Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

sábado, dezembro 30, 2006

958. Grão de Areia no Universo: Saddam Hussein

Quero deixar muito claro que considero Saddam Hussein um monstro (pessoa cruel, desumana, perversa). Não pode haver dúvidas quanto a esta consideração.

A questão é: devo estar satisfeito com o enforcamento do ex-ditador e ex-aliado do Ocidente? Ou melhor, nem vou colocar a questão no campo da satisfação mas sim se será que considero que a sua execução foi um marco ("milestone" - George W. Bush)? Foi um marco, sim senhor, mas não sei se é um sinal de civilidade ou sequer de humanidade.

Sou frontalmente contra a pena de morte mas nem é isso que está aqui em questão. A pena de morte é injustificável, na minha opinião, em qualquer cenário (por razões que não vale a pena sistematizar agora). Neste caso em concreto ainda menos lógica tem e não há motivo para qualquer regozijo. O conjunto de sinais que são lançados desta execução não têm qualquer tipo de utilidade na construção de um novo tipo de sociedade no Iraque, são per si também sectários, provocam mais divisões, desconstroem a reconciliação, criam mais radicalismos, criam desconfiança na justiça, criam lendas e, pior, poupam ao ex-ditador o cárcere que bem "merecia".

Se foi julgado pelos iraquianos (vamos partir do princípio que são um só povo) acho isso positivo. Se foi condenado melhor ainda. A pena de morte, para além de inviabilizar o dever de Saddam ser julgado por muitos mais crimes (tantos quantos fossem possíveis julgar), vem manchar a projecção duma imagem de esperança do país Iraque que os seus cidadãos e representantes poderiam dar e deveriam querer dar mesmo numa fase tão difícil como a actual.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

957. Álbum de Fotos: Natal em Lubliana (2006)










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quarta-feira, dezembro 27, 2006

956. Álbum de Fotos: Revisitar Viena (2006)


Edifício de exposições da Secessão de Viena


Friso de Beethoven, Gustav Klimt (Imagem da Internet)

Ópera de Viena

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955. Fernando Lemos e o Surrealismo



Recomendo uma visita ao Centro das Artes - Casa das Mudas (Ilha da Madeira) para visitar a exposição intitulada "Fernando Lemos e o Surrealismo". Para além duma enorme variedade de fotografias de Fernando Lemos existe, nesta exposição, muitas obras do surrealismo português e internacional (incluí uma obra de Salvador Dali e julgo que duas de Joan Miró).

A Casa das Mudas - localizada no concelho da Calheta - é da autoria do arquitecto Paulo David e já é uma obra multi-premiada.

terça-feira, dezembro 26, 2006

954. Cenas Memoráveis da Sétima Arte: Conversa de café em Heat



Foi em 1995 que Robert De Niro e Al Pacino finalmente contracenaram, no filme Heat - Cidade sobre Pressão, de Michael Mann. Neste filme as personagens que interpretam são antagonistas - o tenente Vicent Hanna (Al Pacino) e Neil McCauley (Robert De Niro) -e conversam calmamente num café na margem de uma auto-estrada de Los Angeles. Após as personagens passarem metade do filme a estudarem-se mutuamente à distância num jogo do gato e do rato, o tenente Vicent Hanna convida o ardiloso Neil McCauley para um memorável café em que até os sonhos são motivo de conversa.

Como curiosidade ambos os actores já tinham sido protagonistas no mesmo filme (Godfather II - Padrinho II) mas as suas personagens não se cruzam no filme. Robert De Niro, no filme, encarna uma versão jovem de Don Vito Corleone, pai de Michael Corleone (Al Pacino). Como as suas personagens "viviam" em épocas diferentes o encontro entre os actores teve que esperar que Michael Mann tivesse a visão de os colocar frente a frente, numa cena de uma simplicidade exemplar, a beber um café e a falarem da vida. Uma cena que se tornou num clássico instantâneo da Sétima Arte.

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953. Álbum de Fotos: Natal em Viena (2006)













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952. Em DVD: Superman Returns



Realizador: Bryan Singer
Elenco: Brandon Routh, Kate Bosworth, Kevin Spacey, James Marsden, Marlon Brando

Sou um leitor assíduo - já fui mais - de Banda Desenhada. Acho que, hoje em dia, há uma enorme variedade de publicações que valem a pena ler. Mesmo no parente pobre da Banda Desenhada (em realismo e qualidade), ou seja, no universo dos super heróis tem havido publicações que recomendo. Mas, confesso, nunca percebi o conceito do Super-Homem.

