Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

sexta-feira, maio 24, 2013

1189. Palhaçada

Chamar o Presidente da República de palhaço e isso ser considerado um insulto é um insulto, isso sim, aos palhaços, que não devem de maneira alguma serem associados a algo pejorativo. O acto do visado enviar para análise da Procuradoria-Geral da República só pode ser, no sentido literal do termo, uma palhaçada, ou seja, dito ou acto próprio de palhaço ou uma cena ridícula e burlesca. E mais não digo porque parece que alguns defendem que usar a palavra palhaço na mesma frase que Presidente da República pode dar 3 anos de cadeia.

terça-feira, maio 21, 2013

1188. Escravos do Consumo - Parte II

A rever este texto, após ter consumido uns copos de vinho branco português. Sem qualquer tipo de peso na consciência (pelo menos hoje), bradando aos céus por ser um feliz consumidor.

sexta-feira, maio 17, 2013

1187. Being Pedro Passos Coelho


No filme Being John Malkovich (Queres ser John Malkovich?) as personagens conseguem "entrar na mente" do actor. Confesso que gostava de ter a oportunidade de entrar na mente de Pedro Passos Coelho. Gostava de conhecer as motivações (não as vou chamar propositadamente de convicções) que estão por detrás de tudo o que nos está a acontecer.


Gostaria de perceber o homem que representa a primeira geração de jotas no poder, que sempre viveu da política, preparado pelo seu mentor Ângelo Correia para o cargo que ocupa e que se rodeou de amigos que criaram uma rede de conhecimentos de ajuda mútua (sim, refiro-me aos famosos cursos contratados por Miguel Relvas e denunciados por Helena Roseta). Este homem chegou a Primeiro Ministro.

Recuemos às vésperas da queda do Governo Sócrates, que tornou-se de novo notícia do dia quando António Lobo Xavier confirmou ontem que o memorando da troika foi mais desejado por Pedro Passos Coelho do que pelos próprios dirigentes europeus (sem em nada desculpabilizar o PS pelo descrédito que viviamos). Pior, confirma que poderíamos ter tido um programa de ajuda menos formal (“A senhora Merkel não queria este aparato formal de memorandos com regras, promessas, compromissos e tudo medido à lupa”) e, ainda pior, que a troika foi vista por Pedro Passos Coelho como um “instrumento de correcção de um país que eles achavam que estava errado". E aqui é que ainda mais importa entrar na cabeça dum homem que deseja que um país seja corrigido à força, que force a mais liberal das visões do Estado que tenho conhecimento no mundo, que imponha o maior desmantelamento do Estado Social de que há memória. O mesmo homem que escolhe um catedrático que não demonstra o menor pingo de formação humanística para executar a sua visão e que se escuda numa solução extrema de salvação do país junto aos credores (o memorando da Troika). Confirma-se também que muitas das soluções propostas nasceram da vontade deste de as aplicar, não da imposição da Troika.

Estamos em Maio de 2013, o balanço é desolador (na estatistica e na generalidade da vida das pessoas), e continuo a não conseguir entrar na cabeça de Pedro Passos Coelho, continuo a não conseguir perceber o que o motiva, onde quer chegar. Só me parece que lhe repudia o mesmo país que permitiu que homens como ele cheguem a Primeiro Ministro, e que quer criar algo novo das cinzas. O que quer criar é que não sei, até porque não lhe enxergo as convicções que costumam revelar os trilhos que vamos caminhar. Não sei se um dia vou compreender o homem, mas já não lhe consigo dar o benefício da dúvida (e felizmente parece que o CDS também não).

P.S. Mesmo na maior das depressões, vê-se luzes de esperança. Uma agradável surpresa a aprovação da lei da co-adopção, que me parece equilibrada, e que só foi possível graças à convicção de uma minoria e da coragem de uma maioria de dar liberdade de voto às suas bancadas. Um toque humano num país dominado por tecnocratas. Haja esperança.