Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

sábado, março 31, 2007

1062. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (13): As regras do Clube de Combate


"The first rule of Fight Club is - you do not talk about Fight Club. The second rule of Fight Club is - you DO NOT talk about Fight Club. Third rule of Fight Club, someone yells Stop!, goes limp, taps out, the fight is over. Fourth rule, only two guys to a fight. Fifth rule, one fight at a time, fellas. Sixth rule, no shirt, no shoes. Seventh rule, fights will go on as long as they have to. And the eighth and final rule, if this is your first night at Fight Club, you have to fight."

Tyler Durden (Brad Pitt) no filme Clube de Combate (Fight Club - 1999), realizado por David Fincher

[Sugestão da Sónia - Garden of Delight]


Desafio todos os leitores deste blogue a contribuírem para esta rubrica (Cenas Memoráveis da Sétima Arte). Pode ser uma cena ou um pormenor, seja técnico ou de representação, do vosso filme favorito ou de um outro qualquer filme que, por alguma razão, emocional ou técnica, vos marcou. Basta uma pequena descrição da cena ou um pequeno apontamento que justifique a escolha, o nome do filme e, eventualmente, o vosso apelido e blogue. O mail é, como sempre, filhodo25deabril [at] gmail.com.

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1061. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (12): Meu nome é Zé Pequeno, porra!



"Meu nome é Zé Pequeno, porra!"

Zé Pequeno (Leandro Firmino) no filme Cidade de Deus (2002), realizado por Fernando Meirelles

[Sugestão da Sónia - Garden of Delight]


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1060. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (11): How much did 21 grams weigh?



"How many lives do we live? How many times do we die? They say we all lose 21 grams... at the exact moment of our death. Everyone. And how much fits into 21 grams? How much is lost? When do we lose 21 grams? How much goes with them? How much is gained? How much is gained? Twenty-one grams. The weight of a stack of five nickels. The weight of a hummingbird. A chocolate bar. How much did 21 grams weigh?"

Paul Rivers (Sean Penn), no filme 21 Grams (2003), realizado por Alejandro González Iñárritu

[Sugestão da Sónia - Garden of Delight]


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quarta-feira, março 28, 2007

1059. A Distribuição do Risco: Estado ou Mercado?

Hoje discute-se muito as funções do Estado e, consequentemente, quais são os seus limites. Discute-se, porventura, que o Estado é ineficiente e que o sector privado é capaz de incrementar mais eficiência e inovação. Começamos pelo sector empresarial - e bem - e agora a discussão é mais alargada, ou seja, discute-se se a Segurança Social e as opções de Saúde, por uma questão de justiça e eficiência, não devem ser entregues ao sector privado.

Eu não quero excluir o sector privado das áreas sociais e do sector da saúde mas continuo a defender que o Estado tem um papel importante na distribuição dos riscos duma forma que o sector privado não consegue abranger, ou seja, a própria natureza do sector privado, não consegue, para já, garantir uma distribuição dos riscos e a uma universalidade comparável à actual.

É difícil exemplificar esta linha de pensamento num exercício exemplificativo sem pecar por uma excessiva simplificação da realidade e sem exagerar nas generalizações mas, mesmo assim, vou correr esse risco.




Imaginemos dumas pessoas nascidas no mesmo dia e no mesmo ano.

Pessoa A: Ganha, em média, 1000€ por mês. Contribui para o Serviço Nacional de Saúde, num período de 20 anos, 20000€.

Pessoa B: Ganha, em média, 2000€ por mês. No mesmo período, à mesma taxa, contribuiu com 40000€ para o Serviço Nacional de Saúde.

Aparentemente há aqui uma primeira desigualdade, ou seja, ambas têm direito ao mesmo serviço de saúde e uma contribui no dobro. Mas ninguém pode garantir, à partida, que a Pessoa B vai sair prejudicada porque, por razões diversas, pode até custar ao SNS muito mais do que contribuiu e pode até acontecer que a Pessoa A, por nunca ter tido uma doença grave, no fim, tenha um saldo negativo (pagou mais do que usufruiu). Até podiam receber o mesmo e contribuído o mesmo e haver na mesma uma que paga parte do infortúnio da outra. A pessoa A, paradoxalmente, acaba por ter razões de queixa, ou seja, no fim perdeu recursos que podia ter investido noutro lado. O que aconteceu foi uma distribuição dos riscos associados à saúde.

Num regime mais liberal onde cada um opta por diferentes seguros de saúde privados e não há uma contribuição obrigatória para o SNS podemos dizer, à partida, que também há distribuição de riscos. Ambos podiam pagar o mesmo pelo mesmo seguro, independentemente do vencimento, e tinham acesso ao mesmo serviço. Os tratamentos até podiam ser melhores e a menores custos. Mas para existirem seguros rentáveis - se não fossem não podiam ser privados - tinham que haver limites que não existem hoje, ou seja, todos tinham que ter capacidade para os ter (mesmo os desempregados e os remediados), os seguros tinham que ter tectos de cobertura anuais e certas doenças ou tratamentos (por serem raros ou demasiado dispendiosos) não podiam estar incluídos. Este é o drama actual dos países com sistemas de saúde mais liberais, ou seja, têm que ter critérios de exclusão ao acesso mais apertados para garantirem a atractividade ao sector privado. Comparativamente há maior liberdade de escolha e há mais justiça na proporção entre contribuição e acesso aos serviços mas o sistema fica menos universal e a distribuição dos riscos de saúde é menor. Talvez a solução esteja no meio termo: democratizar o acesso aos seguros de saúde privados mantendo o SNS.




Mas o exemplo também é válido para a Segurança Social.

Pessoa C: Teve necessidade de recorrer com frequência ao subsídio de baixa e ficou, aos 35 anos, com invalidez permanente. Morreu aos 80 anos. Ceteris Paribus.

Pessoa D: Raramente ficou de baixa. Nunca ficou desempregado. Morreu aos 45 anos. Ceteris Paribus.

A Pessoa D tem claras razões de queixa - ainda mais se desconfiasse que ia morrer com 45 anos - do sistema público. Podia ter feito, em total liberdade, as suas opções de reforma no sector privado e vivido muito melhor e ainda deixava à sua esposa uma quantia muito mais elevada. A Pessoa C, por outro lado, não tem razões de queixa, apesar de ter recebido uma reforma baixa, porque o saldo global é positivo. A Pessoa C beneficiou do saldo negativo da Pessoa D. Num sistema mais liberal, a Pessoa D pagava e recebia montantes mais proporcionais ao seu percurso de vida. É injusto para a Pessoa D até porque só se vive uma vez.

Esperem. Esqueçam o que acabei de dizer. Enganei-me. Troquei a identidade das pessoas. Afinal foi a Pessoa D que beneficiou do saldo negativo da Pessoa C.