- Qual é a lógica de termos um alienígena a representar o modelo do que deve ser o americano puro? No fundo o Super-Homem é o último escuteiro, o exemplo da pureza de sentimentos, do patriotismo. Não é por acaso que é criado na América profunda (mundo rural) e que combate a corrupção do homem na grande Metropolis (mundo urbano). Nenhuma destas temáticas atrai-me no universo do homem de aço e não é por acaso que muitas poucas histórias adultas têm sido criadas a partir desta personagem (ao contrário do Batman, por exemplo);

- No filme Kill Bill Tarantino expõe uma teoria sobre o Super-Homem. Enquanto todos os outros super heróis criam um disfarce para protegerem a sua identidade enquanto cidadãos, o Super-Homem cria um disfarce para poder ser um cidadão. Mas, convenhamos, os óculos, a mudança de penteado e o estilo desajeitado são um disfarce, no mínimo, irritante. É ridículo e enervante ver Clark Kent a escorregar constantemente e a esconder a sua identidade atrás duns óculos. E será que o seu uniforme enquanto Super-Homem podia ser mais ridículo? Sim, se usasse umas estrelas para compor a bandeira americana que usa como uniforme;

O filme não consegue minimizar as contradições do conceito da personagem que exponho acima. Quanto muito agrava-as com o homem de aço a usar um uniforme que parece saído duma festa do cabedal (nem falo das botas) e com um Clark Kent mais apagado - e desinteressante - que nunca. Fazer um filme dum super herói que é um escuteiro do sistema não é fácil e francamente acho mesmo que é quase impossível criar nuances nas personagens deste universo já que tudo é branco ou preto mas podia-se pelo menos tentar (*) em vez de venerar anteriores versões que, já por si, estavam mal conseguidas. Bryan Singer costuma ser um realizador corajoso que reinventa ideias pré-concebidas nos seus filmes mas neste em particular está muito preso ao ponto de vista de Richard Donner da personagem, mesmo quando parece inovar. Richard Donner deu uma enorme visibilidade a esta personagem mas, mesmo tendo feito um filme razoável na perspectiva do entretenimento, não conseguiu dar densidade à personagem. Nada que pudesse criar ambivalências é explorado por Singer que parecia estar mais interessado em fazer uma cópia menor dum filme que já nem tinha sido uma obra-prima.

O veredicto é fácil de adivinhar, concretizando, personagens bidimensionais, enredo linear e ultra fantasioso, enfim, um filme onde tudo é competente e certinho mas que não deslumbra.

(*) Uma das ideias que têm sido desenvolvidas com personagens similares é explorar a desconfiança que o ser humano tem em relação a tudo o "que vem de fora". Repare-se que somos muito mais implacáveis com as "falhas" de pessoas de outras culturas do que com as nossas "falhas".

951. Álbum de Fotos: Revisitar Praga (2006)





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domingo, dezembro 24, 2006

950. Álbum de Fotos: Natal em Praga (2006)





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sexta-feira, dezembro 22, 2006

949. As voltas que o mundo dá...

A Al Qaeda, segundo a Lusa, declarou que não está disposta a negociar com os EUA e que estes têm tentado negociar com a organização por intermédio dos sauditas. Estas notícias são impossíveis de verificar mas acredito que, em conflitos desta natureza, hajam negociações.

Esta é uma questão complexa e polémica. Também acredito que há valores inegociáveis mas, no fundo, tudo o que é acessório - e, por vezes, mesmo parte do que é essencial - é negociado ao mais alto nível. E é cada vez mais óbvio que já tem havido, por ambas as partes, negociações.

Mário Soares defendeu, há alguns anos, que até com a Al Qaeda era possível negociar e que já haviam negociações. A reacção foi violenta e este foi acusado de já estar desconectado com a realidade. Se começarem a aparecer indícios que as negociações existem, por parte de fontes mais credíveis, e, num futuro longíquo, começarem a disponibilizar documentos que provam estas negociações será que quem acusou Mário Soares de ingenuidade e loucura vai fazê-lo com o mesmo vigor em relação a quem realmente negociou? Acho que não, a memória é curta e selectiva.

Pacheco Pereira afirmou, em directo num debate numa estação de televisão, que se fosse provado que não existiam armas de destruição em massa - hipótese que este não acreditava - isso seria um golpe na confiança na Democracia e que todos os que defendiam a oportunidade do conflito tinham que reapreciar a sua posição. Já temos a confirmação que nunca existiram e que consequências isso teve, mesmo no pensamento de Pacheco Pereira, quanto à oportunidade do conflito? Nenhuma consequência...

As voltas que o mundo dá. Uma coisa é certa... o mundo não é preto e branco.

948. Falsa solução para o país: Movimento 560

É natural que, perante a situação económica do nosso país, surjam movimentos que, com a melhor das intenções, tentem reverter o declínio comparativo do país. Mas de boas intenções, desculpem a frieza das palavras, está o inferno cheio. Movimentos como o Movimento 560 - que incentiva a compra de produtos portugueses através da identificação do nosso país no código de barras - é, no mínimo, ingénuo e inconsequente.

O consumidor compra um produto conforme as suas necessidades - sejam elas premeditadas ou "criadas" - e conforme a capacidade desse produto em satisfazer essa necessidade. Depois tem em consideração o seu gosto pessoal, a qualidade intrínseca do produto, o preço do produto, o orçamento individual, entre outros factores.

