamos a andar para trás. Pobre futuro o nosso...

(156) É chocante...

... assistir às imagens do actual estado do mundo. São os aviões russos, são as execuções dos Nepaleses, são os atentados em Israel, são os sequestros nas escolas. Por respeito aos meus leitores não vou reproduzir aqui nenhuma imagem ou vídeo destes acontecimentos, basta ter de vê-los às horas da refeição ou recebê-los no mail. Após séculos de combate violento a estes fenómenos que tal admitir a derrota? E que tal encarar este combate com outras estratégias como o combate à pobreza, à desigualdade nos termos de troca entre países desenvolvidos e países pobres, às dívidas dos países de terceiro mundo, à aposta na informação e educação, à falta de solidariedade na distribuição de alimentos e medicamentos, à reforma das instituições internacionais como a ONU, o FMI, a OMC...

Já perdemos esta guerra porque são demasiados os que se sentem injustiçados. Vamos tomar conta dos pobres antes que eles tomem conta de nós, já dizia Guterres. Defendo que assim seja, precisamos de abordar o problema doutra forma...

sexta-feira, setembro 03, 2004

(155) Sem perceber...

... a lógica de Santana Lopes anunciar estar disponível a discutir e alterar a lei (as leis não são estáticas, dizia) sobre a interrupção voluntária do aborto e depois anunciar o que já se sabia, só na próxima legislatura. Alguém entende esta forma de fazer política? Toca-se mas não se mexe, prova-se mas não se saboreia, discute-se agora mas não se altera. Só espero que este tipo de política pensada com bastante cuidado e baseada em fortes convicções possa ser abortada daqui a dois anos.

quinta-feira, setembro 02, 2004

(154) Janelas para outras opiniões (3) – O Sítio do Ruvasa


Pietà - Michelangelo Buonarrotti
 Posted by Hello

Descobri este Blog (O Sítio do Ruvasa) através dum comentário a um post que publiquei, não faz muito tempo. Este jovem apresenta-se de forma curiosa, “O Homem, produto de si próprio”. É um lema que tem tanto de verdadeiro como de inspirador. Dá espaço para que o homem seja responsável pelo que fez, pelo que faz e pelo que vai fazer. Para que se orgulhe do que conquistou e se envergonhe do que não teve coragem de conquistar.

“Aqui se vão deixando pensamentos e comentários, impressões e sensações, alegrias e tristezas, desânimos e esperanças, vida enfim!... E assim se vai confirmando que o Homem é, a montante da circunstância que o envolve, produto de si próprio.”

O Sítio do Ruvasa não tem nada a ver com o Sítio do Picapau Amarelo porque aqui não há fantasmas nem bruxas, mas uma coisa tem em comum, é um sítio agradável para se estar. O Ruvasa tem um descomprometimento como todos aqueles que já viveram muito e a cultura de quem cultivou as suas ideias e deixou que elas tomassem forma. A poesia, a História, a Cultura têm sempre lugar neste blog. A Política também mas sem a mesma paixão com que aborda outros assuntos.

"Passos Perdidos" - Assembleia da República
“Infelizmente para nós, bem mais "perdidos" do que seria admissível. Não sou dos que, regra geral sem cuidarem de saber do que falam, acusam os deputados - e políticos, em geral - de todos os males de que padecem, a própria estupidez incluída.
Mas temos que convir que os conscripti patres atropelam os limites do razoável a tal ponto que a vontade - dificilmente reprimida tantas vezes - que assalta o cidadão vulgar de Lineu - ainda por cima pagante de impostos e sem lhes poder fugir - é a de irromper pela Câmara Baixa - baixinha em tantos momentos... rasteira mesmo! - e "amandar" dois bem tonitruantes berros. É que há dias em que não há asshole que aguente... Devia ser imposto um limite. Nem que fosse por decreto!
E discordo da asserção, abusivamente inculcada em nós desde a idade do entendimento político, de que cada povo tem os políticos que merece. No nosso caso, quando menos, é premissa falsa! Merecemos mais. Sobretudo, melhor!”


Berra, Ruvasa! Precisas de ser ouvido! O que é que mais irrita o Ruvasa? A falta de ambição, a ignorância, quem não luta pelo seu potencial.

“O atleta Rui Silva, que ontem, em Atenas, conquistou a medalha de bronze na prova dos 1.500 metros, é bem lídimo representante de uma certa mentalidade desorganizada, pacóvia, provinciana até à tacanhez, resmungona, odienta e odiosa que muito apreciaríamos que os portugueses abandonassem de uma vez por todas, dado que nos menoriza e deslustra como Povo. (...)

"Foi muito bom ter alcançado o bronze! Vá lá, vá lá… que podia ter sido pior, ou seja, nada ter conseguido". A diferença entre reais vencedores e os tristes vencidos da vida está exactamente aqui. Ficar-se “contentinho da silva” por se ter obtido o mínimo, ainda que se demonstre à saciedade que havia condições para se ter alcançado o máximo, com até menor esforço. Tudo, por falta de adequada estruturação mental.”


Não podia estar mais de acordo! É a crença no homem e no que ele é capaz de fazer que me faz visitar regularmente este blog. Desejo uma longa vida a este Blog. Termino com uma das minhas citações favoritas, que complemento com a outra que completa o cenário.

Por mais insignificante que seja o teu máximo,
vale tanto como outro qualquer.

Ruvasa

Dá o teu máximo e terás cumprido o que te é exigível.
Ruvasa

quarta-feira, setembro 01, 2004

(153) "Eu é que sou o Presidente da Junta"

Ninguém achou patético o Presidente da República ter de lembrar na Televisão que ainda é o Chefe Supremo das Forças Armadas? Alguém esqueceu-se de avisá-lo que já caíu da cadeira, que o funeral político já ocorreu há algum tempo!

Como diria Herman José, numa das suas rábulas, "Eu é que sou o Presidente da Junta"!