Esta ilustração não pretende ter uma moral da história. O que interessa saber é até que ponto queremos fazer distribuição dos riscos (e quais riscos devemos englobar). No sistema actual há uma determinada distribuição de riscos - relacionados com a condição humana e com a vida em sociedade - e podemos discutir a sua dimensão (até porque do sistema público vivem muitos "falsos" doentes, "falsos" pobres e "falsos" desempregados) mas também temos que discutir se é vantajoso - até do ponto de vista económico - descer de um determinado patamar. Esta é uma escolha civilizacional e, da minha parte, não vejo vantagens em trocar a regulação e intervenção do Estado por uma regulação e intervenção do mercado, pelo menos totalmente, dada a especificidade destes problemas mas não excluo, ninguém o deve fazer, novas formas de colaboração entre o público e o privado. O problema é que as parcerias público/ privado não têm sido brilhantes - o sector público é laxista no controlo de custos e o sector privado não devia, ao atender um paciente, ter como cliente o Estado e esta combinação entre querer ganhar muito e ser ineficaz no controlo de custos tem tido maus resultados - e não é fácil encontrar um equilíbrio.

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terça-feira, março 27, 2007

1058. Aposta ganha



A EDP já é a terceira maior empresa mundial produtora de energia eólica. Com um investimento inicial de 1800 milhões de euros a EDP entra no competitivo mercado energético norte-americano pela porta grande (aquisição da Horizon Wind Energy), ou seja, através dum sector - o das energias renováveis - que promete ganhar cada vez mais peso na percentagem do consumo total de energia.

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segunda-feira, março 26, 2007

1057. É muito, muito claro...


"homenagear os funcionários executivos que criaram condições para uma boa adesão e o bom desempenho que se seguiu"

"Foi o critério escolhido e acho que é muito, muito claro"

Cavaco Silva a explicar, indirectamente, porque Mário Soares não foi convidado para as celebrações dos 50 anos do Tratado de Roma, no Palácio de Belém


Caro Presidente da República,

Concordo com sua excelência. É muito, muito claro.

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1056. Declaração de Berlim


É espantoso observar o entusiasmo de Angela Merkel em Berlim porque assinou um acordo - a Declaração de Berlim - que acorda que os Estados membros da União Europeia têm que chegar a acordo até à data previamente acordada. Espantoso e épico.

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1055. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (10): A tensão sentimental emanada por Li Mu Bai e Yu Shu Lien em o Tigre e o Dragão




"A tensão sentimental emanada por Li Mu Bai (Chow Yun Fat) e Yu Shu Lien (Michelle Yeoh), na obra-prima de Ang Lee, "O Tigre e o Dragão", toca-nos o âmago da alma. Verdadeiramente sentimos o que na realidade significa o amor existente entre um homem e uma mulher, quando Li Mu Bai, na hora da morte, fita Yu Shu Lien nos olhos, e profere a frase mais pura e apaixonada da história da sétima arte:

"I would rather be a ghost drifting by your side as a condemned soul than enter heaven without you... because of your love, I will never be a lonely spirit"

O violoncelo mágico de Yo-Yo Ma faz o resto..."


[Sugestão e texto do Shinobi - My Asian Movies]



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domingo, março 25, 2007

1054. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (9): A batalha inicial em Gangs of New York


(Clique na imagem para ampliar)


A batalha inicial que marca todo o enredo do filme Gangs of New York (Martin Scorsese - 2002) foi filmada de modo a proporcionar uma beleza visual imponente. Para a história do cinema fica o início da batalha quando os "Natives" atiram os seus chapéus para o ar e correm em direcção aos seus antagonistas, os "Dead Rabbits". O aparato visual, a qualidade técnica e a coreografia desta cena merecem este destaque.


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1053. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (8): O aumento gradual da tensão em Frantic (Frenético)


Num dos meus filmes favoritos de Roman Polanski, Frantic - Frenético (1988), há uma sequência de cenas no início do filme que não são frenéticas mas que representam bem como é possível acrescentar, aos poucos, tensão num filme. O médico Richard Walker (Harrison Ford) e a sua esposa Sondra (Betty Buckley) chegam a Paris para uma conferência médica e dá-se uma sucessão de cenas perfeitamente banais, quotidianas entenda-se, que em nada fazem prever o que acontece de seguida. Enquanto o doutor Walker toma banho a sua mulher diz algumas frases imperceptíveis. Depois de sair do banho, e enquanto barbeia-se, faz uma pergunta e não obtém resposta. Entra no quarto e a sua mulher não está presente. Espera e espera e alguém toca à porta. É o pequeno almoço que foi pedido por Sondra. A carteira dela ainda está no quarto. Adormece. Quando acorda a sua mulher ainda não está lá. Rapto? Traição? Procura na entrada do hotel e na rua. Não há um único indício, uma pista, uma possibilidade. Pouco a pouco nota-se na sua face um crescendo de preocupação e um aumento gradual de tensão. Richard Walker chega à recepção do hotel e diz "I am looking for my wife".

Nota: A banda sonora de Ennio Morricone é essencial para dar às cenas uma intensidade ímpar.

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sábado, março 24, 2007

1052. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (7): A paixão duma "fã número um" levada ao extremo em Misery



Esta cena que está integrada no filme Misery (1990), de Rob Reiner, provoca, mesmo àqueles que têm um estômago forte, desconforto. Para contextualizar esta cena para quem nunca teve a oportunidade de ver o filme ou que precisam de estimular a memória, convém referir que Paul Sheldon (James Caan), após um violento acidente de automóvel durante uma forte tempestade de neve, é salvo pela sua fã número um, Annie Wilkes (a excelente Kathy Bates). Paul, gravemente ferido, fica imobilizado numa cama na casa de Annie e, pouco a pouco, apercebe-se que a sua maior fã o mantém refém na sua casa. É impressionante a qualidade da interpretação de Kathy Bates já que tanto está serena e meiga como explode e fica violenta. Annie, desconsolada ao ler o último livro de Sheldon sobre a sua personagem favorita, Misery, obriga-o a rescrever o livro e mantém-no isolado no quarto. Este, porém, enquanto Annie está ausente, consegue, mesmo limitado fisicamente, escapar do seu quarto e ficar na posse de uma faca de cozinha que pretende usar para poder escapar. Annie chega a casa...

Annie está prestes a entrar no quarto onde Sheldon, imóvel e acamado, aguarda pela sua chegada. Ela não entra, ouvem-se os passos cada vez mais distantes. Sheldon guarda a faca numa abertura do colchão e... adormece. De repente acorda com o barulho que Annie faz ao entrar intempestivamente no quarto e, antes que possa reagir, esta dá-lhe uma injecção que o faz entrar num sono profundo. Ouve o seu nome, já é manhã, a voz pertence a Annie que, de forma pausada e tranquila, o retira do seu sono. Está amarrado, foi apanhado. Annie mantém a sua voz terna enquanto explica como descobriu a sua tentativa de fuga e, sempre calma, coloca um pedaço de madeira entre os seus pés. Paul suplica mas Annie está imperturbável e quanto esta sai do quarto e regressa com uma marreta o medo instala-se em Sheldon e está estampado na sua cara. Eis senão quando Annie sobe a marreta e parte o seu pé numa imagem duma violência gráfica impressionante. Nesta fase a imagem está centrada na face do escritor que solta gritos de desespero e, de repente, só se ouve o som do seu outro pé a ter o mesmo destino do primeiro. O escritor, tão cedo, não pode escapar à sua fã número um. E Annie, sempre calma e serena, virada para um Paul em agonia, só diz “God, I love you”...