É fácil utilizar alguns exemplos. Se eu pretendo - tenho essa necessidade - comprar um livro e estou perante um novo livro do José Saramago e outro do Paulo Coelho vou optar por um livro conforme o meu gosto pessoal e o preço do produto. Imaginemos que prefiro Saramago, pela qualidade intrínseca da sua escrita, pela imagem que o escritor conquistou, então vou optar, mesmo a um preço muito mais elevado, pelo produto nacional. Mas se eu detestar Saramago não vou comprar porque tem no código de barras a designação 560 e, se o comprar, vai ser uma compra fugaz, ou seja, que não vou repetir porque não vai satisfazer a minha necessidade e, logo, não vai fidelizar. Se eu não conhecer nenhum dos autores é importante que o produto pareça apelativo e que, após a necessidade de ler esteja criada ou após o produto conseguir induzir essa necessidade, crie uma fidelização. Para mim estas questões é que são realmente importantes - o preço do produto, a imagem do produto, a qualidade do produto - para tornar um produto competitivo.

Não vou dizer que o país não necessita de criar mercados para os seus produtos, claro que precisa, mas introduzir como critério a nacionalidade na compra dum produto só teria lógica se todos os produtos fossem indiferentes em todos os aspectos que realmente importam, ou seja, o preço e a satisfação da necessidade que proporciona. Assim sendo não passa duma boa intenção. Eu compro produtos nacionais por várias razões, nomeadamente, porque confio na marca, porque o preço é acessível, porque reconheço a sua qualidade, porque sou fiel a certas características que aprendi a apreciar, entre outras razões. Comprar por outras razões, como o critério da nacionalidade, um produto que vai ser mais caro ou que vai proporcionar menos satisfação é uma ideia sem "pernas para andar".

terça-feira, dezembro 19, 2006

947. País de Remediados

Os dados económicos mais recentes do Eurostat sobre Portugal são, no mínimo, alarmantes. Continuamos numa espiral de divergência em relação à Europa e ao Mundo e, pior, a tendência é de estarmos cada vez mais próximos da cauda da tabela dos países da União Europeia.

A Eurostat mostra, em primeiro lugar, que a União Europeia está a divergir - no Produto Interno Bruto (PIB) à Paridade do Poder de Compra (PPC) - dos Estados Unidos da América e do Japão. Se a União Europeia já está a divergir que dizer de Portugal que diverge da União Europeia?

Estes números deviam mexer, no mínimo, com a nossa auto-estima. Será que não somos capazes de fazer melhor? Este devia ser o primeiro sentimento perante uma tendência descendente que se revela crónica, em termos comparativos. Não quero minimizar os sinais recentes de retoma da nossa economia mas devemos ficar satisfeitos? Não contínuamos a divergir? Ou queremos ser um país de remediados?

O rol de culpados desta situação vai ser, aposto, em todos os portugueses, eu incluído, o cidadão do lado. Ninguém vai sentir que está aquém do seu potencial. A culpa vai ser do Euro, do Governo, dos políticos, dos empresários, dos gestores, dos trabalhadores, dos sindicatos, dos vizinhos. Concordo que tem lógica apontar o dedo a muitas situações mas não nos podemos esquecer que, como povo, estamos muito aquém do nosso potencial. Ser português tem que ser sinónimo de inconformismo e não posso aceitar que se olhe, ano após ano, para estes números com naturalidade. (Continua)

sábado, dezembro 16, 2006

946. Diário de Viagem (15)

Dia 15: Munique

E a viagem chega ao seu fim. O balanco näo podia ser mais positivo e, a seu tempo, publicarei algumas fotografias dos pontos mais altos - e baixos - da viagem. Este modelo de viagem, algo deambulante e sem grande preparacäo, é para repetir até porque é possível fazer este tipo de viagem sem ser necessário um grande orcamento.

O dia de hoje foi intenso de forma a visitar o máximo possível de Munique. Para minha surpresa foi possível atravessar a cidade e arredores, e passear ou visitar todos os locais que tinha planeado apreciar. Comecei por visitar o Palácio Nymphenburg e os seus monumentais jardins, passeei pelo parque olímpico (Jogos Olímpicos de 1972) que está muito bem conservado e é uma visita obrigatória, atravessei o Englischer Garten (o maior parque metropolitano da Europa), voltei a atravessar todos os espacos públicos e mercados de natal do centro da cidade e ainda tive tempo para visitar o tesouro e a residencia de Munique. Os pés queixam-se mas eu prometo dar-lhes descanso em breve. Mas hoje à noite ainda väo ter que aguentar...

Antes de entrar neste espaco dedicado às chamadas internacionais e ao acesso à Internet entrei na talvez maior sex shop que já visitei. Até lá dentro o número de pessoas era impressionante - é também impressionante o à vontade com que as pessoas estäo neste espaco e a forma natural como experimentam tudo, ou melhor, quase tudo - e nao sabia, confesso, que haviam hipermercados de pornografia que rivalizam com qualquer Fnac. E também näo imaginava que havia tantas categorias possíveis numa loja de pornografia. Estamos sempre a aprender ;)!

Amanhä regresso ao Porto para umas merecidas férias das férias...

Tschüss!

