Filho do 25 de Abril

A montanha pariu um rato - A coerência colocada à prova - A execução de Saddam Hussein - O Nosso Fado - "Dois perigos ameaçam incessantemente o mundo: a desordem e a ordem" Paul Valéry, "Quando eu nasci, as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, só faltava uma coisa, salvar a humanidade", Almada Negreiros - "A mim já não me resta a menor esperança... tudo se move ao compasso do que encerra a pança...", Frida Kahlo

quarta-feira, março 27, 2013

1180. Sobre José Sócrates na RTP

Faço minhas as palavras duma amiga minha: "Ele tem direito à palavra e eu a dormir! Quando vi uma atitude tão familiar e da qual não tinha saudades nenhumas, desliguei..."

domingo, março 24, 2013

1179. O Regresso de Sócrates

Só me merece um comentário: prematuro. Todos têm o direito de (tentar) limpar a sua imagem, que eu até concordo que foi exageradamente "assassinada", mas nem esperar que a Troika acabe a sua tarefa de punição ao país só mostra que o nosso ex- Primeiro Ministro tem um ego desmesurado.

Todo este cenário é deveras deprimente, o PS vive dias de desnorte. Não só não se consegue descolar da herança de Sócrates como a cada dia este facilmente corroi a unidade interna. E depois chovem as críticas à RTP que, muito sinceramente, não fazem qualquer sentido. Primeiro poruqe quanto muito poderia-se criticar a RTP não por patrocinar o regresso do messias mas por ajudar o Governo a eternizar-se por falta de alternativa política e segundo porque a RTP deve funcionar (e há muito deveria ser) como um canal privado de televisão.

E muito mal anda um país quando o seu Governo respira ligado a máquinas graças ao completo descrédito do partido da oposição, que resolveu mostrar que está vivo gritando Censura, Moção de Censura. Grita mas descansa logo os líderes europeus, nada do essencial está em causa, são só uns gemidos para Zé Povinho ver.

domingo, março 03, 2013

1178. Manifestação de 02 de Março

Faço um ponto prévio. Considero que com justiça podemos estar todos de acordo, indepententemente da contabilidade da manifestação, é impossivel não associar a manifestação de ontem a uma enorme frustação nacional que se vive. Enquanto o Governo segue convicto que está a ter sucesso no que julga ser a sua missão, é preciso observar que factualmente desde a tomada de posse deste Governo: a carga fiscal agravou-se ainda mais (para níveis cujo retorno já é dúbio), que os salários desceram (a redução dos rendimentos nada tem de diferente no curto prazo do que o efeito do aumento da taxa de um imposto directo) e que os benefícios que a sociedade nos oferece de forma ampla regrediram de forma substancial.

É certo que a tendência já vinha de pelo menos uma década atrás, e que a herança foi pesada e castradora, mas sinceramente não é possivel ver neste mandato do Governo nada particularmente aproveitável. Mesmo que esta estratégia resultasse em melhoria do défice e dívida pública (que não consigo ver de forma cabal), nunca a poderia apoiar porque, no fundo, nada está a resolver, nada está a melhorar.

Particularmente chocam-me dois sinais: a forma como começamos a aceitar com naturalidade que há certos tratamentos e medicamentos que vamos ter acesso de forma limitada e conforme a disponibilidade financeira e a cobardia como tratamos quem já não pode reagir, como os reformados.

Posto isto, admito que há a percepção por parte do Executivo de uma fase II, a tal fase da redução real dos custos do Estado em 4 mil milhões. Não sou ideologicamente contra esse rumo, temos Estado a mais em muitas áreas (e bem a menos noutras) mas a grande questão é que o Estado seja eficiente nas suas funções, quer económicas quer sociais, e nesse aspecto não vejo razões para olhar para a frente com confiança. Interessa-me um Estado bem dimensionado capaz de executar as suas tarefas essenciais, e continuamos a ter e a antever um Estado mal distribuído, com tarefas que não são suas e incapaz de providenciar o que é de facto essencial. E é aqui que este Governo verdadeiramente falha (e que esta oposição também vai falhar), porque nem superficialmente vê-se capacidade técnica, visão e vontade de realmente tornar o Estado num factor de diferenciação positiva, só vejo a mais pura vontade de cortar onde se consegue, não onde se deve.