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sexta-feira, março 23, 2007

1051. À procura do aeroporto utópico


"a Ota é uma péssima localização, com excepção de todas as outras"
Vital Moreira, Causa Nossa, parafraseando Churchill


A novela, ainda mais emocionante que as da TVI, sobre a localização do novo aeroporto é mais uma prova que o nosso país é um poço de burocracia, com défice de decisão política e com um conservadorismo sem paralelo. Eu não sou técnico e não vou aqui defender qual a localização ideal, apesar de muitos terem essa presunção sem o serem, mas posso opinar sobre o óbvio. E o óbvio é que o conjunto das forças de decisão deste país não conseguiram e não conseguem avançar com um investimento que já é avaliado e considerado necessário há décadas.

Eu não sei se a Ota é a melhor localização. Parece que esta localização foi escolhida por exclusão de partes, ou seja, as outras soluções são piores e esta também não é boa mas, repito, parece. E das duas uma, ou andamos à procura dum aeroporto utópico ou, em 30 anos de Democracia e mais alguns de Ditadura, temos que concluir que os estudos técnicos não conseguem alcançar uma análise comparativa rigorosa ou ninguém tem capacidade política para decidir e correr riscos ou a maioria da população prefere que não se construa nada. Se, à partida, sabemos que qualquer localização vai ser alvo do argumento "vamos gastar tanto dinheiro e esta localização tem tantos defeitos" então, pelo menos, devíamos ter em consideração que os recursos gastos no actual aeroporto e em projectos para um novo, para adiar de 3 em 3 anos a sua ruptura, já davam para ter financiado a quota de despesa pública para o novo, seja em que localização fosse. Ou então ter em consideração o único consenso técnico, isto é, que a capacidade actual das estruturas aeroportuárias está subdimensionada em relação à procura e às nossas necessidades.

Este fracasso nacional não é inédito. É mais fácil investir, em Portugal, na continuidade do que na mudança, concretizando, é mais fácil encher o país com mais e mais rotundas com uma estátua rodeada de água que esguicha para todos os lados, pelo menos durante dois anos antes de ficar tudo entupido e cheio de lodo, do que mudar de localização uma urgência (mesmo que já não tenha equipamento ou só receba cinco pessoas por dia) ou do que mudar o local duma lota de peixe. Esta novela, num investimento estruturante como este, e reafirmo que até pode ser que a Ota seja uma péssima decisão política, de nunca conseguirmos atingir um consenso, só prova que somos incapazes de decidir, que há "forças" ou grupos de pressão de bloqueio, que o nosso fado é sermos utópicos esquecendo que o óptimo é inimigo do bom. No fim, o balanço é simples, ou seja, gastamos os mesmos ou mais recursos a manter soluções que nos afastam cada vez mais do nosso potencial de crescimento.

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quarta-feira, março 21, 2007

1050. Tal Portas, tal Santana... Como desestabilizar um partido em duas lições


A intervenção de Pedro Santana Lopes no debate mensal teve como objectivo embaraçar o Governo ou, por outro lado, descolar-se de Marques Mendes e Carmona Rodrigues? É que, na prática, a sua intervenção só serviu para embaraçar o líder do seu partido. Relembro que Santana Lopes confirmou que o Governo de Durão Barroso defendia a Ota - o Governo que Marques Mendes e Carmona Rodrigues faziam parte - mas que o dele nunca defendeu esta localização.

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1049. Défice Orçamental de 2006: 3,9%


O défice orçamental de 2006 é, aparentemente, um excelente trabalho global do Governo. Relembro que o objectivo (4,6%) era ambicioso - redução de 1,4 pontos percentuais - e alvo de muito cepticismo e o resultado final (3,9%) representa uma redução de 2,1 pontos percentuais no défice orçamental. Não é fácil obter esta redução com um crescimento económico tímido apesar de em ciclo ascendente. Para este resultado contribuíram os resultados da Segurança Social e do Serviço Nacional de Saúde (há muito tempo que este último não invertia a espiral de custos). Há ainda que saudar, com vigor, que este resultado não foi alcançado através do recurso a receitas extraordinárias perniciosas ao país.

Perante este cenário falta explicar porque digo que é aparentemente um excelente resultado. Qualquer análise das contas nacionais deve ser desagregada pelas suas diversas parcelas e, após essa análise, nem todas as opções que o executivo promoveu e os respectivos resultados que obteve são de saudar. Além do aumento da carga fiscal, que apesar de tudo já tinha tido a maior parte do efeito na execução anterior, há que salientar que grande parte deste resultado deve-se à diminuição do investimento público (que representou 0,5 pontos percentuais da redução). Os liberais devem estar a saudar esta opção e os que criticam a OTA por implicar investimento público avultado também devem estar a louvar este caminho mas tenho algumas dúvidas que o Estado deve fazer um divórcio tão radical com o investimento público. Há muito investimento público, é certo, que não é útil, veja-se o exemplo da Madeira, mas há muitos sectores que necessitam de investimento público para melhorarem a sua eficiência (como, por exemplo, a saúde, a justiça ou a educação ou até os relacionados com o apoio à actividade económica).

Há outros dados financeiros e económicos que devem ser analisados sem triunfalismos. Apesar do consumo público ter baixado, a despesa primária do Estado subiu (apesar de ter sido de forma moderada). Agravam-se também as necessidades de financiamento da economia portuguesa que subiram de 8,1% do PIB para 8,7% (soma dos saldos de capital e corrente). Estes dados, preocupantes, e que apontam para a continuação de problemas estruturais no Estado e na economia, fazem com que o resultado não seja excelente, mas, de qualquer forma, são, globalmente, bons resultados.

Dado que o resultado do défice orçamental de 2006 é de 3,9% e que o objectivo negociado com a União Europeia para este ano é de 3,7% espero que o objectivo do executivo seja ainda mais ambicioso do que foi previamente acordado. Mas há um problema, ou seja, apesar do resultado deste ano ser melhor do que o previsto a dívida pública continua a subir e o peso financeiro dos juros da dívida é cada vez maior, ou seja, só quando as despesas do Estado forem menores que as receitas - inexistência de défice orçamental - é que este peso pode diminuir. O esforço de contenção das despesas do Estado é, inevitavelmente, para continuar...