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sexta-feira, dezembro 15, 2006

945. Diário de Viagem (14)

Dia 14: Munique

Munique é a última cidade que vou visitar antes do regresso a terras lusas. A primeira sensacäo é de arrependimento por ter passado tres noites em Innsbrück e de só ir passar duas em Munique. Apesar de ter sido a partir de Innsbrück que tive um dos pontos mais altos da viagem - literalmente - a cidade é visitável em poucas horas e no terceiro dia já näo havia muito para descobrir. Com isto näo estou a desincentivar uma visita à cidade, simplesmente estou a afirmar que näo vale a pena fazer uma visita turística muito prolongada.

Assim sendo vou ter que me desdobrar para visitar tudo o que quero apreciar. O primeiro impacto é positivo já que é uma cidade de fácil orientacäo e com múltiplos pontos de interesse. Os diversos monumentos säo imponentes assim como os seus interiores.

Näo é fácil captar em fotografia a beleza da cidade principalmente por duas razöes. As ruas estäo literalmente apinhadas de pessoas - é impressionante o movimento - e a dimensäo dos monumentos raramente permite tirar uma fotografia à totalidade do mesmo. De qualquer forma vou dar o meu melhor para ficar com algumas fotografias decentes desta visita.

Tschüss!

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quinta-feira, dezembro 14, 2006

944. Diário de Viagem (13)

Dia 13: Innsbrück

Hoje o dia está reservado para um tranquilo passeio aos museus e ruas da cidade. Conforme a viagem entra na sua recta final o cansaco comeca a fazer-se sentir assim como algumas enfermidades aparecem.

A cidade de Innsbrück é um pouco limitada para o turista mas näo deixa de ser agradável. Como referi ontem Innsbrück é uma cidade que deve ser visitada no Inverno e, em qualquer ponto da cidade, já que esta está rodeada por montanhas cobertas por um manto branco, a vista é ímponente.

Visitei o Stadtturm (torre com cúpula que permite uma visäo de 360 graus da cidade) mas a relacäo qualidade/ preco desta visita, na minha opiniäo, näo compensa. O que já recomendo é a visita à Hofkirche porque tanto a capela de prata como o mausoléu de Maximiliano I (ladeado de 28 estátuas de bronze em tamanho natural) fazem a visita valer a pena. Para terminar visitei o Kaiserliche Hofburg, construído em 1460 e remodelada em 1754-73 quando a Imperatriz Maria Teresa - Arquiduquesa de Áustria, imperatriz da Alemanha, rainha da Hungria e da Boémia - fixou a sua residencia em Innsbrück. Os salöes e a capela säo os pontos fortes a salientar desta visita.

Como curiosidade dos 140 mil habitantes desta cidade 30 mil säo estudantes universitários o que garante uma vida nocturna bastante animada. Tenho também que referir que os habitantes desta cidade säo bastante hospitaleiros com os turistas. Amanhä parto para o meu último destino antes destas férias...

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quarta-feira, dezembro 13, 2006

943. Diário de Viagem (12)

Dia 12: Innsbrück

Finalmente ganhei coragem para experimentar o vinho quente (vin brulé). A bebida, como o nome indica, consiste em vinho aquecido e nota-se que contém especiarias. É servido numa caneca. Estava reticente porque o conceito de vinho quente näo me convencia mas garanto que aquece as entranhas de forma agradável. Näo há Mercado de Natal na Áustria, Innsbrück incluído, que näo sirva esta bebida.

Foi uma verdadeira aventura para chegar ao local que queria visitar hoje: Zugspitze (2962 metros acima do nível do mar), o ponto mais alto da Alemanha. Com sorte à mistura - diria até que muita sorte tal o número de atrasos e incidentes que aconteceram - consegui apanhar os comboios e o teleférico que me levaram ao topo da montanha. Como curiosidade o comboio que nos leva ao teleférico entra num túnel com 4,8 km e durante esse percurso sobe dos 8oo metros aos 3130 metros, descendo novamente até à base do teleférico.

O Zugspitze é o local ideal para ter uma vista panoramica sobre a cadeia montanhosa que cruza aquela regiao da Áustria e a Baviera (aliás, no topo da montanha podemos escolher se almocamos na Alemanha ou na Áustria - o cume pertence à Alemanha). Inesquecível!

Nesta altitude, apesar do frio intenso, é muito fácil apanhar um escaldao e é necessário ir preparado com óculos de sol especiais, protector solar e protector para os lábios - objectos que descurei para mal dos meus pecados.

Comtemplei a vista por longos períodos, abstraído de tudo. É, ao mesmo tempo, tranquilo e arrebatador. Depois desci por outro percurso, também de teleférico, para Eibsee - a visita ao lago é obrigatória para quem faz este percurso.

Quanto a Innsbrück tenho a dizer que é uma cidade agradável mas näo monumental. Vale sobretudo por estar rodeada por montanhas o que, principalmente no Inverno, valoriza os passeios na cidade já que é impossível näo avistar as montanhas sobre os telhados, independentemente do lado para que estamos virados. Já percorri os principais espacos públicos da capital do Tirol e amanha espero visitar o interior de alguns museus/ monumentos...

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terça-feira, dezembro 12, 2006

942. Diário de Viagem (11)

Dia 11: Innsbruck

Hoje o frio comecou a afectar-me. Ao acordar, ainda em Salzburgo, reparei que a neve já cobria uma maior área das montanhas e que "descia" em direccäo à cidade. Enquanto aguardava o comboio que me levaria para Innsbruck confesso que pouco faltou para transformar-me num cubo de gelo.

Innsbruck, no coracäo dos Alpes, é ainda mais frio. As minhas referencias da capital do Tirol (Áustria) resumem-se ao conhecimento que estou no local ideal para a prática de actividades de neve. Só pela viagem de comboio já valeu a pena a visita mas espero, nos próximos dias, descobrir muito mais de Innsbruck e arredores...

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segunda-feira, dezembro 11, 2006

941. Diário de Viagem (10)

Dia 10: Salzburgo

Hoje foi um dia particularmente calmo. Aproveitei para conhecer, a pé, um pouco melhor a cidade de Salzburgo. O que distingue as cidades bonitas das inesquecíveis é, para além da sua beleza natural e história, o rigor da sua organizacäo como cidade no seu todo. É fatal, quer para o turismo quer para a qualidade de vida, um crescimento desordenado da cidade.

O nível da qualidade de vida duma cidade mede-se, essencialmente, pela qualidade dos espacos públicos, pela correcta distribuicäo das áreas de construcäo, pela qualidade arquitectónica dos seus edifícios, pela eficácia da mobilidade (que também incluí circuitos pedonais e até vias para bicicletas), pela conservacäo dos seus monumentos e história, enfim, numa cuidada integracäo de todos estes aspectos. Todos estes elementos proporcionam, adicionalmente, um incremento na seguranca dos cidadäos e turistas.

Dito isto, e para näo fugir muito à cidade em si, posso afirmar que é muito agradável passear pelas ruas de Salzburgo. Nota-se um especial cuidado nos aspectos que acabei de referir e, no global, é uma cidade eficiente sobre todos estes critérios. Os monumentos e os demais pontos de interesse da cidade convivem com o que os rodeia em harmonia. Deste modo nem o frio afasta a populacäo local e os turistas das ruas e outros espacos públicos. A maior crítica é a fraca aposta numa iluminacäo de Natal mais pujante apesar de haver inúmeros mercados de Natal nas pracas da cidade.

Em suma considero que a aposta na qualidade de vida das cidades é fulcral e há pouca margem para o erro uma vez que uma má decisäo marca a cidade de forma prolongada.

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domingo, dezembro 10, 2006

940. Grao de Areia no Universo: Augusto Pinochet


Colin Powell descreveu o contributo dos EUA à desestabilizacäo do Governo de Salvador Allende e à manutencäo do regime de Augusto Pinochet como uma parte da história dos EUA que ele näo tinha orgulho. Os documentos que a CIA disponibilizou recentemente mostram como principalmente Henry Kissinger - uma personagem reincidente neste tipo de manipulacöes ao mais alto nível - determinaram o rumo que o Chile tomou. Näo posso deixar de também criticar frontalmente a diplomacia e a justica inglesa por, em 1998, terem deixado passar a oportunidade de julgar o ex-ditador.

O "milagre chileno" é muito estudado nas universidades. É um dos raros exemplos duma economia que foi regida sobre os princípios dos "rapazes de Chicago". A sua abordagem económica teve algum sucesso. Mas o que importa sublinhar é que isso foi feito à custa da supressäo dos direitos humanos e da liberdade. Pinochet dizia que nem uma folha tinha autorizacäo para mudar de sítio sem a sua autorizacäo. O papel do próprio Milton Friedman neste processo foi dúbio e passou por vários períodos de apoio envergonhado ao regime mas, mais tarde, esclareceu que o "milagre" nao foram as políticas económicas no Chile mas o facto dos "rapazes de Chicago" terem conseguido convencer uma junta militar a implementar as suas reformas. Apesar deste "esclarecimento" a verdade é que as palavras foram produzidas por Friedman. A grande questao permanece: será possível empreender estas reformas liberais se näo associarmos a estas um regime político autoritário?

O "milagre", porém, também é discutível. Os resultados näo säo täo claros como os liberais apregoam. As desigualdades sociais acentuaram-se, o capital deslocou-se quase todo para empresas estrangeiras, o desemprego disparou, a formacäo de oligopólios foi exponencial e, no período do regime de Pinochet, apenas 5 países sul americanos cresceram menos (ver The Chicago boys and the Chilean 'economic miracle' por Steve Kangas).

Näo consigo aceitar, confesso, que o "milagre chileno" seja, de uma forma mais ou menos velada, motivo de admiracäo. Felizmente, actualmente, o aspecto económico é secundarizado pela comunidade internacional, mesmo pela maioria dos pensadores liberais, face ao horror do regime de Pinochet no campo dos direitos humanos.