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segunda-feira, março 19, 2007

1048. Para um destinatário identificado...

Nighthawks, Edward Hopper

... feliz dia do pai. E, como sempre, obrigado por seres como és.

1047. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (6): O vídeo da "dança" do saco de plástico em American Beauty (Beleza Americana)




"It was one of those days where it's a minute away from snowing and there was this electricity in the air. You can almost hear it. Right? And this bag was just dancing with me, like a little kid begging me to play with it, for 15 minutes. That´s the day i realized that there was this entire life behind things and this incredibly benevolent force that wanted me to know that there was no reason to be afraid... ever. Video's a poor excuse, i know, but it helps me remember, i need to remember, sometimes there's so much... beauty in the world. I feel like i can't take it and my heart is just going to cave in."

Ricky Fitts (Wes Bentley) em American Beauty (Beleza Americana), de Sam Mendes com argumento de Alan Ball


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domingo, março 18, 2007

1046. A Morte do Capitão América (4)



Relembro que o Capitão América, bastião moral da América e defensor dos seus valores, morreu, como um traidor, por ser incapaz de defender uma lei similar ao Patriot Act e por defender que políticas de restrição de liberdade dos cidadãos não são o espírito da América. Morreu antes de ser julgado pelo Governo dos E.U.A..

Será que os E.U.A. - pela voz dos seus artistas e cidadãos - estão a questionar o seu próprio papel na defesa dos direitos humanos, da liberdade e da democracia? Será que a morte do Capitão América é motivada pela sensação generalizada de que a América já não tem heróis? Ou devemos, simplesmente, reduzir a sua morte ao que realmente é, ou seja, a uma bem montada estratégia de Marketing - que vai ser curta porque o Capitão América há-de ressuscitar - que impulsiona as vendas dum álbum de Banda Desenhada o que, ironicamente, representa o espírito empreendedor da América?

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1045. A Morte do Capitão América (3)



Passatempo do dia: Descubra as sete diferenças entre as duas imagens

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1044. A Morte do Capitão América (2)



Será que o Capitão América é um ícone político? Será que a sua morte, provocada pela sua oposição às políticas de restrição de liberdade dos cidadãos, é um facto político? Será que os E.U.A. precisam, mais do que nunca, do Capitão América?


"What I found is that all the really hard-core left-wing fans want Cap to be standing out on and giving speeches on the street corner against the George W. Bush administration, and all the really right-wing fans all want him to be over in the streets of Baghdad, punching out Saddam Hussein."

Ed Brubaker, actual escritor de Captain America


"It's a hell of a time for him to go. We really need him now."

Joe Simon, co-criador da personagem

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sábado, março 17, 2007

1043. A Morte do Capitão América


A Marvel Comics, editora de álbuns de Banda Desenhada de super-heróis como os X-Men, Homem-Aranha ou Hulk, decidiu matar o Capitão América. Este "acontecimento" foi notícia na CNN e até foi alvo do humor satírico de Stephen Colbert e, agora, o que é ainda mais relevante, é notícia neste espaço.

Como, no universo dos super-heróis, provavelmente inspirados pelas lendas católicas, todos os que morrem acabam por ressuscitar vou deixar um conselho, se me é permitido, aos editores da Marvel. Quando o ressuscitarem tentem mudar o uniforme. É que, não sei, parece um pouco, sei lá, piroso, tipo, piroso no pior sentido, vamos a ver se me explico, é uma pirosice nacionalista. Estão a ver o que quero dizer? Bem, se não perceberam deixem estar...

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sexta-feira, março 16, 2007

1042. O fim do "Aluguer dos Contadores"

Por iniciativa do Governo foi aprovada uma proposta que "proíbe a cobrança de alugueres de contadores de água, electricidade e gás". Este tipo de medidas deixa-me sempre desconfiado, partindo do princípio que entendi bem a proposta, ou seja, que vai eliminar, em muitos serviços, a componente fixa do pagamento.

O problema começa na designação. É ridículo chamar à componente fixa do pagamento destes serviços de aluguer de contador. Se fosse só isso estava de acordo. Mas, pelo que julgo saber, a componente fixa refere-se marginalmente ao contador e visa fazer face aos custos de capital e de manutenção da rede. Se um cidadão contrata um serviço, por exemplo, para duas casas e uma delas for a residência habitual e outra a de férias há um investimento por parte da empresa que fornece o serviço na instalação e manutenção dessa ligação. Se o tal cidadão praticamente não utiliza a segunda casa é natural que pague a componente fixa e que a componente variável (a tarifa) seja reduzida. Com esta medida a distribuição dos custos de investimento e manutenção vai ser mais injusta porque o tal cidadão quase não vai ter custos com a segunda casa apesar de ter optado por usufruir de uma ligação à rede.

Como diria João César das Neves não há "almoços grátis". Alguém vai ter que pagar a factura do investimento e da manutenção e parece que esse ónus vai ter que "cair" na componente variável (tarifa). Deste modo duvido da utilidade e justiça desta medida, a menos que o que o Governo esteja a propor seja apenas uma mudança da denominação e que a componente fixa mantém-se e só desaparece o que se refere à cobrança do aluguer (que é marginal). De qualquer forma fica aqui a minha posição global independentemente de ter interpretado bem a medida.

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1041. O Segundo Ciclo do Mandato do Governo


Há um muro virtual que separa a primeira parte do mandato com a segunda do Governo Sócrates. Muitos analistas políticos salientaram que as grandes reformas deste Governo iam ser feitas até ao fim deste semestre porque depois vem a Presidência Portuguesa da União Europeia e a inevitável aproximação de eleições legislativas. O balanço "reformista" deste Governo fica aquém do que esperava, a ser válida a previsão do que vai ser o segundo ciclo deste mandato.

Dizer que o balanço é insuficiente não é o mesmo que afirmar que não foram feitas reformas ou que estas não caminham num sentido, que vou chamar de, pelo menos, inevitável. Houve alguns sinais positivos na economia (apesar de cada vez mais a economia ser uma responsabilidade do sector privado), nas finanças públicas, na racionalização das despesas da acumulação de cargos ou de reforma com cargos públicos, na racionalização do investimento, na política do medicamento, na política ambiental e energética, na regulação do sector bancário, na área tecnológica, na simplificação fiscal e de procedimentos (como na criação de empresas) e na justiça. Mas houve, também, reformas insuficientes ou adiadas como a da educação, como a da liberalização do sector empresarial do Estado, ou no incentivo à concorrência em alguns sectores, ou na regulação mais ágil e influente, ou na área fiscal (que ainda necessita de um grande esforço de simplificação e reorientação), como no combate à burocracia e à corrupção, como nas políticas sociais e regionais mais adaptadas ao presente, e, principalmente, na mãe de todas as reformas, a da função pública. Depois há reformas confusas, com avanços e recuos, como a das urgências ou a da segurança.

Um sinal de insatisfação quanto às expectativas para o segundo ciclo do mandato é o aviso do Presidente da República. Por experiência própria, Cavaco Silva sabe que a Presidência da União Europeia coloca sérias dificuldades à resolução dos problemas internos e, por isso, e bem, avisou da necessidade de não descurar os problemas internos. Outra jogada de antecipação política para este segundo ciclo foi feita pelo líder da oposição. Marques Mendes refere a necessidade de haver uma diminuição da taxa do IVA e do IRC. Chamo esta proposta de antecipação porque é provável que o Governo a faça mas quer adiar o mais possível - para vésperas das legislativas - para não comprometer a consolidação orçamental e, ao mesmo tempo, obter vantagens eleitorais. Também acho que o esforço fiscal em Portugal deve diminuir mas não podemos esquecer que foi uma política de redução de taxas, num país com um sector privado pouco dinâmico e cuja correlação entre investimento privado e esforço fiscal é discutível, e em contra-ciclo, que levou as finanças públicas a uma situação difícil (Pina Moura no segundo mandato de António Guterres - relembro que a crise foi de receitas e não de descontrolo dos custos). É importante que a consolidação orçamental seja feita com seriedade e só quando atingirmos um défice próximo do zero com um ciclo de crescimento económico é que é útil um desagravamento fiscal, ou seja, se for feito muito cedo pode ter o efeito contrário ao desejado. Em suma é importante pressionar o Governo a não adiar as mudanças que nos tornem mais competitivos e que a Presidência da União Europeia e o ciclo eleitoral não adiem, mais uma vez, o regresso à convergência de crescimento e desenvolvimento em relação à média dos países da União Europeia.

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quinta-feira, março 15, 2007

1040. Em Guantanamo


"Em Guantanamo
Sheikh Mohammed assume planeamento do 11 de Setembro"

Sol, 15 de Março de 2007



Não sei porquê, até porque acredito que Sheikh Mohammed seja culpado dos crimes que confessou, mas quando leio qualquer artigo sobre confissões em Guantanamo só me vem à memória a Inquisição Espanhola.

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1039. Os Sindicatos e a Administração Pública

Os sindicatos queixam-se que o Governo não colabora nem ouve as suas propostas. São capazes de ter razão e, da minha parte, lamento não ser possível alcançar um pacto entre Governo e sindicatos para a Reforma da Administração Pública. Mas, para ser sincero, acho que não há condições para isso. Mesmo quando a suposta reforma é apenas 5% do que é necessário - não necessariamente no bom sentido - as ondas de ruído impedem qualquer acordo. Talvez a desconfiança seja mútua e fundada mas não há, na prática, condições para um pacto.

Os sindicatos da Administração Pública também são, e em grande medida, responsáveis pela situação actual da Função Pública. Porque é que, até hoje, os sindicatos não tentaram concentrar as suas energias em formas de melhorar a produtividade dos seus membros - até porque só assim estes vão poder exigir mais contrapartidas - ou em formas eficazes de fiscalizar o trabalho dos seus membros para promover a exigência no local de trabalho ou até porque nunca combateram - pelo contrário, até as promoveram - certas regalias dadas aos funcionários públicos que, a prazo, sabiam que iam colocar a própria Função Pública em cheque (promoções automáticas, contratos colectivos de trabalho com mais dias de férias e menos horas de trabalho do que no sector privado, e por aí fora)? Ou porque é que nunca promoveram a flexibilidade sugerindo a redução de carreiras? E por aí fora. Pode parecer ridículo que seja o sindicato a recusar melhores condições para os seus membros mas toda a organização tem que ser realista e olhar para o futuro e, neste caso, olhar para o futuro com realismo implicava exigir condições de trabalho e prémios de produtividade mas nunca exigir e aceitar outras regalias em troca das primeiras, medidas essas que só fragilizam os seus membros no médio prazo e que em nada contribuem para que o sector seja respeitado e que seja eficiente (nos custos e na qualidade do serviço prestado).

Os sindicatos preferiram, isso sim, o facilitismo do curto prazo, assim como os vários Governos que com eles negociaram, ao criarem contratos de trabalho colectivos com 35 horas de trabalho semanais (em vez das 40 do sector privado) ou com o direito a férias entre 25 a 30 dias úteis (em vez dos 22 a 25). Agora, obviamente, temos um problema. Como equiparar os sectores sem prejudicar os direitos adquiridos no passado? Segundo os sindicatos parece que a única solução é a mesma que o nosso actual Presidente sugeria, ou seja, esperar que os funcionários públicos morram.

Os sindicatos comportam-se, especificidades legais à parte, como corporações. Uma corporação tenta, legitimamente, proteger os seus membros mesmo que para isso crie entraves para o resto da economia. Parecem-se, paradoxalmente, e com a devida diferença, com a Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas que, com a justificação que havia muitos técnicos de má qualidade, convenceram o Governo a criar regras rígidas de admissão que, na prática, só impedem a entrada de concorrentes aos actuais maus técnicos.

O discurso dos sindicatos, em Portugal, na Função Pública, é linear,concretizando, está tudo bem ou dentro da média europeia (no que interessa referir) e o que está mal a culpa é das chefias ou dos Governos. Compreendo que este tenha que ser o discurso corporativista mas há falta de visão nos nossos sindicalistas porque ainda não perceberam que a força destes mede-se pela força que os seus membros vão ter no futuro e estes, por sua vez, só vão ter força se forem essenciais e produtivos porque só assim é que vão ter peso negocial. Mas não. O trajecto escolhido foi outro, concretizando, durante anos trocaram questões essenciais por mais um dia de férias ou menos uma hora de trabalho por dia. E agora? Agora correm o risco de não conseguirem nem o essencial nem o acessório mas, por outro lado, parece que podem estar descansados porque este Governo prefere retocar o acessório e não mexer no essencial, mantendo o inevitável rumo de degradação das condições de trabalho na Função Pública. E a história acaba bem para todos... ou talvez não...

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sábado, março 10, 2007

1038. Ainda sobre a (não) Reforma da Administração Pública

Ainda sobre a questão da Reforma da Administração Pública, questão que já deu para ver que é polémica, e que eu acho uma não-reforma, o Raio acrescentou à discussão um ponto a ter em conta. Admitindo que existem maus funcionários e que a rescisão é um instrumento importante para minimizar a percentagem de funcionários que não cumprem as suas funções então como, num quadro duma relação laboral mais liberal, evitar que a alternância democrática - mudança do partido no poder e consequente voragem de "boys" para empregar - provoque o fim da "independência técnica dos funcionários" como já acontece actualmente "a nível de Director e Sub-director Geral"?

É um problema importante que ainda coloca mais a necessidade de reformar os sistemas de avaliação com rigor e cuidado, assim como os critérios e a fiscalização dos concursos públicos. Não acho que a função pública, com esta não-reforma, vá mudar significativamente - continuo a achar que a montanha pariu um rato - mas no caso de estar enganado, e espero estar, é mais uma questão para ter em conta...