939. Diário de Viagem (9)

Dia 9: Salzburgo

O clima, ontem, näo ajudou a descobrir a cidade. Uma chuva contínua abateu-se sobre Salzburgo. Hoje a chuva parou e a temperatura - que já era baixa - desceu consideravelmente. Ainda bem! Tive assim a oportunidade de assistir à queda de neve nos Alpes da Baviera - local que visitei através duma visita guiada. A neve é de tal forma fofa que parece que estamos a andar sobre algodäo. O frio, confesso, näo me incomoda e desde que näo chova näo ficamos minimamente limitados.

Visitei o que resta do Eagle's Nest (a antiga sala de conferencia de Hitler), a pequena cidade de Berchtesgaden (situada na Baviera) e as Minas de Sal. Mais uma vez estive nas profundezas da montanha mas, desta vez, näo para observar as belezas naturais das grutas mas sim para espiar o trabalho do homem entranhado nos Alpes. Recomendo a visita porque para além de ser extremamente didáctica também é divertida e original.

Já a cidade de Salzburgo é uma pérola. A neve já está visível nos pontos mais altos que rodeiam a cidade e provavelmente vai atingir a cidade em breve. Para além de ter vários edíficios que é indispensável visitar - destaco o Festung Hohensalzburg, fortaleza no cimo do Mönchsberg; a Abadia de São Pedro (imprescíndivel); a Catedral de Salzburgo - a vista sobre a cidade é mágica. Aliás näo é por acaso que Salzburgo é considerada uma das cidades mais bonitas do mundo.

A opiniäo sobre Portugal é que näo está em alta. O país, infelizmente, está a ficar ligado a uma imagem de pobreza e de poucas perspectivas de desenvolvimento. Os incendios säo a primeira lembranca de Portugal que trespassa a memória de alguns turistas com quem falei. Como contra-argumentar? Falar da beleza do país? Da simpatia e da boa gastronomia? A promocäo ao país näo está, visivelmente, a produzir resultados.

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sábado, dezembro 09, 2006

938. Diário de Viagem (8)

Dia 8: Salzburgo

Viajar de comboio pode ser massacrante. Posso dizer isso com a autoridade de quem já teve más experiencias. Isso influenciou - e continua a influenciar - o meu roteiro de cidades. Mas, surpreendentemente, as viagens tem sido deveras compensadoras. O cenário, sem dúvida, ajuda, e muito, a explicar esta constatacäo. Hoje tive, na viagem que me levou a Salzburgo, a fortuna de ter os Alpes como pano de fundo, cobertos de neve nos seus pontos mais altos. É uma visäo arrebatadora.

Näo foi fácil a chegada a Salzburgo. Chuva e hotéis completamente esgotados. A solucäo foi criar um défice orcamental que, para já, é compensado pelas poupancas dos últimos dias.

Aguardo que o tempo melhore para partir à descoberta de Salzburgo...

* Mais uma vez a altura do ano escolhida manifesta algumas limitacöes (uma visita a Hallstatt e às grutas geladas teräo que ser adiadas) mas, mesmo assim, näo me arrependo. As decoracöes de Natal e o clima (é bem melhor viajar com frio do que com calor e apesar da chuva estar presente em alguns dias é dos meses de menos pluviosidade do ano nestas regiöes) compensam o resto.

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sexta-feira, dezembro 08, 2006

937. Diário de Viagem (7)

Dia 7: Lubliana

Considero que hoje foi um dos pontos altos da viagem. Visitei as grutas de Postojna e sao arrebatadoras. A gruta tem mais de 20 Km de passagens, galerias e camaras e é um prodígio da natureza. A viagem comeča com uma de comboio pelo interior das grutas e continua com um longo passeio a pé pelos diversos pontos de interesse do interior da gruta. A visita guiada é envolvente e aproveita a hora e meia de visita para contar, com eficácia, histórias interessantes sobre a formačao da gruta e dos fenómenos geológicos que constituem a beleza do local, assim como pequenas histórias sobre a Segunda Guerra Mundial que tiveram como palco este local.

Deixo Liubliana e a Eslovénia com boas recordačoes. Apesar de ser um país pequeno tem muitos pontos de interesse para descobrir - alguns nao tive oportunidade de visitar - e tem um ambiente muito acolhedor. Recomendo.

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quinta-feira, dezembro 07, 2006

936. Diário de Viagem (6)

Dia 6: Liubliana

O que escrever sobre Liubliana? Comečo por um facto: a cidade, capital da Eslovénia, é "visitável" em poucas horas. Mas nunca foi tao verdade que o tamanho nao interessa. Liubliana `a noite, ornamentada para o Natal, é, sem exagero, um manjar para os olhos. Deslumbrante. Senti-me como aquela personagem do filme American Beauty que nao aguentava assistir a tanta beleza mas, confesso, nao consigo encontrar semelhancas entre o que vi e um saco de plástico a rodopiar ao sabor do vento. É curioso que a iluminačao é feita em tons de azul e devo dizer que nao fica nada a dever ao vermelho.

Afinal chamar a cidade de mini Praga ou de Paris em edičao de bolso nao é, de maneira nenhuma, depreciativo. Encaixa muito bem na sua beleza concentrada num pequeno espačo.