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sexta-feira, março 09, 2007

1037. Manipular a informação?


A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) vai instaurar um procedimento contra-ordenacional contra a TVI "pela transmissão do vídeo completo do enforcamento de Saddam Hussein" e contra a SIC pela transmissão do vídeo oficial do enforcamento. A ERC parece que quer ser a guardiã do que pode e não pode ser notícia ao afirmar que as imagens do vídeo completo são "desnecessárias do ponto de vista informativo" e, apesar de não achar o vídeo oficial (o que a SIC transmitiu") desnecessário acha que a estação tem que advertir os seus telespectadores que vai transmitir imagens violentas. Congratula ainda a RTP e a SIC por não transmitirem o vídeo integral.

Este tipo de interferência nos limites da informação são, no mínimo, uma questão polémica. Não tenho nada contra a obrigação da advertência da transmissão de imagens violentas mas regular sobre o conteúdo da informação parece-me que sai das competências do que é a regulação. Será que devemos deixar nas mãos duma entidade a escolha do que é necessário do ponto de vista informativo? Será que o vídeo oficial é que é informação? No limite o vídeo oficial até pode ter características mais graves porque edita imagens enquanto que o vídeo completo mostra, cruamente, imagens que devem ficar à reflexão do telespectador.

Mas esta é a minha opinião e há-de haver múltiplas visões do que deve ser informação e, mesmo por isso, é através da diferenciação do modo em que a informação é-nos oferecida que vamos atingir um patamar mais razoável de imparcialidade. É curioso que a ERC prefira a manipulação das imagens, ou seja, a informação colocada ao serviço duma agenda política em relação a imagens mais cruas deixadas à interpretação livre que, no fundo, também servem uma agenda política mas que, em confronto, como é recomendado, servem melhor o rigor informativo. Espero que a ERC corrija a mão e não volte a dar este péssimo exemplo de regulação.

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quinta-feira, março 08, 2007

1036. A montanha pariu um rato

A reforma da Administração Pública, tendo em conta o que consegui perceber dela, é uma verdadeira nulidade. Mais, é não perceber que não se vai resolver o problema não mudando o essencial e, ao mesmo tempo, mesmo sem mudar o essencial, conseguiu-se degradar ainda mais a motivação dos funcionários públicos. Um verdadeiro desastre.

Mas o que é ainda mais inacreditável é a reacção injustificável que jornais, comentadores e pessoas "anónimas" têm em relação à palavra "despedimento", mesmo quando a montanha só pariu um rato. Tanto barulho, tanta resistência... por tão pouco ou até por nada.

Em todas as empresas, em todas as repartições, em todo o lado, há bons e maus funcionários. Nem sempre a organização consegue separar estas águas com clareza e por isso há regras e direitos mas isso não muda o essencial, ou seja, repito, sublinho, em todo o lado há bons e maus funcionários. Mas parece que quem entra na função pública ou nunca mais vai ser um mau funcionário ou se realmente há maus funcionários se e só se estes cometerem um crime equiparado ao de traição nacional é que podem ser - novamente a palavra demoníaca - despedidos. E o Governo, no essencial, não vai mudar nada. Para haver uma rescisão continua a ser necessário um processo moroso e desgastante com as mesmas regras que só permitiram, segundo este artigo, dois despedimentos em 30 anos, ou seja, se a comissão disciplinar "apurar que porventura deveres profissionais foram violados de forma grave, reiterada e culposa". Uns queixam-se de liberalização do despedimento, eu queixo-me que nada muda.

Mas o Governo ainda fez pior. Em vez de criar condições para um Estado mais flexível mantém os tais bons e maus funcionários na folha de ordenado e, depois, cria mecanismos de reformulação das carreiras que não mudam nada, com a excepção dos funcionários poderem ser colocados numa posição inferior relativamente ao actual posicionamento na carreira. Uma medida de conflito - que vai criar desmotivação - sem sentido. Um mau funcionário não vai deixar de o ser numa posição inferior nem pode ser através do desgaste do trabalhador que se vai chegar à flexibilização no sector público.

Não me venham, por favor, explicar que o desemprego é um drama porque eu sei que é. É um drama para quem é despedido na mesma medida que é um drama para quem não consegue entrar no mercado de trabalho, apesar de poder oferecer valor acrescentado, porque quem lá está, independentemente da sua mais-valia e auto-exigência, não pode sair a menos que cometa uma infracção de tal modo grave que, pela definição, é equivalente a um crime. Pensar que não despedir é mais humano é uma falácia porque gera duas distorções: impede que alguém que cumpra melhor essa função entre; e cria ineficiência que, por sua vez, dificulta o ritmo de criação de novos postos de trabalho. Mesmo os que agora entram na função pública vão, pelos vistos, e mantendo-se tudo como está, ter a garantia que, após o período de experiência, podem relaxar e trabalhar sem exigência porque ninguém pode tirá-los da cadeira. É a vitória da mediocridade.

Mas não pensem que eu não compreendo o drama de muitos funcionários públicos que só são "maus" - agora entre aspas - porque a gestão é péssima, porque não têm condições de trabalho, porque não há organização, em suma, porque desmotivaram. Mas não mudar nada é o convite para que a gestão e as condições de trabalho sejam cada vez piores.

Mais uma vez o Governo não tem coragem de enfrentar o problema e injecta paliativos e, mais uma vez, o país real reage com o conservadorismo de sempre, ou seja, mesmo quando o que se tenta mudar mal sai da casa de partida o ruído é ensurdecedor. E depois muitos não percebem como se chegou à situação actual...

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quarta-feira, março 07, 2007

1035. O Inominável

E aí está - na rede mundial - O Inominável que marca o regresso do Bruno Gonçalves à esfera dos blogues individuais. O Bruno, convém referir, e isto é um facto, foi alvo de uma lavagem cerebral em algum momento da sua vida e está convertido ao liberalismo mas, mesmo assim, é preciso respeitar as opiniões daqueles que foram vítimas de um culto maléfico. Este liberal e católico é também, provavelmente mais pela segunda razão do que pela primeira, um admirador de Alberto João Jardim o que mostra bem o estado de degradação a que chegou a sua capacidade de raciocínio. E, no fundo, também sei que já não tem coração, às vezes não sei se continua a ser humano. Mas é convicto e, apesar de haver quem afirme que essa característica é comum entre os loucos, eu sei que é capaz, com simpatia e coerência, de fazer a diferença no às vezes pobre panorama da discussão ideológica e política. Um dia, quem sabe, vai atingir a cura, apesar de não acreditar nisso, mas, mesmo que não a consiga alcançar, vou estar a acompanhar o seu pensamento porque a sua escrita, apesar de escorregadia em alguns temas, é pertinente e, repito, faz toda a diferença.

O Bruno, ex-Bodegas, ex-colaborador da Dia D, colaborador da Revista Atlântico propõe-nos um novo blogue, com aparência elegante e minimalista, onde concerteza vai continuar a defender os seus princípios - enfim... - de forma certeira - do ponto de vista do tal culto maléfico - e com a capacidade de síntese que possui. Boa viagem...

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terça-feira, março 06, 2007

1034. Análise política, económica e financeira da Região Autónoma da Madeira (3): O e(E)stado da expressão

Será que o custo da ultra-periferia é viver refém do Estado? Basta pensar que num contexto em que a actividade económica depende do Estado para ultrapassar as distorções da concorrência provocada pela localização geográfica que a crítica a esse mesmo Estado pode afectar a saúde financeira do indivíduo. E se, para além da ultra-periferia, esse mesmo Estado concentrar em si toda a responsabilidade do desenvolvimento - quer através dos gastos públicos quer através do seu duplo peso de fornecedor e cliente duma grande parcela da actividade económica - e transformar a região no Estado ou o Estado na região então há ou não há constrangimentos adicionais para contornar o pensamento único?

Se à inevitabilidade de constatar que a Madeira é um meio pequeno juntarmos a inexistência de alternância democrática então não será também inevitável que haja um ambiente em que o unanimismo e o seguidismo são leis? Se o Estado é o centro de toda a economia, se é esse mesmo Estado que gera a grande maioria dos empregos (mesmo os indirectos), se é o Estado que colocou nas mãos dos gastos públicos a responsabilidade do desenvolvimento e se esse Estado está sempre identificado com as mesmas pessoas então que tipo de liberdade de expressão é possível alcançar numa região com estas características? A resposta é simples, ou seja, a liberdade vai ser proporcional àquela que o próprio Estado quiser dar.

Tudo isto para fundamentar que não é fácil ser oposição na Madeira porque ser oposição ao Estado é estar a lançar sinais que estamos também a ser oposição ao grande aglomerador de toda a vida económica da região. Não é por acaso que esse mesmo Estado - que se confunde com um partido ou será ao contrário? - pela voz do seu representante de sempre - alguém se lembra de quem o precedeu? - quando é criticado acusa os críticos de "traidores" ou de "colaboracionistas" com as forças estrangeiras que tentam diminuir esse mesmo Estado (ou pelo menos os seus gastos).

Não sei se é possível culpar o Estado pelo contexto ou se posso afirmar que o contexto foi moldado pelo Estado mas haverá uma real liberdade para expressar opiniões que choquem com a linha seguida pelo Estado que nunca sentiu o sopro de ar fresco que é a alternância? Sei, e isso reconheço, que a oposição é tolerada. Tolerada até ao ponto que o Estado - devia dizer Estado? - quer que seja. Essa tolerância vai ao ponto de proporcionar cargos a essa mesma oposição, de os domesticar no sentido do bem-comum. Não é fácil ser "traidor" - devia dizer oposição? - na Madeira. É certo que é o Estado - ou devia dizer Governo ou partido no poder? Ajudem-me... - que cria uma linha de pensamento - mas isso é normal - mas será o contexto que obriga que essa linha tenha que ser única ou é o Estado que assim o quis?

Será também inevitável que se misturem, num meio pequeno, políticos e empresários? Será que para se ser um temos que deixar de ser o outro? Dito de outra forma será sensato presumir que, numa região ultra-periférica, num meio pequeno, num meio dependente dos gastos públicos, haja o altruísmo de dar aos não alinhados o poder do desenvolvimento? Então não são esses mesmos, os não alinhados, que criticam o Estado? E não é esse Estado que promove o desenvolvimento? Será natural esse mesmo Estado não se rodear dos que acreditam nesse Estado? Tantas perguntas, meu Deus, e afinal, será que devo perder tempo a sonhar com um outro contexto? Ou devia dizer Estado? Ou Governo? ....

Continua...

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1033. Análise política, económica e financeira da Região Autónoma da Madeira (2): O Modelo de Desenvolvimento


Falar que a Região Autónoma da Madeira (RAM) deu um salto qualitativo nos últimos 30 anos é um lugar comum. É, acima de tudo, uma realidade indiscutível. As estradas, o aeroporto e até o acesso às condições básicas de higiene e conforto são um legado que Alberto João Jardim (AJJ) vai deixar na região. Até aqui a discussão é pacífica.

Mas AJJ não tem o toque de Midas. A obra não cai do céu nem é fruto da exclusiva vontade do homem. A gestão do financiamento de todas estas obras foi sendo feita, ao longo do tempo, com uma gestão inteligente do financiamento do Estado Central e com consecutivas negociações para perdoar os excessos dos gastos públicos da RAM. Esta visão do que é a Democracia Representativa só tem um revés, ou seja, nunca houve a preocupação de criar condições para que a RAM criasse riqueza que alimentasse esta voragem de construção. A Democracia Representativa foi interpretada de forma a que se reduzisse a um único critério de avaliação, ou seja, quanto mais financiamento fosse possível obter mais os representados tinham que agradecer aos representantes. O modelo esgotou, só podia ser esse o resultado...

Mas o tal modelo de desenvolvimento, baseado nos gastos públicos, também atingiu uma encruzilhada. Em vez de tentar dinamizar a economia privada da região o Estado tornou-se no centro nevrálgico de qualquer investimento na RAM. Passada a fase dos investimentos básicos (transportes e condições de vida) o Governo Regional da Madeira, para manter a economia da região, altamente dependente das obras públicas, iniciou um novo ciclo de construções que, pela sua dimensão e utilidade, lançaram a RAM para a situação actual: elevado endividamento e incapacidade do investimento público gerar externalidades positivas na economia. Veja-se alguns exemplos aqui, aqui, aqui e aqui (as ligações correspondem aos projectos concluídos, em construção e projectados das sociedades de desenvolvimento da Madeira, sociedades essas que vou explicar o que são abaixo).

Este novo ciclo de obras públicas incluí marinas, parques temáticos, museus, aquários, passeios marítimos, parques aquáticos, praias artificiais... e muitos destes feitos sem a devida garantia de viabilidade económica e o resultado é perverso, ou seja, muitos não pagam sequer os custos operacionais, não têm utilidade nem são utilizados, são um sugadouro de recursos públicos, não geram nem emprego nem riqueza e, além disso, têm contribuído para uma sistemática descaracterização da beleza natural da Madeira. O mais grave é que o Governo Regional, no limite do endividamento, optou por constituir quatro Sociedades de Desenvolvimento cujo accionista é o próprio Governo e que contorna o endividamento através da contratualização de empréstimos, muitos deles a bancos estrangeiros, com o aval do próprio Governo. Esta bola de neve de endividamento sem retorno esgotou o modelo de desenvolvimento baseado nos gastos públicos.