Preencher alguns dias nesta cidade nao é fácil mas nao encaro como um problema passar uma tarde a olhar para o rio numa amena cavaqueira a beber um vinho branco esloveno. As visitas guiadas, nesta altura do ano, sao limitadas mas vou contornar isso indo directamente aos locais de autocarro. Nao vou conseguir ir `a costa ou a alguns castelos espalhados pelo país ou até `a regiao dos Alpes - fica para a próxima visita - porque vou dar prioridade `as grutas de Postojna (27 Km de grutas), uma das muitas grutas que a Eslovénia tem. Parece contraditório ficar tanto por ver e, ao mesmo tempo, ter dificuldade em ocupar o tempo mas como nao há ligačoes entre os diversos locais a visitar e como as visitas guiadas estao limitadas nesta fase do ano fica complicado fazer percursos elaborados. Como disse haverá uma nova oportunidade...

Nota: Quanto mais viajo mais sinto que é possível, ao mesmo tempo, comer bem e de forma saudável. Ainda nao encontrei uma refeičao - com excepčao duma no MacDonalds - que nao tivesse uma dose generosa (e sempre com múltiplas variačoes) de salada.

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quarta-feira, dezembro 06, 2006

935. Diário de Viagem (5)

Dia 5: Liubliana

Durante a viagem de comboio com direcčao a sul (Viena - Liubliana) nao consegui desviar o meu olhar da paisagem. Vales e montanhas cobertos dum verde cheio de personalidade - sim, as cores também podem ter personalidade - como que, a cor, pretendesse fazer-se notar. Bosques extensos que se perdem no horizonte. Um nevoeiro que "voa" tao baixo que parece apenas queres esconder os segredos escondidos nas bases das árvores. O toque do homem parece respeitar a imponencia do cenário e, aqui e ali, estavam aldeias pitorescas e com um aparente bom estado de conservačao.

O que nao compreendo, confesso, é que seja necessário efectuar duas paragens de 15 minutos cada em estačoes contíguas para que as autoridades dos dois países fačam o controlo da identificačao. Entre dois países da UE parece-me excessivo.

Chego a Liubliana. Que esperar desta cidade e dos seus arredores? A julgar pelo que li sobre a cidade - mini Praga, Paris em edičao de bolso - nao sei o que esperar. Como vou dedicar alguns dias para confirmar - ou nao - estes preconceitos e como nao tenho referencias sólidas sobre os encantos deste país vou ceder, pela primeira vez durante esta viagem, `a tirania das viagens turísticas organizadas.

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terça-feira, dezembro 05, 2006

934. Diário de Viagem (4)

Dia 4: Viena

Hoje parece que a chuva finalmente apanhou-me. E pelo que vejo, pelos sempre fiáveis meteorologistas da CNN, quando deixar de chover aqui comeca a chover no meu próximo destino. Näo faz mal. Tenho que rentabilizar o meu casaco ;)

Amanha tenho que reflectir se vale a pena acordar mais cedo por causa do pequeno almoco no hotel. Digamos que o melhor é dormir mais uma hora.

Hoje vou fazer um dia calmo. Rever Klimt, rever palácios, rever igrejas... a um ritmo desacelerado. Fica desde já marcado o meu regresso a esta cidade porque, em dois dias, näo dá para (re)ver tudo. Mas o objectivo era mesmo esse, ou seja, matar saudades.

Há sempre um risco associado a fazer uma viagem nestes moldes. Com a excepcäo da viagem de ida e a de regresso näo tenho nada marcado. Só sei que tenho à minha disposicäo várias alternativas de viagem e isso proporciona uma enorme liberdade. Até agora tudo corre bem - com os naturais percalcos deste tipo de viagem - e, no fundo, estou a trocar seguranca por liberdade. Porque será que este tema soa täo familiar?

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segunda-feira, dezembro 04, 2006

933. Diário de Viagem (3)

Dia 3: Viena

Recuperei os acentos :)

Passei o tempo certo em Praga. É uma cidade que só vale a pena visitar desta forma, ou seja, para que o excepcional fique na retina.

Descobri que a estacäo - parece que este teclado continua a näo ser 100% operacional para a nossa língua - principal de Praga vai ser renovada a partir de 14 de Dezembro. Atrevo-me a afirmar que bem precisa já que esta parece retirada dum livro do Kafka: confusa e claustrofóbica. A viagem até ao destino foi dura: o comboio tresandava a mofo e em pouco diferia duma sauna.

Curioso foi a "vaga" de "fiscais", uma "invasäo" constante ao camarote. Ora era por causa do bilhete ora era por causa dos documentos de identificacäo ora eram checos ora eram austríacos. Conforme o aspecto das fardas retirava um ou outro documento e cumpri a minha tarefa de forma quase irrepreensível, quase porque, por uma vez, fui "levado" ao engano e "troquei as mäos".

Agora escrevo de Viena. É o último "regresso" desta viagem (em princípio). É uma cidade menos cénica do que Praga mas com muito mais para visitar e rever. Ao contrário de Praga a beleza - e riqueza - dos interiores dos mais variados pontos turísticos rivalizam com a imponencia dos seus exteriores. Ao mesmo tempo é um exemplo de organizacäo, de bom planeamento urbanístico, de mobilidade.

Hoje estive a observar, já que escurece muito cedo, as decoracöes de Natal. Espero que as fotografias nocturnas - que tenho sempre dificuldade em que fiquem bem - estejam aceitáveis.

Näo sei se será desta que vou à famosa ópera de Viena. Os precos näo convidam...

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domingo, dezembro 03, 2006

932. Dia'rio de Viagem (2)

Dia 2: Praga

Praga e' uma cidade que causa nostalgia. Nao estou a descobrir nada de novo - alia's, nao ha' nada de deslumbrante no interior dos seus museus, monumentos e castelos - mas, simplesmente, estou a reviver memo'rias e... paladares. Hoje nao escapou a cerveja preta - Krusovice que, por sinal, e' bem mais barata que a a'gua - e o Jablkovy Strudel - uma esp'ecie de tarte de maca. Daqui a pouco vou "matar" saudades do Klub Architectu, um restaurante que recomendo a todos os que visitam Praga (relacao qualidade/ preco imbati'vel). O Klub Architectu e' um conjunto de tuneis e arcadas, ladeado por uma loja especializada em publicacoes de arquitectura. Ja' o vinho quente, confesso, nao tive coragem para experimentar...

A grande novidade deste regresso a Praga continua a ser o ambiente natal'icio que classifico de magn'etico.

Mas tamb'em ha' aspectos negativos a salientar. A Praga nao turistica - zonas contiguas ao centro - da' uma enorme sensacao de inseguranca. A noite, como em grande parte dos paises da Europa Central e de Leste, esta' vocacionada para o jogo e para o turismo sexual. Nao posso deixar de salientar que a estacao principal da cidade parece uma feira subterranea de terceiro mundo.

Amanha regresso a mais uma cidade que, por outros motivos, tenho que rever...

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sábado, dezembro 02, 2006

931. Dia'rio de Viagem

Dia 1: Praga

Nao e' uma novidade, e' um regresso. Onde raio estao os acentos? Estacao do ano diferente, mesmo impacto visual. Se ha' algo que ningue'm tira a Praga, independentemente da estacao do ano, e' o seu cena'rio ce'nico. Continuo sem perceber como e' possivel escrever sem acentos :)

A cerveja continua boa e barata mas, a bem da verdade, nao e' igual beber uma cerveja no auge do calor e beber uma, como agora, com temperaturas pro'ximas do zero.

Nota-se que o Natal aqui e' levado muito a se'rio! As ruas estao com um movimento impressionante, absolutamente fabulosas com a iluminacao da e'poca. Os mercados ambulantes acumulam-se nas pracas. Praga continua a ser um excelente local para comecar as fe'rias...

Espero que as fotos nocturnas fiquem bem...

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sexta-feira, dezembro 01, 2006

930. Sala de Cinema: Marie Antoinette



Realizador: Sofia Coppola
Elenco: Kirsten Dunst, Steve Coogan, Jason Schwartzman

Marie Antoinette é o culminar duma sequência de filmes realizados por Sofia Coppola que abordam o tema da passagem à vida adulta. A realizadora, filha do mítico realizador Francis Ford Coppola, fez três filmes muito diferentes mas que, no fundo, são muito semelhantes porque, inevitavelmente, giram à volta da perda da inocência e da dificuldade que as suas protagonistas têm em compreender e embraçar o mundo que as rodeia. Assim foi na trágica história das irmãs Lisbon (The Virgin Suicides), na viagem interior de Charlotte numa cultura estranha (Lost in Translation) e, agora, de forma natural, na descrição da vida de Marie Antoinette na corte francesa.

O melhor que o filme tem para nos oferecer é o olhar nostálgico de Kirsten Dunst. Marie Antoinette também está "Lost in Translation", perdida entre a inocência da idade e a responsabilidade do cargo em que ocupa. E tudo precipita-se de forma abrupta, espelhada na magnífica cena da tenda colocada na fronteira entre os dois países. É aí que acontece a metamorfose e a perda da inocência e, de certo modo, representa o fim da felicidade. A inabilidade desta em lidar com a responsabilidade do cargo que ocupa - fica a sensação de que nunca tem a percepção do que está a acontecer no mundo que a rodeia - tem as consequências que todos nós conhecemos. A metáfora reside aqui, ou seja, mais uma vez, há uma incapacidade latente de adaptação à vida adulta.

Não é o filme mais bem conseguido de Coppola mas também não é uma obra desinteressante. Vale sobretudo pela primeira metade do filme em que a inocência de Marie Antoinette esvai-se de forma abrupta e os seus olhos perdem lentamente o seu brilho. O resto da viagem de Marie Antoinette é inconsistente, imersa em futilidades (ela, não o filme), perdida no seu próprio reino, incapaz de compreender o mundo que a envolve e consome.

Síntese da Opinião: O culminar duma triologia sobre a passagem à vida adulta. Sem ser um filme brilhante vale pelos pormenores, pelos silêncios e, sobretudo, por Kirsten Dunst.

Memórias do Filho do 25 de Abril: Sétima Arte (todos os textos deste blogue sobre cinema)