O dilema não acaba aqui. Para antecipar receitas para a construção desenfreada de obras públicas, único sustentáculo do crescimento da Madeira, logo vital para a sua economia, o Governo Regional fez uma concessão de alguns troços de via rápida a duas empresas, Via Litoral e Via Expresso, que têm como accionistas o próprio Governo, várias empresas de construção e alguns bancos. Este tipo de modelo de SCUT é diferente do modelo do continente porque não financia directamente futuras obras que vão ser o alvo da concessão porque são apenas uma outra forma de adquirir um empréstimo. A concessão da manutenção dos tais troços é precedida por um avultado montante - a tal antecipação que é outra forma de endividamento - pago pelas empresas ao Governo Regional e depois o mesmo Governo Regional, por 25 anos, paga um montante acima do valor real da manutenção e utilização (há quem diga que multiplicado várias vezes mas não tenho números). É curioso que essas empresas tenham capital público uma vez que o Estado paga por um serviço prestado pelo próprio Estado e por outras empresas.

É evidente que o futuro, neste contexto, é sombrio. Se uma economia baseia-se no emprego que o sector público gera directamente e no investimento público não é difícil de adivinhar o que vai acontecer quando esse mesmo sector público não conseguir continuar a gerar gastos públicos. Adivinha-se para a RAM, ironicamente, o mesmo que José Sócrates está a fazer, ou seja, uma drástica diminuição das regalias que o Estado é capaz de gerar. Mas com a agravante que, ao contrário do continente, a Madeira não ter praticamente iniciativa privada independente da orientação - e do subsídio - estatal. O futuro da Madeira impõe que se encontre um novo modelo de desenvolvimento e não preciso ser mago para adivinhar que AJJ, se for eleito, vai ter que fazer políticas muito parecidas às que tanto critica em Lisboa (parece que já encomendou uma PRACE ao mesmo autor da PRACE de Sócrates) e também não preciso ser mago para adivinhar que o sector privado vai ser crucial. Mas dado o desastre que é a situação financeira pública da região e a enorme dependência do sector privado em relação ao Governo Regional não me parece que a Madeira vá viver tempos fáceis. Mas, enfim, foi este o rumo que os madeirenses escolheram e agora resta arcarem com as consequências das suas escolhas.

Continua...

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segunda-feira, março 05, 2007

1032. Análise política, económica e financeira da Região Autónoma da Madeira (1): Introdução

R (...) Temos uma política de transporte marítimo que onera fortemente o frete e coloca os produtos aqui muito mais caros. O porto da Madeira é três vezes mais caro que a média dos portos de Espanha e cinco ou seis vezes que o porto dos Açores. Isto porque há um monopólio nos transportes marítimos que o Governo pôs nas mãos do grupo Sousa que tem também o exclusivo na ligação marítima Porto Santo - Madeira.

P Mas não reconhece que a Madeira se desenvolveu?

R É verdade que teve um grande crescimento, mas não de forma sustentada e sustentável. Se assim fosse não estaria a gerar desemprego a um ritmo alucinante, falências quase diárias e o Governo não estaria a braços com uma gigantesca dívida administrativa aos fornecedores. Grande parte das obras, algumas faraónicas, estão por pagar. E, além da dívida directa e indirecta há os avales concedidos a empresas criadas pelo Governo.

P Que empresas são essas?

R As quatro Sociedades de Desenvolvimento, que vão contrair dívidas à banca, com o aval da região para fazer obras na orla costeira - Marina do Lugar de Baixo, que não tem um barco atracado, campos de futebol, parques industriais às moscas -, sem qualquer retorno económico. Ou, por exemplo, a Via Litoral e a Via Expresso, duas empresas criadas para fazer a manutenção das vias rápidas e custam por ano ao orçamento mais de 10%, nos próximos 25 a 30 anos.

P Mas os madeirenses são beneficiados com essas obras.

R Não. O que está subjacente a este investimento público é uma fúria de betão armado e todos sabemos quem são os grandes empresários que estão à volta da estrutura partidária do poder. Têm feito fortunas à custa dos negócios do betão e do alcatrão.

P E quem são?

R Parlamentares, deputados e alguns dirigentes do PSD.

P Mas, quem são?

R Jaime Ramos é sócio, não sei em que percentagem, da maioria das empresas de construção, bem como Avelino Faria Agrela. Todos entram no negócio do betão e na compra de património. Não estou contra as grandes obras, mas grande parte delas não têm estudos de viabilidade económica. O União, clube de Jaime Ramos, tem 13 campos. São estas as prioridades? O Governo move-se em função desta teia de interesses que ele próprio alimentou e montou durante anos. O 'Jornal da Madeira', de Jaime Ramos, por exemplo, recebe anualmente um subsídio de cinco milhões de euros.

Jacinto Serrão, líder do PS/Madeira, em entrevista ao Expresso, 03 Março 2007


Esta entrevista do líder do PS/Madeira, Jacinto Serrão, personalidade política que não é da minha incondicional simpatia, aborda muitas das questões que já aqui abordei e que são, no mínimo, pertinentes e que necessitam de maior visibilidade. E este é um excelente ponto de partida para analisar o modelo de desenvolvimento da Madeira, a relação do poder com as empresas e a situação financeira da região.

Continua...

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1031. Parabéns a... Bragança

Os Olhos Azuis do Mar 2005


A autarquia de Bragança assinou um protocolo com a pintora Graça Morais para a construção de um Centro de Arte Contemporânea em Bragança - Centro Graça Morais. A pintora cede desenhos e pinturas e a inauguração está prevista para Setembro. Parabéns à autarquia pelo investimento e pelo bom gosto.


Pintura retirada do blogue Graça Morais

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domingo, março 04, 2007

1030. Cenas Memoráveis da Sétima Arte (5): A cena final de Lost in Translation



"Porque o mundo nos parece por vezes tão estranho ou porque, noutras alturas, nós próprios parecemos demasiado estranhos para o resto do mundo que nos rodeia. Porque as linhas que nos unem nem sempre são rectilíneas. Porque as imagens que são projectadas no grande ecrãn parecem ter sido "roubadas" da nossa própria vida. Porque quando os acordes dos Jesus And Mary Chain começaram a ecoar na sala de cinema, tudo se encaixou e tudo fez sentido."

[Sugestão do Nuno - Espaço Cinzento]


Desafio todos os leitores deste blogue a contribuírem para esta rubrica (Cenas Memoráveis da Sétima Arte). Pode ser uma cena ou um pormenor, seja técnico ou de representação, do vosso filme favorito ou de um outro qualquer filme que, por alguma razão, emocional ou técnica, vos marcou. Basta uma pequena descrição da cena ou um pequeno apontamento que justifique a escolha, o nome do filme e, eventualmente, o vosso apelido e blogue. O mail é, como sempre, filhodo25deabril [at] gmail.com.

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sexta-feira, março 02, 2007

1029. Aí vem Paulo Portas versão 7.0 ...

Metamorphosis of Narcissus, Salvador Dali

... e daqui a nada reaparece outro salvador da pátria, Santana Lopes versão 31.0

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